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Estado de Minas ISOTERMIA

Lagoa da Pampulha amanhece com 'duas camadas'; entenda o fenômeno

Composta de material orgânico de esgoto, cobertura marrom emergiu com a chegada de frente fria à cidade; fenômeno mata peixes e deixa orla mais fétida


21/10/2021 11:17 - atualizado 28/10/2021 19:28

Lagoa da Pampulha, em BH, coberta por uma camada marrom de esgoto
A Lagoa da Pampulha amanheceu coberta por uma mancha marrom nesta quinta-feira (21/10). Fenômeno é decorrrente do que especialistas chamam de isotermia (foto: Jair Amaral/EM/D.A.Press)
O cartão postal de Belo Horizonte amanheceu manchado nesta quinta-feira (21/10). Quem caminha pela orla da Lagoa da Pampulha vê duas camadas no espelho d'água - uma marrom, que remete à lama, e outra esverdeada. 

O forte odor de esgoto que caracteriza alguns pontos da represa também está mais intenso. 


Segundo especialista, a frente fria posicionada nos litorais fluminense e capixaba, responsável pelos temporais que atingiram a Grande BH no início da semana, baixou a temperatura na Pampulha, alterando o equilíbrio térmico do reservatório. 

"A Lagoa da Pampulha já é naturalmente composta de duas camadas. Uma densa, muito rica em material orgânico oriundo do esgoto, que fica por baixo, e outra mais fluida, que fica por cima. Com a queda na temperatura, ocorre o que chamamos de isotermia. Ou seja: a temperatura duas fases se iguala e elas se misturam. O esgoto que estava sedimentado no fundo então emerge, formando manchas sobre as águas", esclarece o ambientalista.

"Isso acontece em todo lugar em que há despejo de esgoto. É muito comum também no Golfo da Flórida, por exemplo. A cor das camadas que passam a cobrir a água varia. Pode ser marrom, verde e até vermelha. Depende do tipo de alga e bactéria presentes no local. Elas aproveitam a subida do material orgânico para se reproduzir rapidamente, tecendo enormes manchas", complementa.

Lagoa da Pampulha, em BH, com duas fases: uma marrom e outra esverdeada
Uma vez emersa, a sujeira oriunda dos esgotos reduz o oxigênio da água e mata peixes (foto: Jair Amaral/EM/D.A.Press)
Além do desconforto estético, a emersão da sujeira reduz a quantidade de oxigênio na água, fator responsável pelo cheiro de esgoto mais intenso.

"A falta de oxigênio também provoca a mortandade de peixes. A boa notícia é que, em poucos dias, a situação da Lagoa se normaliza. De qualquer forma, esse é mais um sinal evidente de que esse ponto tão importante da cidade não tem uma gestão ambiental adequada. É muito triste", lamenta o biólogo. 


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