Em 11 de agosto de 1901, a nova capital de Minas Gerais passava a se chamar oficialmente Belo Horizonte – na grafia antiga, Bello Horisonte . Depois de longo período de polêmicas, disputas e sentimentos exacerbados que a mudança da sede do governo do estado, então em Ouro Preto, e o novo nome de batismo geraram nos meios políticos e no coração da população.
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A ver navios: como Minas comprou, mas não levou, seu pedaço de litoralPirulito da Praça Sete será iluminado de azul para luta contra tráfico de pessoasSotaque mineiro é ''preferência nacional', diz pesquisa de app de namoroSabia que o primeiro semáforo de BH está na Praça da Liberdade?Dez anos mais tarde, a propriedade se tornava Arraial do Curral del-Rei e, posteriormente (1714), Freguesia de Nossa Senhora da Boa Viagem do Curral del-Rei. Mas, logo em seguida à Proclamação da República (1889), quando João Pinheiro (1860-1908) presidia o estado, foi que surgiu pela primeira vez o nome Belo Horizonte, mais especificamente Arraial de Belo Horizonte.
Na sede do Arquivo Público da Cidade de Belo Horizonte (APCBH), vinculado à Fundação Municipal de Cultura (FMC) e com sede no Bairro Floresta, na Região Leste, há fotos, registros e plantas cadastrais que ampliam e jogam muita luz sobre as denominações da cidade.
Em 1890, já havia aqui um clube republicano. E assim, movido pelo novos ares, o grupo liderado pelo dono de terras José Carlos Vaz de Melo se reuniu com João Pinheiro e pediu a mudança do nome. Entre as sugestões para o arraial, Belo Horizonte e Novo Horizonte – e a primeira entrou em vigor pelo Decreto Estadual nº 36, de 12 de abril de 1890.
A nova capital mineira
A ideia de mudança da capital existia desde meados do século 19, sendo a região mais indicada o Vale do Rio das Velhas, em especial o Arraial Belo Horizonte, ex-Curral del-Rei. Outros lugares estavam no páreo, como Juiz de Fora, na Zona da Mata, Barbacena, na Região Central, e Várzea do Marçal, em São João del-Rei, no Campo das Vertentes.Leia mais: solenidade relembra a visita do Rei da Bélgica a BH em 1920
A cada dia, aumentava a expectativa dos mineiros e a rixa entre “mudancistas” e “antimudancistas”. No Legislativo, chamado de congresso mineiro, ocorreu uma verdadeira briga de foice, pois a transferência representava uma nova geopolítica do estado e nova relação de forças entre os grupos oligárquicos mineiros.
Toda a polêmica envolvendo a transferência da capital está presente no livro "Ciclones e Macaréus – O parlamento na história de Belo Horizonte", de Guilherme Nunes Avelar Neto. Com 928 páginas, a obra traz os debates inflamados envolvendo a questão, fotos e revela os bastidores da mudança da nova capital.
Em 1893, pela Lei nº 3, adicional à Constituição de 7 de setembro daquele ano, o Arraial de Belo Horizonte foi escolhido e, um ano depois, criou-se a Comissão Construtora da Nova Capital (CCNC), pelo Decreto nº 680, cuja chefia foi confiada ao engenheiro paraense Aarão Reis.
De Bello Horisonte a BH
Iniciou-se, então, a construção da nova capital de Minas. Curiosamente, a confusão de nomes perdurou por algum tempo. No APCBH, é possível ver a planta geral “da Cidade de Minas sobre a planta geodésica, topographica e cadastral de Bello Horisonte”. O dois nomes estão no mesmo papel.O documento, conforme mostra o chefe do Departamento de Tratamento, Pesquisas e Acesso, Rafael Rajão, é datado de 15 de abril de 1895. Já a Lei nº 302, de 1º de julho de 1901, que retornou com o nome de Belo Horizonte, e cujo original está no Arquivo Público Mineiro, vinculado à Secretaria de Estado da Cultura, foi sancionada pelo então presidente de Minas, Francisco Silviano de Almeida Brandão (1848-1902), na Cidade de Minas.
Arquivo Público Mineiro
Quem quiser conhecer mais sobre a história da capital deve fazer uma visita ao Arquivo Público da Cidade de Belo Horizonte (APCBH). A partir de sua implantação, em 1991, a exposição de seu acervo passou por diversos temas ligados ao cotidiano da instituição, como desafios enfrentados, relação com os cidadãos, preservação da memória da administração pública e da própria cidade.O arquivo desenvolveu trabalhos voltados para a preservação do patrimônio documental da capital, modernização da gestão de documentos na administração pública municipal, programas de educação patrimonial de vários setores e gerações da população, além de desenvolvimento e difusão do conhecimento científico sobre o município.