Jornal Estado de Minas

GOLPE DO FALSO DEPÓSITO

Operação Stranger combate estelionato em sites de compra e venda em MG e SP

A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), com o apoio da Polícia Civil de São Paulo (PCSP), realizou a operação Stranger com o objetivo de combater o crime de estelionato em sites de compra e venda de produtos. 

 

 


Durante a operação, feita na quarta-feira (29/9), foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão, sendo dois na capital paulista, um em Guarulhos e outro em São Bernardo. Quatro homens foram presos em flagrante. O resultado dos trabalhos foi apresentado, na manhã desta quarta-feira (6/10).





Investigação após ocorrência 


O trabalho investigativo, feito pela 4ª Delegacia de Polícia Civil Centro em Belo Horizonte, começou a partir da notícia de uma vítima que ofereceu sua cadeira de rodas eletrônica em um site de vendas e teve uma proposta de compra no valor de R$ 7,5 mil.

A delegada Ana Paula Gontijo, que conduz a investigação, revelou como os suspeitos agiram. 

“Toda a negociação foi realizada via aplicativo de conversa, meio pelo qual foi enviado à vítima um comprovante falso de pagamento e, logo em seguida, um motorista de aplicativo apareceu na casa da vítima para a retirada do bem. Passado um tempo da entrega, a vítima percebeu o golpe, vez que não havia nenhum depósito.”

Segundo a delegada, após o registro da ocorrência, a equipe de investigadores, por meio de um trabalho de inteligência, chegou a outras vítimas, em um total de 10 até o momento. 

“A partir dessas informações, fizemos cruzamento de dados, rastreamento, inclusive de motorista de aplicativos, análise de imagens de monitoramento de vias públicas, e chegamos à conclusão de que havia quatro suspeitos, todos residentes em São Paulo, que estavam em Belo Horizonte para aplicar esse golpe. Os crimes começaram em agosto de 2020 e temos levantamento de vítimas até novembro de 2020”, informou.





Ainda de acordo com a delegada, com as informações de que os suspeitos atuavam no estado paulista, foi feito contato com a Polícia Civil do estado. 

“Em conjunto com a Polícia Civil de São Paulo, conseguimos levantar quatro locais que poderíamos encontrar os objetos fruto dessa ação delituosa, assim como alguns dos autores.”


Mandados de busca e apreensão 


Com o apoio do Garra e da 2ª Delegacia de Capturas de São Paulo, foram cumpridos os quatro mandados de busca e apreensão. 
 
“Em um dos imóveis alvo, foram encontrados cédulas falsas no valor de R$ 2, R$ 5, R$ 10 e R$ 20 e também todo o equipamento para confecção dessas notas. Mas os suspeitos que estavam nesses locais não eram os mesmos que vieram para Belo Horizonte, ajudar o cadeirante (suspeito) com esses golpes.”

Em um desses locais, os policiais civis perceberam que morava um cadeirante de fato. Além disso, havia sinais de que ele teria deixado o lugar recentemente. 

"Identificamos o rastro da cadeira de rodas e conseguimos localizá-lo no apartamento do vizinho”, disse a delegada. 





"Ele mantinha o casal de vizinhos sob ameaça, alegando ser de uma facção criminosa paulista e obrigado os moradores a conceder guarida. Ou seja, sob ameaça, ele manteve esses vizinhos em cárcere privado. E nessa tentativa de fuga ele contou com a ajuda de um outro suspeito, que também não está envolvido com os casos de estelionato ocorridos em BH”, revelou Ana Paula.

Ao todo, quatro suspeitos foram presos: três por moeda falsa e dois por cárcere privado. O cadeirante responde pelos dois crimes, uma vez que em sua casa foram encontradas notas falsas.

Durante a operação, foram recuperados a cadeira de rodas e um videogame que serão devolvidos às vítimas. De acordo com a PCMG, as investigações continuam para identificar os outros suspeitos de atuarem com o cadeirante nos crimes praticados na capital mineira.

Importância do registro de ocorrência na investigação


Segundo a delegada, o registro de ocorrência é fundamental para o êxito da investigação.

“Sempre friso a importância de as vítimas comunicarem o fato e fazerem o registro da ocorrência na Polícia Civil para que a gente consiga, com o cruzamento de informações, obter dados acerca de uma associação criminosa e ter meios para conseguir rastrear os produtos que elas perderam”, ressaltou.

Já a delegada da Regional Centro, Danielle Altaf, ainda acrescenta que “no crime de estelionato, de acordo com a legislação atual, a vítima precisa fazer a representação criminal para o início da investigação. Não basta apenas a notícia do crime, o registro de ocorrência. A vítima tem que formalizar essa representação”, concluiu.
 
* Estagiária sob supervisão da subeditora Ellen Cristie. 




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