Novas medidas de flexibilização foram implementadas em Belo Horizonte para o combate à COVID-19. Uma delas é a presença de 100% da capacidade de público em eventos e nos estádios de futebol. Também não será mais exigida a distância mínima nos bares e restaurantes - que poderão voltar a funcionar com a capacidade total.
As novas regras foram publicadas no Diário Oficial do Município e definidas pelos integrantes do Comitê de Enfrentamento à COVID-19, diante do avanço da vacinação em Belo Horizonte e da estabilidade nos índices epidemiológicos - medidos pelo percentual de ocupação de leitos e taxa de transmissão do coronavírus.
Sendo assim, o Estado de Minas ouviu o infectologista, membro do Comitê de Enfrentamento da COVID-19 da PBH, Unaí Tupinambás, para saber quais são as expectativas para os próximos meses, o uso de máscara e até mesmo a possibilidade para a realização do carnaval. Confira:
Como o sr. avalia a situação da pandemia hoje, já que retornamos às aulas presenciais e com os públicos nos eventos? Como isso pode se refletir nos índices de controle da COVID-19?
A pandemia está dando alguns sinais interessantes a despeito da ameaça da variante Delta, que é muito mais transmissível. Nós temos visto, nos últimos meses, uma estabilidade do número de casos de COVID - a incidência de novos casos caiu para uma média de 50 a 60 casos por 100 mil habitantes; o RT está variando de pouco menos de um a pouco mais de um. A taxa ocupação também está caindo e, felizmente, a mortalidade. Então, parece que com o avanço da vacinação a gente tem conseguido conter a disseminação, o aumento dos casos por conta dessa variante Delta. A expectativa é que possa ter um aumento ou a manutenção de casos de COVID, mas sem impactos na taxa de ocupação de leitos de CTI e de enfermaria, bem como na mortalidade. Parece que essa estratégia tem dado resultado, já que há três meses Belo Horizonte está quase plenamente funcionando como antes da pandemia. Bares e restaurantes - que são locais com maior risco de transmissão - há mais de três meses estão funcionando e não impactam tanto na taxa de transmissão. O ambiente escolar conta com os alunos, professores e técnicos usando máscara e todos os cuidados do protocolo, o que segurou a onda nesses ambientes. Tivemos poucos surtos e, alguns casos que tiveram, foram relacionados a eventos fora do ambiente escolar. Então, acho que a gente tá caminhando para, quem sabe, uma redução no controle da pandemia e essa pandemia vai ter uma transição para uma 'endemia'. Nós vamos continuar convivendo com a COVID, mas em níveis mais aceitáveis.
Qual a expectativa para os próximos meses? As festas de fim de ano devem ocorrer com normalidade?
Nós não conseguimos fazer muita previsão, porque a prefeitura faz previsões de 15 dias. Mas, com o avanço da vacinação, a gente acredita que até o final deste mês teremos cerca de 90% da população-alvo com as duas doses da vacina COVID-19. Os números continuam a dar sinais de melhora. Mas a gente não pode decretar uma vitória precocemente, temos que ter cautela. Estamos no caminho, não sabemos quando será, mas, provavelmente, com o avanço da vacinação, quem sabe possamos ter um Natal e um Ano-novo menos triste do que foi no ano passado.
Já podemos prever algo para o carnaval?
Em relação ao carnaval, como eu disse anteriormente, a Prefeitura de Belo Horizonte, o comitê e a Secretaria Municipal não fazem precisões tão longas. A gente trabalha com um período curto, de 15 a 30 dias. A gente espera, claro, que a pandemia possa estar melhor, mais controlada do que agora - com o avanço da vacinação, a taxa de mortalidade em queda e a transmissão sob controle. A expectativa é interessante, mas não podemos fazer nenhuma previsão como será no carnaval. A gente torce, todo mundo torce, para que tudo tenha chegado a um desfecho bem mais favorável do que foi o início deste ano.
Será possível 'zerar' o índice de contaminação? Ou continuamos a conviver com o vírus?
A gente acredita que o vírus vai continuar circulando no nosso meio durante anos e, talvez, tenhamos que nos vacinar regularmente contra a COVID-19. Nós vamos ter que saber conviver com esse vírus e, claro, estabelecer a taxa que vamos aceitar como normal. Por exemplo, em 2019, em torno de 5 mil a 10 mil pessoas morreram com H1N1. Isso significa 14 a 30 pessoas mortas diariamente por H1N1. E, no período da gripe, a gente não fecha a cidade, não entra em lockdown. A gente aceita como normal aquelas mortes por influenza. Então, a gente espera que a incidência de COVID reduza. Nós estamos hoje com 300 e 400 mortes por dia, o que ainda é muito. Temos que reduzir essa taxa de letalidade para o nível aceitável. Cada país vai ter o seu nível aceitável como padrão normal. Espero muito que esse nível chegue próximo ao nível de H1N1 que, como eu disse, é de 14 a 30 mortes por dia. Neste momento, esse vírus vai circular entre nós. Vamos, talvez, ter que usar máscara em ambientes críticos durante muitos anos. E nós ainda não sabemos se a vacina será usada regularmente na população não vulnerável. Com certeza, até o meio do ano que vem teremos respostas para essas perguntas.
