Pesquisa realizada entre os dias 27 e 30 de setembro demostra o quão avassaladora tem sido a pandemia da COVID-19 para os mineiros. Os que perderam amigos, parentes ou conhecidos para a doença chegam a 87% dos entrevistados no levantamento, realizado pelo Estado de Minas e a Opus Consultoria & Pesquisas. As entrevistas, realizadas por telefone, foram aplicadas a mil pessoas em idade eleitoral, em 273 municípios de todas as nove regiões do estado.
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Ana Kamille Silva Ventura, de 18 anos, estudante de veterinária, perdeu uma prima, moradora de Ribeirão das Neves, que morreu aos 22 depois de ser contaminada pelo coronavírus aos oito meses de gravidez. O bebê foi salvo. Mas a prima, que ficou quase dois meses internada, não resistiu.
A família ficou chocada. “Foi um baque. Desde a internação, já estávamos com mau pressentimento porque grávidas podem ter imunidade baixa. Mesmo assim, foi um baque muito grande porque ela era muito nova estava esperando seu primeiro bebê”, lamenta Ana Kamille, madrinha do bebê, que agora está com 6 meses. O Estado de Minas falou com outras pessoas, que como Ana, lidam com o luto na pandemia de COVID-19 (leia depoimentos nesta página).
Matheus Dias, diretor do instituto Opus Consultoria & Pesquisas diz que a quantidade de pessoas ouvidas que disseram conhecer alguém que morreu por COVID-19 demonstra a dimensão e impacto que a doença causou no estado. A amostragem foi estratificada por sexo, escolaridade, idade e região. A margem de erro e de 3,2 pontos percentuais.
Matheus diz que também chamou a atenção que os mais jovens (de 16 a 24 anos) tiveram menos contato com pessoas que morreram de COVID. A população jovem foi a que menos teve contato com pessoas que morreram de COVID-19 (25,45%).“No restante das estratificações, houve oscilação muito pequena entre os estratos (sexo, escolaridade, renda etc)”, explicou.
A pesquisa também ouviu sobre a CPI da COVID, no Senado. Foi perguntando ao entrevistado se tem conhecimento dos trabalhos da CPI e 46% responderam que sim. Destes, 64% (quase dois terços) disseram aprovar a maneira como a comissão vem sendo conduzida e que a iniciativa valida questões relacionadas ao combate ao coronavírus.
Na saudade
Ana Kamille Silva Ventura, de 18 anos
“Perdi uma prima, aos 22 anos. Ela estava com 8 meses de gestação, foi internada e ficou muito mal. O médico avisou que não sobreviveria e retirou o bebê. Durante a gravidez, teve infecção urinária e com as idas e vindas aos hospitais acabou pegando a COVID. Ficou quase dois meses internada. Quando faleceu, a nenezinha tinha 1 mês. Foi um baque”
Hélio Belffort, de 40
“Perdi meu sogro, Raimundo da Silva, aos 73. Ele precisou viajar para visitar uma irmã. Quando voltou, estava com a doença. Internado em quatro dias, foi intubado no quinto dia, e faleceu dois dias depois. Para a família foi um processo muito difícil. Deixou esposa e três filhos, duas moram nos Estados Unidos. Até hoje todos sentem muito”.
Leonardo Castelo, de 32 anos
“Perdi um m colega muito próximo. Ele avisou pela rede social que tinha pegado COVID. Passou um tempo, comunicou que estava no hospital e, três dias depois, morreu. Tinha 35 anos. Aconteceu há uns quatro meses. Sempre me preocupei com esse vírus. A gente fica sentido e muito triste. Continuo tomando todos os cuidados.
Ana Cristina Cornélio, de 34 anos
“Minha tia faleceu. Estava com COVID-19 e não sabia. Foi vacinada, passou mal depois e morreu, aos 56 anos. Deixou três filhos. Ficamos sabendo o resultado do exame depois da morte. Caixão lacrado, não teve velório. Ficamos todos 'doidos'; ela começou a passar mal depois da vacina. A suspeita nossa é que ela já tinha a doença, sem saber, quando se vacinou.”
Rejane Batista dos Santos, de 36 anos
“Um primo faleceu de COVID, aos 47 anos. Foi muito rápido. Não sabíamos que ele estava doente. Antes mesmo de os parentes nos avisarem que ele havia sido internado, recebemos a notícia de seu falecimento. Nem ficamos sabendo como foi que ele pegou a doença. Nossa família ficou muito abalada . Foi muito triste, porque a gente cresce junto e depois vê a pessoa desaparecer assim de forma tão repentina”.
