O avanço do desmatamento sobre o cinturão verde que contém o aquecimento na Grande Belo Horizonte e auxilia na infiltração de águas que abastecem a população da área metropolitana ocorre em várias frentes de destruição, como mostra reportagem do Estado de Minas.
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Em Nova Lima, a abertura de condomínios elimina progressivamente a cobertura arbórea que um dia imperava no vale do Rio das Velhas, imagem desoladora vista por meio de ferramenta de monitoramento por satélites internacionais da organização não governamental World Forest Watch (WFW). Um deles foi localizado pelo EM em área de 13 hectares de mata atlântica e cerrado, suprimida para dar lugar a um empreendimento.
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Uma sequência de topos de morros ainda maior, de 19 hectares, também foi tomada por empreendimentos e construções de moradias fixas e de fins de semana. O espaço pode ser acessado pela estrada para o Rio do Peixe e fica próxima ao Ribeirão dos Macacos. Em 2002, a cobertura vegetal era plena, mas cada vez mais estradas e trilhas foram sendo abertas, expondo o solo e sendo tomadas por erosões.
As secas seguintes agravaram a situação, com o local ganhando características áridas cada vez mais intensas até 2020, quando começaram a se espalhar com grande rapidez as construções de habitações, responsáveis pela remoção quase que completa da mata. Restaram apenas os caminhos ciliares que ainda descem dos morros circundantes, ainda cobertos pelas folhagens claras das embaúbas.
Regeneração interrompida
O município vizinho de Rio Acima é o local da Grande BH onde as matas primárias são mais castigadas. Uma grande área de mata nas encostas e morros da margem esquerda do Rio das Velhas, permeada pela Estrada do Papa- milho, foi aberta e teve todas as suas árvores cortadas por motosserras para se tornar pasto. São 18,5 hectares que constituem um corredor verde entre dois córregos que fluem até o Rio das Velhas.
As imagens até 2002 mostram essa vegetação contínua, perpassando os limites entre Rio Acima e Nova Lima. Em 2006, uma pequena perda de copas de árvores ocorreu, deixando a área menos densa. Em 2011, já se percebe uma pequena regeneração da vegetação, mas em 2014 uma perda ainda maior de cobertura ocorreu e um ano mais tarde a vegetação chegou a se recuperar mais uma vez. Contudo, ao fim de 2015, um incêndio devastou a área. Mais uma vez, no ano seguinte houve um início de regeneração. A mesma área, como que num desenho perfeito e sem atingir matas vizinhas, ardeu novamente em 2017, e a partir de 2018 a mata foi sendo removida pouco a pouco, não restando mais qualquer árvore nesse espaço.
Do outro lado do Rio das Velhas, um produtor rural destocou área de 4,3 hectares de mata em encosta para transformá-la em pasto. De 2002 até agosto do ano passado, esse monte se manteve florestado, mas a partir daquela data algumas faixas de terreno foram sendo devastadas e perderam árvores progressivamente, até se tornar um pasto formado.
Tanques e barragens
Em Sarzedo, as matas frondosas entre as barrancas do Rio Paraopeba e os caminhos da ferrovia que corta ao meio o município têm sido derrubadas para dar lugar a empreendimentos e plantações, uma vez que Brumadinho, que era grande produtor do cinturão das hortaliças da Grande BH, se viu com a capacidade reduzida após o rompimento da Barragem B1, da Mina Córrego do Feijão, da mineradora Vale, ter soterrado cultivos e linhas de abastecimento.
Hortas que surgem esparramadas pelo mapa municipal vão consumindo pequenas frações de mata para substituí-la por canteiros de couve, alface, cebolinha e outras hortaliças. Entre a Serra da Boa Esperança e o Bairro Lambari, a mata atlântica aparece homogênea desde 2008. No ano seguinte, a mata começou a ser cercada pelos retalhos poligonais formados pelas áreas de cultivo de hortaliças.
Em 2011, apareceram tanques e barragens para represar a água de irrigação que as hortas precisam. Em 2014, as árvores que cobriam boa parte da mata começaram a sumir, dando lugar a mato. Em setembro daquele ano, um grande incêndio atingiu 43 hectares dessas partes destocadas, como ocorre em muitas áreas de desmatamento para a limpeza e implementação de atividades agrícolas.
Em 2017 e 2018, grandes extensões da mata voltaram a arder, dessa vez derrubando em carvão e cinzas quase 190 hectares. Em 2019, as áreas queimadas pareciam se recuperar, ainda que muito menos densas em termos de copas de árvores. Em 2020 e 2021, várias dessas áreas que queimaram ressurgiram como hortas. Em algumas, a tática é a mesma de madeireiros e carvoarias. Abre-se uma clareira na mata para que a vegetação da borda forme um paredão verde que impede a observação de fiscais e de denúncias.
PREDADORES
Fatores de supressão de matas na Grande BH
Construções imobiliárias de alto luxo
Grandes erosões
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Pastagem
Agricultura irrigada