Cidades país afora intensificam, desde o início do mês, a flexibilização de normas sanitárias para prevenção da COVID-19. De abertura dos bares à desobrigação de máscara, os níveis de permissão variam no país. Entretanto, a linha entre otimismo e cuidados deve ser respeitada, alertam especialistas.
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Capitais
Em Belo Horizonte, a flexibilização se intensificou em 15 de outubro, com o decreto do prefeito Alexandre Kalil (PSD) que permite o funcionamento de bares, restaurantes e do comércio de alimentos em geral, sem restrições de horário. Outra medida aprovada é a permissão aos torcedores de assistirem aos jogos nos estádios desde que apresentem o comprovante da segunda dose de vacina contra o coronavírus ou da dose única . A regra vale também para a participação do público em eventos sociais e shows ao vivo. Desde o início da pandemia, essa foi a flexibilização mais profunda na cidade, mas o uso de máscara em todos os locais segue como medida obrigatória.
Sem máscara
Já no Rio de Janeiro, começou a valer ontem o decreto do prefeito Eduardo Paes (PSD), que desobriga o uso de máscaras em locais abertos, além de permitir o funcionamento de boates, danceterias, pistas de danças e salões de dança, desde que com capacidade máxima de 50%. Também ontem, foi publicada resolução do governo do estado que permite que as prefeituras dos 92 municípios fluminenses flexibilizem o uso de máscaras em suas áreas de competência.
No primeiro dia de liberação do uso de máscaras em lugares públicos, a maioria dos cariocas manteve a proteção facial para prevenção da COVID-19. Para o artista plástico Carlos Antônio Correia de Araújo, o uso da máscara ainda é necessário. “Vou ficar ainda um tempinho com ela, e também estou protegendo o próximo, a doença ainda está aí, não vou tirar a máscara tão cedo”, disse Araújo. O oficial da Marinha mercante Jeferson Menezes também é a favor do uso da máscara. “Se a pessoa acha que deve continuar usando, use, se achar que não, não use. Não custa nada, vou continuar usando a máscara”, afirmou.
O Distrito Federal (DF) passa pela mesma discussão. O governador Ibaneis Rocha (MDB) anunciou no início da semana que o uso de máscara deverá deixar de ser obrigatório a partir de 15 de novembro em ambientes abertos.
Na avaliação do epidemiologista José Geraldo Ribeiro, essa decisão é perigosa. “Há um risco menor nos locais abertos, mas é muito difícil no ambiente aberto das nossas cidades você não se aproximar das pessoas. É preciso mudar o comportamento também”. “Estamos habituados a usar a máscara em todos os lugares. Com a desobrigação, será que as pessoas vão continuar usando em locais fechados ou também vão relaxar? Acho que é mais prudente aguardar os 80% de cobertura vacinal completa para flexibilizar essa regra”, afirma. E completa: “A mensagem da liberação ao ar livre pode dar um entendimento errado para a população, podem começar a achar a pandemia já acabou e entrar em qualquer lugar sem máscara”.
O estado de São Paulo também cogitou a flexibilização do uso de máscaras, porém por enquanto a capital segue com o uso obrigatório. Em entrevista à Globonews, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), disse que a Secretaria de Saúde vai apresentar um novo estudo sobre o uso de máscaras em 10 de novembro.
Em Salvador, capital baiana, o uso obrigatório de máscara também segue valendo. Entretanto, ontem, a administração municipal anunciou que não será mais obrigatória a aferição de temperatura em estabelecimentos comerciais e o distanciamento social de um metro.
No Sul do país, em Curitiba, a prefeitura ampliou o acesso do público a eventos em espaços abertos e excluiu a obrigatoriedade de apresentação do teste negativo RT-PCR nesses locais. Permanecem válidas as exigências de ocupação máxima de 50% da capacidade, proibição da comercialização e consumo de alimentos e bebidas alcoólicas. Além de o uso de máscaras também continuar obrigatório.
Pontos positivos
Os problemas econômicos e sociais causados pela pandemia são graves e a volta dos eventos, comércio e atividades em geral pode aliviar a situação, com geração de emprego e renda para a população, diz o economista Fred Judice. “Do ponto de vista econômico, há bastante impacto na geração de empregos. São mais empresas voltando a operar, expandindo as atividades e elas tendem a contratar mais gente. Também há impacto no PIB (Produto Interno Bruto), porque há mais gente trabalhando e empresas produzindo”.
Ele espera uma aceleração na indústria do entretenimento. “Shows, festas e eventos esportivos, tudo ficou praticamente paralisado durante a pandemia. Agora, essa indústria tende a movimentar muito e imagino que haverá um ‘boom’ no setor”, diz.
O mercado imobiliário também deve sentir movimentações positivas. “Principalmente nos imóveis comerciais, mas também nos residenciais, porque as pessoas voltarão a trabalhar presencialmente, mesmo que parte das equipes continue no sistema remoto”.
Ele reforça, entretanto, que os comerciantes devem manter as medidas de segurança, até mesmo para atrair os clientes. “É importante que o comerciante continue oferecendo para seu cliente o mínimo de segurança, com o uso de máscara no ambiente e disponibilização de álcool para higiene das mãos. Devem ficar atentos com esses cuidados para deixar seus clientes sempre mais à vontade para ir comprar”, finaliza.
Manter os cuidados
“O uso de máscaras, higienização das mãos e vacinação são medidas estratégicas para a redução do risco de contágios no retorno às atividades laborais, educacionais, sociais, culturais e de lazer em ambientes fechados”, reforça o epidemiologista José Geraldo.
Segundo o médico, o país deve chegar a 80% de cobertura vacinal com as duas doses para sentir um pouco mais de alívio. “A principal medida para proteger nossa reabertura é a alta cobertura vacinal com as duas doses e fazer a aplicação da 3ª em grupos de maior risco”.
Ele faz um alerta para pessoas do grupo de risco. “Toda atividade tem risco, e aquelas de aglomeração, mais ainda. Os idosos e pessoas com comorbidades que ainda não tomaram a 3ª dose podem aguardar para frequentar locais mais cheios, como shows e partidas de futebol. E quem convive com essas pessoas deve cuidar para não infectá-las, mesmo que já tenham tomado as duas doses”, conclui. *Estagiária sob supervisão da subeditora Rachel Botelho
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