Eliana Nunes, de 48 anos
“Perdi uma vizinha. Éramos muito próximas. Era vizinha de lado, de 45 anos. A mãe ficou internada por cinco dias e quando voltou pra casa a filha adquiriu a doença. Mas logo após a filha, que tinha problemas de saúde, faleceu. Muito triste. Era conhecida de muitos anos, vizinha de janela, chamava quando tinha algum problema de saúde. Começou sentindo muita falta de ar, a mãe dela me chamou mas eu não estava em casa. Outra vizinha então chamou o Samu, mas quando a equipe chegou, ela já tinha falecido.
Rosângela Vila, de 60 anos
“Tive vizinhos que morreram, fiquei muito preocupada. Minha mãe ficou internada na Santa Casa, por 15 dias, tinha tomado a primeira dose da vacina. Ficou cinco dias no oxigênio, aos 93 anos. No primeiro momento, foi assustador. Os médicos já pedem autorização de intubar ou não. Muito assustador porque avisam que muita gente não volta, e na idade dela, seria de alto risco. Felizmente não precisou intubar e sobreviveu.
Bárbara Moreira de Oliveira Silva, de 34 anos
“Perdi minha mãe, Maria Imaculada Moreira de Oliveira, de 64 anos, em 19 de março. Ela trabalhava como auxiliar de serviços gerais no Centro Odontológico da Prefeitura de BH, área de risco e, por isso, entrou no grupo prioritário para vacina. Chegou a tomar a primeira dose. Mas adoeceu. Ficou 36 dias no hospital, 16 intubada. Deixou a mim e ao meu irmão, Leonardo, de 37. Tínhamos muita esperança que melhorasse e sentimos sua falta todos os dias.
Pelo segundo balanço epidemiológico consecutivo, a taxa de transmissão do vírus (Rt) caiu. Foi de 0,91, na segunda-feira, data de divulgação do último relatório, para 0,90 ontem, dentro do desejável, que é abaixo de 1. O índice é o menor em mais de um mês. Além disso, nenhuma morte foi registrada entre segunda-feira e ontem. A capital permanece com as 6.824 vítimas contabilizadas na segunda-feira. Os infectados somam 285.801. Os recuperados, 277.398, enquanto 1.579 pacientes permanecem em acompanhamento. A ocupação de leitos em BH segue na zona verde, de controle. Nas UTIs COVID, 41,5% das vagas estão preenchidas. Já nas enfermarias, a taxa de lotação é de 38,4%.
100 milhões completam esquema vacinal no país
Brasília – O Brasil ultrapassou a marca de 100 milhões de pessoas com o ciclo vacinal contra a COVID-19 completo -– as duas doses ou a dose única no caso da vacina da Janssen. Apesar da marca, o país não imunizou mais da metade da população, atingindo 47% da população totalmente vacinada. No total, foram aplicadas 249,7 milhões de doses na população, sendo que 149,7 milhões receberam a primeira dose, e 100 milhões tiveram a aplicação das duas doses ou dose única.
No quadro internacional, o Brasil ocupa a 62ª posição no ranking de países na vacinação contra a COVID-19 em relação à população de cada nação, segundo a Universidade Johns Hopkins, com sede nos Estados Unidos. O país, no entanto, está acima da média mundial, de pouco mais de 35%. Quando considerados os números absolutos, o Brasil fica na quarta posição como país com mais doses aplicadas, atrás de Estados Unidos (187,7 milhões), Índia (272,6 milhões) e China (1,047 bilhão).
O número de pessoas que perderam a vida para a pandemia de COVID-19 chegou ontem a 601.574. Em 24 horas, as autoridades de saúde registraram 176 novas mortes por COVID-19. Ainda há 3.134 óbitos em investigação. Já a quantidade de pessoas infectadas chegou a 21.597.949. De terça-feira para ontem, foram confirmados por secretarias municipais e estaduais de Saúde 7.852 novos diagnósticos positivos para a doença, segundo o Ministério da Saúde.
Os números em geral são menores aos domingos e às segundas-feiras em razão da redução de equipes para a alimentação dos dados. Isso ocorre também em dias posteriores a feriados, como é o caso desta quarta-feira (13).
BH sem registro de mortes
Pelo segundo balanço epidemiológico consecutivo, a taxa de transmissão do vírus (Rt) caiu. Foi de 0,91, na segunda-feira, data de divulgação do último relatório, para 0,90 ontem, dentro do desejável, que é abaixo de 1. O índice é o menor em mais de um mês. Além disso, nenhuma morte foi registrada entre segunda-feira e ontem. A capital permanece com as 6.824 vítimas contabilizadas na segunda-feira. Os infectados somam 285.801. Os recuperados, 277.398, enquanto 1.579 pacientes permanecem em acompanhamento. A ocupação de leitos em BH segue na zona verde, de controle. Nas UTIs COVID, 41,5% das vagas estão preenchidas. Já nas enfermarias, a taxa de lotação é de 38,4%.
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