Uma cela superlotada foi o motivo do motim feito na tarde desta quinta-feira (4/11), no presídio Inspetor José Martinho Drumond, em Ribeirão das Neves, na Grande BH. A informação foi repassada por uma familiar de um preso que estava no mesmo local onde um colchão foi incendiado. A informação oficial é de que seis detentos ficaram em estado grave.
A servente de escola Flávia Nogueira Costa, de 35 anos, é irmã de um detento que estava na mesma cela onde outros presos colocaram fogo em um colchão. Segundo ela, que ficou sabendo do motim pela imprensa, o local abrigava 20 pessoas, sendo que a capacidade era de oito. O irmão da mulher já havia reclamado do problema.
"Na última vez que minha irmã foi visitar ele, há 15 dias, ele falou que (a cela) estava lotada", disse Flávia, ao Estado de Minas.
No momento da entrevista, Flávia estava na porta do Hospital João XXIII, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte. A unidade é referência no tratamento de queimados. Ela procurava notícias do irmão, mas, até a última atualização desta reportagem, o paradeiro do homem ainda era desconhecido.
"Infelizmente ainda não tivemos notícias. Estamos aguardando, pois falaram com a gente que tem sete aqui em estado grave. Os outros (presos) foram levados para o Hospital São Judas Tadeu e Risoleta Neves".
Apreensiva, Flávia deu o nome do irmão para uma enfermeira do pronto-socorro e passou seu número de telefone. "Queria ser até uma formiga para entrar lá dentro", concluiu.
Superlotação
O presídio Inspetor José Martinho Drumond tem 2.270 internos, segundo relatório do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A unidade tem capacidade para 1.047 presos.
Em nota, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) informou que um detento foi responsável por iniciar o incêndio. A identificação foi feita pelo Departamento Penitenciário de Minas Gerais (Depen-MG).
Segundo a pasta, havia 18 presos na cela. Doze deles foram encaminhados para hospitais de Belo Horizonte e de Ribeirão das Neves para atendimento por inalação de fumaça ou queimaduras.
"Entre os que sofreram queimaduras, cinco foram transportados de forma aérea, pois os casos são mais graves. Os seis custodiados restantes foram atendidos pela equipe médica da própria unidade prisional", disse a Sejusp.
A Sejusp diz ainda que "o ocorrido na unidade não se trata de uma rebelião, e no momento a ação já está controlada no interior da unidade prisional. A direção do presídio irá instaurar um procedimento interno de investigação para apurar administrativamente o fato. O Depen-MG seguirá acompanhando o estado de saúde de todos os custodiados. Nenhum servidor foi atingido. Mais informações serão disponibilizadas em momento oportuno".