O Laboratório Central de Saúde Pública da Fundação Ezequiel Dias (Lacen-MG/Funed) deu início a uma ação de vigilância em saúde, para avaliar o comportamento do vírus SARS-Cov-2, que transmite a COVID-19, em pessoas assintomáticas. Além disso, também serão mapeados indivíduos vacinados e não vacinados, em um novo cenário, após um ano e sete meses do início da pandemia da doença.
Leia Mais
COVID-19: Laboratório de BH constata menor taxa de positividadeCOVID-19: Minas registra 21 mortes e 368 casos em 24 horasCOVID-19: Ouro Preto antecipa para hoje vacina para moradores de 12 anosCOVID: soro da Funed falha em teste com hamsters; estudo pode ser encerradoMais de 19 mil famílias não receberam auxílio emergencial do governo de MG'Quem sabe possamos ter um Natal menos triste', diz infectologista da PBHA iniciativa consiste na coleta de 10 mil amostras em pontos fixos de quatro cidades do estado e no Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins.
De acordo com o chefe do Serviço de Virologia e Riquetsioses da Funed, Felipe Iani, esse trabalho é importante uma vez que a população vivencia uma nova etapa da pandemia e, neste momento, é preciso entender a incidência de circulação do vírus em pessoas que não apresentam sintomas.
“Temos boa parte da população vacinada, a maioria dos serviços já voltou a funcionar em sua totalidade, as internações e mortes por COVID-19 estão em queda e o fluxo das pessoas também está sendo retomado. Investigar quais linhagens do vírus estão circulando de acordo com o perfil da população pode nos ajudar a tomar decisões em saúde pública mais estratégicas agora e no futuro”, avalia.
A ação é coordenada em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o Aeroporto Internacional de Belo Horizonte e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Ela tem o apoio da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), National Institutes of Health (NIH) e Ministério da Saúde.
Coleta e sequenciamento de amostras
A Funed ficará responsável por enviar profissionais a lugares específicos para fazer a coleta das amostras de swab nasal. Elas serão submetidas a exame PCR em tempo real e, em caso de amostras positivas, será feito também o sequenciamento genético.
Os participantes ainda devem responder um questionário. Entre as informações, o voluntário terá que informar a idade, presença de alguma comorbidade, se já teve diagnóstico de COVID-19, se está vacinado, com qual vacina e a data da imunização.
Em Minas Gerais, a princípio, quatro municípios vão participar do projeto, por meio de pontos fixos de coleta: Belo Horizonte, Contagem, Pirapora e Montes Claros. Também haverá um ponto de coleta na área de desembarque do Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins, a partir desta quarta-feira (3/11).
Felipe explica que todo o processo deve acontecer em um intervalo de 50 dias, pois é importante que as amostras sejam colhidas sob as mesmas condições epidemiológicas.
“Se houver uma variação na situação da pandemia, isso pode interferir no material que buscamos. Por isso, contaremos com o apoio dos profissionais dos laboratórios macrorregionais para realizar as coletas em Pirapora e Montes Claros”, afirma.
Ao todo, devem ser coletadas 10 mil amostras, sendo que o esperado é detectar o vírus em pelo menos 5% delas.
“Com esse quantitativo, esperamos sequenciar pelo menos 200 amostras, uma vez que nem toda amostra positiva é possível de ser sequenciada, em virtude da carga viral presente”, explica Iani.
Estratégias futuras
Para a coordenadora de Laboratórios e Pesquisa em Vigilância da SES-MG, Jaqueline Oliveira, as informações conseguidas por meio dessa ação vão poder ajudar a responder perguntas importantes com relação ao cenário atual da pandemia no estado.
Com o avanço da cobertura vacinal em Minas, o estado tem experimentado o melhor cenário epidemiológico e assistencial desde o início da pandemia, mesmo no momento em que a variante Delta circula em maior proporção no território. Atualmente, mais de 80% da população está vacinada com a primeira dose e mais de 50% têm o esquema vacinal completo no estado.
Entretanto, Jaqueline destaca que “a estratégia de vigilância genômica atual é direcionada às pessoas sintomáticas, ou seja, aquelas que manifestam algum sintoma ou sinal clínico da COVID-19. Pouco se sabe a respeito da circulação das variantes do coronavírus em assintomáticos no Brasil”.
“Com o avanço da vacinação, o esperado é que a circulação do vírus diminua, gerando infecções com sintomas leves, ou mesmo, sem sintomas. Portanto, essa ação será fundamental para identificarmos qual a proporção de pessoas infectadas na população mineira que não apresentam desenvolvimento de sintomas; se a ausência de sintomas nessas pessoas está relacionada ao fato de estarem vacinados, e ainda, se existe alguma variante do coronavírus associada a esses casos”, completa.
Jaqueline também destaca a importância da participação dos voluntários. “Acompanhamos a importância dos voluntários para o desenvolvimento das vacinas anti-COVID-19. Mais uma vez, convocamos a população a participar desse estudo, pois, além de realizar gratuitamente o exame da COVID-19, os voluntários também estarão contribuindo com a geração de dados que vão subsidiar a vigilância em saúde, para que medidas de saúde pública mais eficazes sejam desenvolvidas de acordo com o cenário atual que vivenciamos em Minas Gerais”, afirma.
* Estagiária sob supervisão da subeditora Ellen Cristie.
Leia mais sobre a COVID-19
Confira outras informações relevantes sobre a pandemia provocada pelo vírus Sars-CoV-2 no Brasil e no mundo. Textos, infográficos e vídeos falam sobre sintomas, prevenção, pesquisa e vacinação.
- Vacinas contra COVID-19 usadas no Brasil e suas diferenças
- Minas Gerais tem 10 vacinas em pesquisa nas universidades
- Entenda as regras de proteção contra as novas cepas
- Como funciona o 'passaporte de vacinação'?
- Os protocolos para a volta às aulas em BH
- Pandemia, endemia, epidemia ou surto: entenda a diferença
- Quais os sintomas do coronavírus?
Confira respostas a 15 dúvidas mais comuns
Guia rápido explica com o que se sabe até agora sobre temas como risco de infecção após a vacinação, eficácia dos imunizantes, efeitos colaterais e o pós-vacina. Depois de vacinado, preciso continuar a usar máscara? Posso pegar COVID-19 mesmo após receber as duas doses da vacina? Posso beber após vacinar? Confira esta e outras perguntas e respostas sobre a COVID-19.