A policial mineira Ana Rosa Campos, da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher de Manhuaçu, é finalista de dois prêmios de expressão nacional no meio judiciário do Brasil: Prêmio Patrícia Acioli e Prêmio Innovare. A escrivã foi a criadora da atendente virtual "FRIDA", canal direto entre as vítimas de violência doméstica e a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) da Polícia Civil.
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Mulheres de Ipatinga já podem usar a Frida contra a violência doméstica'Frida' e 'Fabri Mulher': aplicativos ajudam mulheres a denunciar agressores 'FRIDA' conquista Prêmio Inova por defender mulheres vítima de violênciaAtendente virtual contra violência doméstica, 'Chame a Frida' vence prêmioEngenheira da UFOP cria garrafa que filtra água e concorre a prêmio mundial'Chame a Frida' tem sinal verde e pode ser adotada nas delegacias de MinasPromovido pelo Instituto Innovare, o prêmio tem na sua Comissão Julgadora ministros do STF, STJ, TST, desembargadores, promotores, juízes, defensores, advogados e outros profissionais de destaque interessados em contribuir para o desenvolvimento do nosso Poder Judiciário.
O outro prêmio que colocou Ana Rosa como finalista é o Prêmio Patrícia Acioli, promovido pela Associação dos Magistrados do Estado do Rio de Janeiro. Este prêmio foi criado em 2012 e celebra a memória da juíza Patrícia Acioli, assassinada por milicianos em 2011, na capital fluminense.
“Esses prêmios são a coroação de um trabalho que acredito muito e de uma causa que eu dedico a minha vida. Ser finalista de prêmios tão importantes me enchem de alegria. Para mim, esses prêmios são das meninas e mulheres que confiam em mim", diz a policial mineira.
"O maior prêmio, na verdade, é saber que estou conseguindo ajudar muitas mulheres a romperem com relacionamentos abusivos”, complementa Ana Rosa.
A importância da “FRIDA”
A atendente virtual "FRIDA", criada por Ana Rosa, presta atendimento às mulheres por meio de um “chatbot” programado no WhatsApp, que acolhe a denúncia, esclarece dúvidas, faz uma avaliação preliminar do risco e aciona a polícia em situações de flagrante, inclusive enviando uma viatura, quando a vítima não consegue acionar o 190.
A “FRIDA” evita deslocamentos desnecessários até a delegacia e é inclusiva, porque recebe solicitações também por áudio (em casos de vítimas analfabetas). Desde a implantação, o atendimento vem gerando resultados positivos, comprovados em estatísticas da Delegacia de Polícia Civil de Manhuaçu.
“Na comarca de Manhuaçu, cidade que recebeu a “FRIDA” como projeto piloto, conseguimos um marco histórico: estamos há quase 2 anos sem feminicídio”, explica Ana Rosa. Ela também comenta que, no Brasil, os números de casos de violência doméstica amentaram consideravelmente, mas na comarca de Manhuaçu, ao contrário, diminuíram.
“E isso é resultado do trabalho, do projeto “FRIDA” e do apoio que recebemos da Polícia Militar, do Ministério Público e do judiciário, e de toda a rede de proteção. É possível fazer um bom trabalho e salvar vidas. Nossa comarca tem população estimada em quase 150 mil pessoas. Manter toda essa área sob controle, ajudando a impedir crimes violentos contra as mulheres, é um desafio e tanto”, afirma a policial finalista.
Ana Rosa criou a "FRIDA" motivada pela imagem forte do quadro pintado por Frida Kahlo, em 1935, intitulado “Unos Cuantos Piquetitos”, onde um corpo nu de uma mulher, golpeado por 20 facadas, e completamente ensanguentado em cima de uma cama, revela situações cotidianas que envolvem os muitos feminicídios praticados atualmente.
O resultado final do Prêmio Innovare será anunciado em cerimônia no dia 7 de dezembro, no Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília, DF. Os vencedores do Prêmio Patrícia Acioli serão conhecidos antes, em 8 de novembro, na cerimônia de premiação, no Rio de Janeiro.