Já temos uma expectativa para o fim do uso de máscaras?
O que eu tenho falado é que talvez a gente nunca vá abandonar o uso da máscara. Como eu falei, nos ambientes críticos nós vamos ter que usar a máscara. Nós, trabalhadores e trabalhadoras da saúde, no outono e inverno, devemos ir trabalhar com a máscara independentemente se estamos com sintomas ou não, se vamos atender pacientes com sintomas ou não. Talvez, as pessoas mais vulneráveis em algum ambiente mais crítico também. O ambiente crítico é o ambiente fechado, com muita gente: salas de cinema, teatro, bares, restaurantes, ônibus. Talvez aquelas pessoas que têm mais vulnerabilidade para a COVID grave terão que usar a máscara durante um longo tempo. Vale lembrar que a máscara é um grande aliado nosso para combater a COVID. A outra expectativa que nós temos para o ano que vem são drogas antivirais específicas, que atuam no vírus no início da doença. A gente acredita que também teremos esses antivirais, que vão ser uma ferramenta muito potente junto com a máscara no controle da pandemia. Se mesmo depois da vacina você contrair a infecção, você toma esse antiviral que sua evolução será mais favorável. Então, a gente espera que esses medicamentos que estão em fase avançada sejam liberados e o governo brasileiro, o SUS, adquira, como foi o caso do Tamiflu pelo governo de 2009, quando nós compramos para toda a população que assim necessitava.
As novas regras foram publicadas no Diário Oficial do Município e definidas pelos integrantes do Comitê de Enfrentamento à COVID-19, diante do avanço da vacinação em Belo Horizonte e da estabilidade nos índices epidemiológicos - medidos pelo percentual de ocupação de leitos e taxa de transmissão do coronavírus.
Sendo assim, o Estado de Minas ouviu o infectologista, membro do Comitê de Enfrentamento da COVID-19 da PBH, Unaí Tupinambás, para saber quais são as expectativas para os próximos meses, o uso de máscara e até mesmo a possibilidade para a realização do carnaval. Confira:
Como o sr. avalia a situação da pandemia hoje, já que retornamos às aulas presenciais e com os públicos nos eventos? Como isso pode se refletir nos índices de controle da COVID-19?
A pandemia está dando alguns sinais interessantes a despeito da ameaça da variante Delta, que é muito mais transmissível. Nós temos visto, nos últimos meses, uma estabilidade do número de casos de COVID - a incidência de novos casos caiu para uma média de 50 a 60 casos por 100 mil habitantes; o RT está variando de pouco menos de um a pouco mais de um. A taxa ocupação também está caindo e, felizmente, a mortalidade. Então, parece que com o avanço da vacinação a gente tem conseguido conter a disseminação, o aumento dos casos por conta dessa variante Delta. A expectativa é que possa ter um aumento ou a manutenção de casos de COVID, mas sem impactos na taxa de ocupação de leitos de CTI e de enfermaria, bem como na mortalidade. Parece que essa estratégia tem dado resultado, já que há três meses Belo Horizonte está quase plenamente funcionando como antes da pandemia. Bares e restaurantes - que são locais com maior risco de transmissão - há mais de três meses estão funcionando e não impactam tanto na taxa de transmissão. O ambiente escolar conta com os alunos, professores e técnicos usando máscara e todos os cuidados do protocolo, o que segurou a onda nesses ambientes. Tivemos poucos surtos e, alguns casos que tiveram, foram relacionados a eventos fora do ambiente escolar. Então, acho que a gente tá caminhando para, quem sabe, uma redução no controle da pandemia e essa pandemia vai ter uma transição para uma 'endemia'. Nós vamos continuar convivendo com a COVID, mas em níveis mais aceitáveis.
Qual a expectativa para os próximos meses? As festas de fim de ano devem ocorrer com normalidade?
Nós não conseguimos fazer muita previsão, porque a prefeitura faz previsões de 15 dias. Mas, com o avanço da vacinação, a gente acredita que até o final deste mês teremos cerca de 90% da população-alvo com as duas doses da vacina COVID-19. Os números continuam a dar sinais de melhora. Mas a gente não pode decretar uma vitória precocemente, temos que ter cautela. Estamos no caminho, não sabemos quando será, mas, provavelmente, com o avanço da vacinação, quem sabe possamos ter um Natal e um Ano-novo menos triste do que foi no ano passado.
