Jornal Estado de Minas

'RETOMADA DA LIBERDADE'

Visitantes se surpreendem na volta das belezas do Palácio da Liberdade

"Olhando por fora, a gente não podia imaginar como é por dentro". É dessa forma que um dos visitantes que inauguraram a reabertura do Palácio da Liberdade ao público, neste sábado (9/10), definiu as belezas da imponente estrutura. Fechado desde março de 2020 devido à pandemia, o patrimônio histórico reabriu as portas com adequações para evitar a propagação da COVID-19 - e encantou quem passou por lá.





 

"Para quem mora na periferia, pode parecer algo elitizado, mas não é. É uma chance de estar perto de algo histórico, que representa nossa cultura, nosso passado. Além da beleza. E o acesso é para todos", afirmou o estudante Kelwyn Afonso, de 29 anos, morador de Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

 

Ele e o servidor público Mateus Espeschit, de 24 anos, combinaram para esse sábado um passeio pela Praça da Liberdade. Para os namorados, a reabertura do palácio foi uma feliz coincidência e, logo que souberam, marcaram o lugar. Eles não conheciam o prédio e contam que ficaram encantados.

 

Os namorados Mateus Espeschit e Kelwyn Afonso foram conhecer os encantos da edificação na manhã deste sábado (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
 

 

Para Mateus, entre o que mais gostou, a imponente escadaria logo na entrada, além do salão de banquetes. Ele também elogia a equipe de monitores que acompanhou a visita. "É uma oportunidade única poder ter contato com um patrimônio de Minas, poder entrar e ocupar esses espaços." 

 

Agora, o palácio recebe grupos de 12 pessoas para visitação interna e externa e, para quem vai especificamente para ver o exterior e seus jardins, são grupos de 15 pessoas. Cada grupo, no total cinco por dia, pode realizar o passeio em 40 minutos, e logo depois tudo é higienizado para receber os outros apreciadores em seguida. 





 

Imponência

 

Outro casal que estava no grupo de visitantes nesta manhã também ficou deslumbrado. Os noivos Vitor Schneider, 30, e Ketly Paula Alves Campos, 23, ficaram especialmente atraídos pela escadaria central na entrada, além da sala de reuniões e as pinturas nos tetos. 

 

"A visita trouxe uma nova perspectiva. Entendemos a relevância da construção para a cidade, tudo o que já aconteceu aqui", diz Vitor, autor da frase que abre esta reportagem. Ele e a noiva são enfermeiros, moram em BH e reservaram os ingressos assim que souberam da reabertura.

 

Os noivos Vitor Schneider e Ketly Paula Alves Campos conheceram os segredos que o palácio guarda (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
 

 

Na última segunda-feira (4/10), aconteceu a abertura solene, com a presença do governador Romeu Zema e autoridades, e nesta manhã foi a volta do público em geral. Por enquanto, as visitas são realizadas apenas aos finais de semana e, em breve, o palácio deve receber também estudantes, durante os dias de semana.





 

Parte da história 

 

O Palácio da Liberdade é o primeiro patrimônio público tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG), em 1975. Na década de 1990, passou a ser protegido também pela Prefeitura de Belo Horizonte. Com a pedra fundamental datada de 1895, é de onde partiu a construção da capital mineira, que primeiro foi instalada ao redor do complexo da Praça da Liberdade. Hoje, é um importante espaço cultural do Circuito Liberdade.


Sede histórica do governo do estado, lugar central para deliberações políticas e sociais, o palácio é um símbolo do poder republicano, e também marca a transição do Império para a República, como explica o presidente do Iepha, Felipe Pires.

 

"As pinturas são alegorias que lembram os princípios da liberdade e da fraternidade, também com representações de deuses gregos que levam a referências sobre o poder. Entre as estruturas, destaque para a escadaria logo na entrada, forjada na Alemanha e importada de uma empresa belga, um elemento interessante que mostra a transição de tecnologia, com o acabamento pré-moldado em ferro, além do mármore", descreve Felipe.





 

A escadaria logo na entrada é um dos grandes atrativos do Palácio da Liberdade e recepciona os visitantes (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)

 

Estão abrigados ainda itens de mobiliário original do princípio do século 20, entre tapeçaria, cadeiras e vasos, memórias de quando era a habitação oficial dos governadores, que depois passaram a residir no Palácio das Mangabeiras. Os salões abrigam gabinete, cinema, sala de comendas, retratos dos governadores e espaço para banquetes.

 

Além dessas atrações, os visitantes se encantam com os suntuosos candelabros e lustres de cristal, o piso parquet, painéis e obras de arte e, por fora, nos jardins, fonte, quiosque e o belo santuário das orquídeas. Para o presidente do Iepha, a reabertura é simbólica. "Simboliza o novo modo de vida na pós-pandemia, e também marca a retomada da liberdade de ir e vir", diz.

 

As visitas devem ser agendadas pelo Sympla e os ingressos são gratuitos. Por enquanto, acontecem aos sábados e domingos, com marcações para 10h, 11h, 13h, 14h e 15h. Os jardins podem ser apreciados nas faixas das 10h15 e 13h15.