Um casal de moradores de rua brigou e colocou fogo nos próprios pertences na madrugada deste sábado (16/10), na Rua Santa Cruz, no Bairro Grajaú, em BH. Os dois se empurravam, até que o homem pegou um isqueiro e colocou fogo em um pedaço de pano, jogando em cima dos pertences da mulher.
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Ao ouvir a gritaria, moradores da região acordaram e correram para a rua. O casal, vendo a confusão, saiu correndo, com um gritando para o outro: “vamos embora” e “corre, corre”. Os moradores apagaram o fogo, na entrada de uma garagem desativada.
Quando os bombeiros chegaram, a situação estava controlada, mas, segundo o Boletim de Ocorrência (BO), as chamas chegaram a atingir um trailer que fica próximo e poderiam ter chegado ao muro do Colégio Cotemig. O casal não foi encontrado.
Repórter relata caso parecido há quase 40 anos
O telefone toca, de manhã bem cedo, na Central do Corpo de Bombeiros. Do outro lado da linha, um morador do Bairro Prado pede socorro para um incêndio debaixo do elevado que liga o bairro ao Padre Eustáquio. Eram duas "malocas" se incendiando. Isso foi em 1983.
Naquele ano, eu estava completando um ano como repórter. Lá fui eu, junto com o fotógrafo, Pedro Graeff, e o motorista, Adão. Ao chegar ao local do incêndio, uma cena chocante. Os dois maloqueiros estavam abraçados, chorando. Juntos assistiam o fogo consumir seus poucos pertences, algumas mudas de roupa, um cobertor, panelas, que estavam dentro do cercadinho que chamavam de malocas.
Os bombeiros chegaram e apagaram o fogo imediatamente, pois apesar de poucas coisas nas malocas, as chamas eram altas e ultrapassavam a mureta do elevado. Aproximei deles e perguntei o que havia acontecido. Confesso, fiquei perplexo com a história e com muita pena.
Eles contaram que haviam brigado. E que num rompante, com raiva, um deles tinha colocado fogo no barraco do outro. O fogo pegou rápido, pois além de panos, a divisão entre eles era um tapume de madeira.
Eles haviam perdido o pouco, que tinham. Abraçados estavam quando cheguei e abraçados permaneceram. Pediram aos bombeiros para não chamarem a polícia. O homem que seria a vítima pedia para que o amigo não fosse preso.
Quando o incêndio foi debelado, eles saíram do local e foram para a Via Expressa, e começaram a pedir dinheiro, num sinal. Contavam o que havia acontecido, que suas malocas haviam se incendiado e que perderam tudo. Queriam dinheiro para recomeçar.