Já podemos prever algo para o carnaval?
Em relação ao carnaval, como eu disse anteriormente, a Prefeitura de Belo Horizonte, o comitê e a Secretaria Municipal não fazem precisões tão longas. A gente trabalha com um período curto, de 15 a 30 dias. A gente espera, claro, que a pandemia possa estar melhor, mais controlada do que agora - com o avanço da vacinação, a taxa de mortalidade em queda e a transmissão sob controle. A expectativa é interessante, mas não podemos fazer nenhuma previsão como será no carnaval. A gente torce, todo mundo torce, para que tudo tenha chegado a um desfecho bem mais favorável do que foi o início deste ano.
Será possível 'zerar' o índice de contaminação? Ou continuamos a conviver com o vírus?
A gente acredita que o vírus vai continuar circulando no nosso meio durante anos e, talvez, tenhamos que nos vacinar regularmente contra a COVID-19. Nós vamos ter que saber conviver com esse vírus e, claro, estabelecer a taxa que vamos aceitar como normal. Por exemplo, em 2019, em torno de 5 mil a 10 mil pessoas morreram com H1N1. Isso significa 14 a 30 pessoas mortas diariamente por H1N1. E, no período da gripe, a gente não fecha a cidade, não entra em lockdown. A gente aceita como normal aquelas mortes por influenza. Então, a gente espera que a incidência de COVID reduza. Nós estamos hoje com 300 e 400 mortes por dia, o que ainda é muito. Temos que reduzir essa taxa de letalidade para o nível aceitável. Cada país vai ter o seu nível aceitável como padrão normal. Espero muito que esse nível chegue próximo ao nível de H1N1 que, como eu disse, é de 14 a 30 mortes por dia. Neste momento, esse vírus vai circular entre nós. Vamos, talvez, ter que usar máscara em ambientes críticos durante muitos anos. E nós ainda não sabemos se a vacina será usada regularmente na população não vulnerável. Com certeza, até o meio do ano que vem teremos respostas para essas perguntas.
Já temos uma expectativa para o fim do uso de máscaras?
O que eu tenho falado é que talvez a gente nunca vá abandonar o uso da máscara. Como eu falei, nos ambientes críticos nós vamos ter que usar a máscara. Nós, trabalhadores e trabalhadoras da saúde, no outono e inverno, devemos ir trabalhar com a máscara independentemente se estamos com sintomas ou não, se vamos atender pacientes com sintomas ou não. Talvez, as pessoas mais vulneráveis em algum ambiente mais crítico também. O ambiente crítico é o ambiente fechado, com muita gente: salas de cinema, teatro, bares, restaurantes, ônibus. Talvez aquelas pessoas que têm mais vulnerabilidade para a COVID grave terão que usar a máscara durante um longo tempo. Vale lembrar que a máscara é um grande aliado nosso para combater a COVID. A outra expectativa que nós temos para o ano que vem são drogas antivirais específicas, que atuam no vírus no início da doença. A gente acredita que também teremos esses antivirais, que vão ser uma ferramenta muito potente junto com a máscara no controle da pandemia. Se mesmo depois da vacina você contrair a infecção, você toma esse antiviral que sua evolução será mais favorável. Então, a gente espera que esses medicamentos que estão em fase avançada sejam liberados e o governo brasileiro, o SUS, adquira, como foi o caso do Tamiflu pelo governo de 2009, quando nós compramos para toda a população que assim necessitava.
Leia mais sobre a COVID-19
Confira outras informações relevantes sobre a pandemia provocada pelo vírus Sars-CoV-2 no Brasil e no mundo. Textos, infográficos e vídeos falam sobre sintomas, prevenção, pesquisa e vacinação.
- Vacinas contra COVID-19 usadas no Brasil e suas diferenças
- Minas Gerais tem 10 vacinas em pesquisa nas universidades
- Entenda as regras de proteção contra as novas cepas
- Como funciona o 'passaporte de vacinação'?
- Os protocolos para a volta às aulas em BH
- Pandemia, epidemia e endemia. Entenda a diferença
- Quais os sintomas do coronavírus?
Confira respostas a 15 dúvidas mais comuns
Guia rápido explica com o que se sabe até agora sobre temas como risco de infecção após a vacinação, eficácia dos imunizantes, efeitos colaterais e o pós-vacina. Depois de vacinado, preciso continuar a usar máscara? Posso pegar COVID-19 mesmo após receber as duas doses da vacina? Posso beber após vacinar? Confira esta e outras perguntas e respostas sobre a COVID-19.