O empresário e ex-secretário de Obras e ex-diretor geral do Departamento Municipal de Água e Esgoto de Uberlândia (Dmae) Orlando Resende foi apontado pela Polícia Civil como mandante da morte do outro empresário, Cairo Luiz Mendes Borges, em outubro de 2017. Além de Resende, que morreu de causas naturais em setembro, outras três pessoas foram indiciadas em inquérito finalizado pela polícia. O motivo seria uma cobrança de dívida de quase R$ 20 milhões.
A informação foi divulgada durante entrevista coletiva na manhã desta quarta-feira (3/11) no Departamento Estadual de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), em Belo Horizonte, que investiga o caso desde o início de 2020.
Segundo o delegado Guilherme Catão, a vítima comprava dívidas consideradas perdidas e as executava judicialmente. No caso de Resende, houve até uma tentativa de quitação que foi barrada cartorialmente.
"Como a vítima tinha sócio nessa dívida, a intenção do Resende era matar Cairo Borges e buscar junto ao sócio a quitação por uma quantia menor, cerca de R$ 400 mil", explicou.
"Como a vítima tinha sócio nessa dívida, a intenção do Resende era matar Cairo Borges e buscar junto ao sócio a quitação por uma quantia menor, cerca de R$ 400 mil", explicou.
Para o crime, de acordo com a investigação da Polícia Civil, Orlando Resende contratou três pessoas que fariam a 'logística' da ação. Esses pessoas tentaram pagar um grupo de pistoleiros de Uberlândia por R$ 50 mil. Eles não aceitaram o valor. O que levou à contratação de pistoleiros do Estado de Goiás.
Cairo Luiz Mendes Borges foi assassinado a tiros no bairro Vigilato Pereira, zona sul de Uberlândia, no dia 5 de outubro de 2017, quando saia de casa. Ele foi baleado no peito com uma revólver calibre 38, chegou a ser socorrido, mas morreu ao dar entrada no Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia.
A investigação
Ao todo, 20 pessoas foram ouvidas na investigação, que percorreu 10 cidades de Minas Gerais, Goiás e São Paulo. O delegado Catão disse que os indiciados foram descobertos porque os pistoleiros de Uberlândia inicialmente sondados para o assassinato foram presos por envolvimento da morte de um dos investigados do caso de Cairo Borges. Houve então a delação sobre o caso do empresário, inclusive com o apontamento do mandante.Entre os quatro indiciados, dois estão mortos, sendo um do grupo de logística contratado, segundo a polícia, por Resende. O mandante apontado pelo inquérito, morreu aos 73 anos de infarto no dia 10 de setembro. Orlando Resende foi secretário de Obras de Uberlândia entre 2001 e 2004 e esteve à frente do Dmae entre 2013 e 2016.
Os outros indiciados, que fariam parte do grupo logístico do crime, são um policial civil aposentado e um homem que possui vasta ficha criminal, inclusive por homicídios. Eles não foram presos.
“A Polícia Civil concluiu o inquérito com indiciamento, encaminhou ao Ministério Público de Minas Gerais, que vai avaliar se oferece denúncia à Justiça ou se vai pedir mais diligências ou até, eventualmente, requerer prisão dos envolvidos”, disse Guilherme Catão.
A delegada Letícia Gamboge explicou que essa é uma das fases da investigação e que os responsáveis pelo atentado em si, contratados em Goiás, seguem sendo investigados.