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Estado de Minas INFRAESTRUTURA

BH chega ao período chuvoso com parte das obras prontas e pontos de desafio

Prefeitura conclui oito grandes intervenções para conter inundações e toca nove. Em ponto crítico, projeto do governo do estado tropeça em embargo


11/10/2021 06:00 - atualizado 11/10/2021 07:21

Obras contra enchente na Avenida Vilarinho, em Venda Nova
Com amplo histórico de inundações, a Avenida Vilarinho, em Venda Nova, é um dos alvos de obras da prefeitura (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Depois da seca, a chuva. Com mais de 60 pontos principais de alagamentos, Belo Horizonte entra na temporada chuvosa ainda em obras para evitar grandes estragos. A maior parte desses pontos se encontra nos extremos do mapa: Barreiro e Venda Nova. E é justamente nesses locais que intervenções para evitar danos à população são indispensáveis e necessitam correr contra o tempo. As obras avançam, mas a solução definitiva, em alguns casos, ainda tropeça em obstáculos e nem sempre depende exclusivamente da prefeitura. Em um dos grandes corredores de BH, a Avenida Tereza Cristina, a expectativa de controle das inundações está ligada a obras do governo do estado no Córrego Ferrugem – na capital e na vizinha Contagem , ainda sob embargos judiciais relativos à desapropriação de imóveis na área.

A Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) contabiliza pelo menos oito grandes obras de prevenção a enchentes já concluídas e outras nove ainda em andamento. Um dos principais pontos de atenção é a Avenida Tereza Cristina devido aos transbordamentos do Ribeirão Arrudas, que se torna risco iminente de tragédias e prejuízos. Por lá, a prefeitura está construindo a Bacia das Indústrias, que promete mitigar os impactos das chuvas na Região Oeste e Barreiro.
 
“A bacia será capaz de deter 120 milhões de litros de água, liberando esse volume aos poucos para não sobrecarregar o canal do Ribeirão Arrudas”, explicou a Sudecap. O investimento é de R$ 28,9 milhões, mas ainda não será neste período chuvoso que os moradores vão poder ver se a estrutura funciona. Segundo a prefeitura, a previsão é que a obra seja concluída no 1º semestre de 2022.

Outras intervenções para minimizar o problema das enchentes já estão concluídas. De acordo com a PBH, foram implantadas duas bacias no córrego Túnel/Camarões na Região do Barreiro, que também faz parte da bacia do Arrudas, capazes de reter 400 milhões de litros de água. Foram concluídas também as bacias de detenção da primeira etapa do Córrego Olaria/Jatobá (que terá capacidade de reter 250 milhões de litros quando as duas etapas estiverem concluídas), e a bacia de detenção do Córrego Bonsucesso (com capacidade de 250 milhões de litros).

“Essas obras da prefeitura diminuem de maneira expressiva os impactos das chuvas na região da Avenida Tereza Cristina. Entretanto, ainda assim, para reduzir o risco das inundações nessa avenida, também é necessária a conclusão das intervenções no Córrego Ferrugem em Contagem, iniciadas pelo governo do estado, nas quais estavam previstas a construção de três bacias de detenção”, informou a PBH.

DESAPROPRIAÇÕES O acordo, firmado em maio, prevê o repasse de recursos aos municípios de Belo Horizonte e Contagem, pelo governo de Minas, prevê obras nas duas cidades, todas no Córrego Ferrugem: a construção de duas bacias de contenção em Contagem, além de uma bacia e um parque linear na capital mineira. As obras serão financiadas com recursos do termo de reparação da Vale.

Por ora, tropeçam em embargos judiciais. O que está embargado, segundo o governo do estado, são as desapropriações dos terrenos no Córrego Riacho das Pedras, em Contagem. “Quatro acordos encaminhados pela Advocacia-Geral do Estado de Minas Gerais (AGE-MG) ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) foram homologados pelo Centro de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc)”, informou o governo de Minas. “São ações envolvendo a desapropriação de imóveis com ocupação irregular na Vila Itaú, em Contagem, e que impedem a continuação do conjunto de obras que pretendem impedir as sucessivas enchentes causadas pelo Córrego do Ferrugem, na divisa com Belo Horizonte.”

Segundo o governo, a expectativa é que outros acordos sejam homologados nos próximos meses, pois a AGE, por meio da Procuradoria de Autarquias e Fundações (PAF), solicitou o envio ao Cejusc de aproximadamente 100 ações que envolvem desapropriação com ocupação irregular no entorno do Ferrugem. As obras só poderão ter início depois desse processo.

PONTOS DE ATENÇÃO Na Avenida Vilarinho, em Venda Nova – outro local com histórico de alagamentos e até mesmo mortes –, uma obra está em andamento para instalar caixas de captação de água e diminuir os problemas. Além dos investimentos em obras, a cidade precisa estar atenta a outras formas de prevenir enchentes, como a manutenção de bacias de detenção, limpeza de bocas de lobo e de vias, galerias, fundos de vales de córregos e contenção de encostas. A prefeitura informou que mantém atenção e esforços nesse sentido, além do trabalho preventivo de alerta e conscientização dos moradores das áreas de inundação da cidade. “Há ainda um Sistema de Monitoramento Hidrológico capaz de subsidiar as ações de alerta e enfrentamento do risco de inundações, bem como acionar planos de bloqueio de vias durante as chuvas de maior intensidade”, afirmou.

CELERIDADE O prefeito Alexandre Kalil (PSD), e o secretário de Obras e Infraestrutura de BH, Josué Valadão, se reuniram, em 14 de setembro, com os coordenadores das nove regionais administrativas da capital justamente para discutir medidas para garantir a segurança da população durante o período chuvoso. Segundo informou o Executivo municipal, por meio de sua assessoria de imprensa, "o prefeito cobrou celeridade nas obras, sobretudo as de recapeamento, podas e supressões de árvores para evitar acidentes".
Como resultado, os coordenadores ficaram de levantar vias com prioridade de recapeamento. O mesmo vale para as árvores. Cada gestor deveria enviar as listas ao secretário Josué Valadão. O intervalo de chuvas iniciado neste mê segue até meados de março de 2022. No penúltimo período de cheias, BH encarou recorde de precipitações e boa parte da cidade ficou destruída.


Muita chuva
 
Balanço divulgado ontem pela Defesa Civil da capital mineira mostra que, em apenas 10 dias, choveu na Região Noroeste todo o volume previsto para os 31 dias de outubro. Segundo o órgão, a média climatológica do mês em Belo Horizonte é de 104,7mm. Mas, até as 7h de ontem, a Região Noroeste já havia registrado um volume de 105,2 mm. Outra região que registrou um volume considerável de chuva nos 10 primeiros dias de outubro foi a do Barreiro, com 78,4mm. O número representa 74,9% da média prevista para o mês. Um pouco atrás está a regional Oeste, com 74mm de chuva, o que significa 70,7% do volume médio esperado. Por outro lado, a Região Norte foi a que teve o menor registro de chuva, com apenas 24,2 mm, o que representa 23,1% da média mensal. Hoje, previsão do Climatempo é de dia chuvoso, com temperaturas entre 15 e 20 graus e umidade relativa do ar de 90%.


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