Após mais de um ano e sete meses com horários reduzidos, os ônibus coletivos de Belo Horizonte voltaram a operar com horários pré-pandemia de coronavírus. Usuários dos transportes consultados pelo Estado de Minas nesta segunda-feira (18/10) reclamaram da redução de frota neste período e afirmaram que a expectativa é que melhore com este anúncio da Empresa de Transportes e Trânsito de BH (BHTrans).
Os ônibus coletivos de BH rodavam com horário reduzido desde 17 de março de 2020, com o início da pandemia de COVID-19. A BHTrans notificou as concessionárias na última sexta-feira (15/10) para voltarem a operar com os horários pré-pandemia de coronavírus.
"É dever das concessionárias cumprir os quadros de horários determinados para as linhas e a BHTrans notifica as empresas sempre que constatar irregularidades na operação do transporte coletivo. Por isso é importante que os usuários registrem as as solicitações e reclamações referentes ao transporte coletivo municipal no portal de serviços da Prefeitura de Belo Horizonte neste link, no PBH App ou pelo Twitter @OficialBHTRANS", diz trecho de nota divulgada pela empresa.
Alguns usuários consultados pelo Estado de Minas na manhã desta segunda-feira (18/10) não notaram a diferença até o momento. Tayná Letícia De Castro, de 25 anos, é farmacêutica e pega ônibus todos os dias às 6h para ir trabalhar e às 19h45 para voltar. “Não notei diferença, geralmente pego nos mesmos horários e tem andado cheio. A noite é muito pior, de manhã todo mundo consegue sentar. O pessoal usa máscara, mas geralmente com o nariz de fora”, reclama.
Ivone Maria, de 51 anos, é servente de limpeza no Hospital João XXIII e atende a ala dos pacientes com COVID. Ela critica a decisão de reduzir a frota durante a pandemia. “Foi uma ilusão, uma coisa política. Como ônibus todos lotados você diminui a frota? Brincadeira né? Acham que a gente é bobo. Eu trabalho domingo e é uma peleja pra vim trabalhar, não tem ônibus. Sábado e domingo passamos apertado, temos que ter um dinheiro a mais pra gastar com Uber. É um absurdo”, alerta.
“Diz o motorista que 50% dos ônibus estão na garagem. Pra quê fechar o comércio? Ônibus todo lotado. Fechar comércio e não olhar os ônibus, hipocrisia total”, acrescenta.
Quem também não notou diferença na quantidade de ônibus é Karina Cristina, de 22 anos, que trabalha com monitoria escolar. Todos os dias ela sai do Bairro São Benedito, em Santa Luzia, Região Metropolitana de Belo Horizonte, e para na Praça da Estação para pegar o segundo transporte para ir trabalhar às 11h15. “Eu até agora não vi diferença nenhuma. Essa redução na pandemia não ajudou em nada, só aumentou o número de pessoas no ônibus e só tem gente apertada, até no teto. Acaba gerando briga porque acaba que as pessoas querem entrar todo mundo de uma vez no ônibus e não tem como, não consegue comportar todo mundo. É muita gente pra pouco ônibus”, afirmou.
Por outro lado, alguns usuários repararam que desde o último fim de semana a frota de ônibus aumentou. Apesar disso, João Matozinhos de Jesus, de 73 anos, ainda reclama da lotação. “Aumentou, mas ainda tá cheio. Tô achando bom aumentar, tá na hora. Já tem muita gente na rua trabalhando”, disse.
Mardeci Soares Lopes, de 50, é auxiliar administrativo e pega plantão aos finais de semana. Ele comemorou a decisão de retomar o fluxo de ônibus de antes da pandemia. “Acho que voltou ao normal, eu sou plantonista domingo e não tô tendo dificuldade pra chegar no trabalho”, conta, aliviado.
O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (SetraBH) ainda vai avaliar o impacto dos novos horários durante a semana, a partir da demanda de passageiros. O sindicato estima que, na sexta-feira (22/10), haja dados da operação para posterior avaliação.