O temporal que atingiu e causou estragos em Belo Horizonte na noite desse sábado (2/10) ganhou contornos tragicômicos. Viralizou neste domingo (3/10) um vídeo que mostra um rato em cima de um colchão que flutuava em um trecho da cidade alagado. O ponto, no cruzamento da Avenida Prudente de Morais com a Rua Joaquim Murtinho, já foi palco, inclusive, de morte durante chuvas: em 2009, um casal de idosos morreu após o carro onde estava ser tomado pela água.
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As duas são funcionárias de uma clínica odontológica que funciona 24h. "Sem que chove em BH um pouco mais forte, essa região dá enchente. Ano passado foi até pior. Ali perto tem muito morador em situação de rua e, quando as funcionárias foram filmar para mostrar a situação pra mim, flagraram o rato em cima de um colchão de um desses moradores", relata à reportagem Jimmy Brito de Sá, dentista e proprietário da clínica.
"Eu já estava com raiva dessas enchentes, que sempre acontecem lá, e decidi compartilhar o vídeo. Acabou que viralizou", continua. "O mais engraçado é que as dentistas falaram com um sotaque bem mineiro. Ficou engraçado", complementa.
Assunto sério
A cena inusitada ilustra um problema crônico da cidade. O ponto no Bairro Cidade Jarim precisou ser parcialmente interditado para a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) realizar a limpeza hoje.
Na praça Marília de Dirceu, o que se via na manhã deste domingo eram cones, caçambas, fitas sinalizadoras e asfalto estourado, além de bueiros danificados e o lixo trazido pela enxurrada invadindo o local. O trânsito precisou ser parcialmente interditado.
O aguaceiro provocou alagamentos em outros locais de Belo Horizonte, e elevou o nível do Ribeirão do Onça, principalmente no Norte da cidade.
No geral, não houve grandes problemas quanto a retenções no trânsito. Em nota, a PBH informou que os locais já estão sendo vistoriados para verificar os danos e planejar as ações que forem necessárias para a recuperação.
Em 2020, aconteceu uma situação parecida nesta área. Ruas precisaram ser recapeadas após enchente que atingiu diferentes locais de BH.
Temporal
A chuva na capital nos dois primeiros dias de outubro já corresponde a 45% do total esperado para o mês inteiro, conforme informa a Defesa Civil. A intensidade maior foi na Região Noroeste, com 61 milímetros, na Pampulha, com 52,6 milímetros e na Região Centro-Sul, onde choveu no acumulado 42,5 milímetros.
Também de acordo com informações da Defesa Civil, no balanço da chuva que atingiu Belo Horizonte na noite de ontem, em três horas foram 14 milímetros (13,4% do esperado para todo o mês) no Barreiro, 7,2 milímetros na Região Centro-Sul (6,9%), na Região Leste 7,6 milímetros (7,3,1%), na Região Nordeste 14,6 milímetros (13,9%) e 17,6 milímetros na Região Oeste (16,8%).
Os maiores volumes aferidos foram em Venda Nova (27 milímetros, 25,8%), na Pampulha (47,4 milímetros, 45,3%) e na Região Noroeste (47,6 milímetros, 45,5%).
Vem mais por aí?
A Defesa Civil chama a atenção para a possibilidade de pancadas de chuva (entre 20 milímetros e 40 milímetros), com raios e rajadas de vento em torno de 50 quilômetros por hora, até às 8h da manhã dessa segunda-feira (4/10).
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), no apanhado para a semana, até a próxima sexta-feira (8/10), em Belo Horizonte e região, a previsão é de céu parcialmente nublado com possibilidade de pancadas de chuva entre o fim da tarde e à noite, e calor, com temperaturas variando entre 18º e 33º. A umidade relativa do ar deve ficar na casa dos 35%, índice considerado normal.
Também pode haver registro de rajadas de vento entre 40 e 50 quilômetros por hora e raios. A massa de ar seco que vinha atuando na cidade e proximidades, e dificultava a formação de nuvens de chuva, perdeu força e deu lugar a uma massa de ar quente e úmido. O Inmet explica que a combinação entre as altas temperaturas com a umidade provoca as pancadas de chuva típicas da primavera.
Devido à tendência de novas chuvas nos próximos dias, existe a possibilidade de risco geológico moderado nas regionais Pampulha e Noroeste até sexta-feira (8/10), conforme outro alerta emitido pela Defesa Civil.
- Redobre a sua atenção. Evite áreas de inundação e não trafegue em ruas sujeitas a alagamentos ou perto de córregos e ribeirões nos momentos de forte chuva
- Não atravesse ruas alagadas nem deixe crianças brincando nas enxurradas e próximo a córregos
- Não se abrigue nem estacione veículos debaixo de árvores
- Atenção especial para áreas de encostas e morros
- Nunca se aproxime de cabos elétricos rompidos. Ligue imediatamente para CEMIG (116) ou Defesa Civil (199)
- Se notar rachaduras nas paredes das casas ou o surgimento de fendas, depressões ou minas d'água no terreno, avise imediatamente a Defesa Civil
- Trinca nas paredes
- Água empoçando no quintal
- Portas e janelas emperrando
- Rachaduras no solo
- Água minando da base do barranco
- Inclinação de poste ou árvores