Um imóvel de luxo, localizado no Bairro Buritis, Região Oeste de Belo Horizonte, era usado, sem levantar suspeitas, para o cometimento de crimes, especificamente “o golpe do motoboy”. O local foi estourado pela Polícia Civil na manhã desta sexta-feira (8/10), e resultou na prisão de quatro pessoas, sendo três homens e uma mulher, entre 22 e 28 anos. O prejuízo, até o momento, é estimado em cerca de R$ 250 mil.
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A operação, que resultou na descoberta do local e da trama, teve início na última quarta-feira, por equipes da 2ª Delegacia de Polícia Civil Sul, do 1º Departamento de Polícia Civil em Belo Horizonte. No local, foram encontrados computadores ligados a equipamentos eletrônicos que simulavam secretárias eletrônicas de bancos e de operadoras de cartão de crédito, bem como diversas máquinas de cartão, cartões de bancos preparados, cerca de R$ 9 mil (em dinheiro) e pequena quantidade de droga.
Segundo o delegado Wesley Geraldo Campos, uma das muitas vítimas da quadrilha, um idoso de 78 anos, cujos documentos foram encontrados no imóvel, contou que havia recebido uma ligação nesta mesma sexta-feira. “Ele entregou o cartão a um motoboy, tendo tido um prejuízo aproximado de R$ 80 mil.”
“Os suspeitos confessaram participação nos crimes, informaram que vieram do estado de São Paulo e alugaram o imóvel por temporada com o objetivo de aplicar os golpes”, completa o delegado, que diz que até o momento foram identificadas oito vítimas.
Uma das motocicletas, utilizada no esquema criminoso, também foi apreendida. Na vistoria feita pelos peritos, apurou-se que os números identificadores foram adulterados.
As investigações dão conta de que esse grupo vinha agindo em Belo Horizonte desde agosto último. “Por essa razão, as apurações continuarão no sentido de localizar as demais vítimas”, afirma o delegado.
Como é o golpe do motoboy
O esquema criminoso consiste em um indivíduo que se passa por funcionário de uma instituição bancária e informa às vítimas, na tentativa de ludibriá-las, que existe algum problema com o cartão bancário delas e, para resolver a situação, elas devem entregá-lo a um motoboy, que seria enviado pelo suposto banco.
Esta é uma prática de estelionatários, que, às vezes, fazem ligações, simulam atendimento bancário para tentar dar credibilidade ao crime e convencer as vítimas de repassarem a senha do cartão.
Um outro integrante da quadrilha, vai, de moto, à residência da vítima e pega o cartão. Com os dados bancários, são feitos saques e compras, o mais rapidamente possível, o que impede que suspeitas sejam levantadas e que a vítima tome conhecimento de que está sendo vítima de um golpe.
O delegado Arlen Bahia, chefe do 1º Departamento de Polícia Civil em Belo Horizonte, faz um alerta, principalmente a pessoas idosas: “É essencial que as vítimas saibam que nenhuma instituição financeira atua por meio de motoboys. Então, caso recebam ligações dessa natureza, com certeza se trata de um golpe, e a Polícia Civil deve ser imediatamente acionada. Em menos de 10 dias, esta é a segunda quadrilha, em casos distintos, que o 1º Departamento desarticulou”.
O registro das ocorrências é fundamental por parte das vítimas, segundo a delegada Cinara da Rocha e Santos Lima, titular da Delegacia Regional Sul. “Quanto mais alimentamos nossas bases de dados policiais com informações desse tipo de esquema criminoso, mais ágeis as investigações são conduzidas, uma vez que temos percebido que há um determinado padrão de ação dos criminosos, muitos deles oriundos de outros estados.”
Os presos serão indiciados por estelionato qualificado e majorado - pena de sete a 14 anos -, associação criminosa - pena de um a três anos -, adulteração de sinal identificador de veículo automotor - três a seis anos -, e uso de drogas (seis meses a dois anos. Além disso, existem multas em dinheiro, para cada acusação.