Ele já foi impiedosamente pichado, teve gente acorrentada à sua base em ato de protesto, ganhou camisinha gigante em campanha contra a Aids, testemunhou centenas de manifestações políticas e sempre foi uma referência importante para os belo-horizontinos. O Pirulito da Praça Sete, marco do "coração" de Belo Horizonte, teve sua pedra fundamental lançada em 7 de setembro de 1922 e foi inaugurado em 7 de setembro de 1924. Sua história, iniciada em Betim, é recheada de fatos memoráveis, polêmicas e mudanças.
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Segundo pesquisa de Luiz Henrique Garcia, doutor em história e professor de museologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o pirulito foi retirado da Praça Sete em 1962 pelo prefeito Amintas de Barros (de 1959 a 1963), para ficar abandonado num lote ao lado do Museu Histórico da Cidade, atual MhAB, na Cidade Jardim, Região Centro-Sul de BH.
Com a Praça Sete livre para o crescente trânsito de veículos, foi erguido ali um monumento executado por H. Leão Veloso com o busto de importantes personalidades da nova capital: Aarão Reis, Afonso Pena, Augusto de Lima e Bias Fortes. A homenagem ao quarteto ilustre ficou no local de 1963 a 1970, sendo levada para o Parque Municipal Américo René Giannetti.
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Em 1963, o pirulito foi transferido para a Praça Diogo de Vasconcelos, na Savassi. Enquanto isso, de acordo com o professor Luiz Henrique, a Praça Sete se tornava “uma área asfaltada, sem qualquer marco de referência, ou, quando muito, uma guarita da Polícia Militar”. Somente em 1980, “depois de grande mobilização popular e reivindicação”, o obelisco retornou ao seu ponto de origem.
Transporte no trem e no bonde
Segundo a série de reportagens "A doce guerra do pirulito", publicada em 1976 pelo Diário da Tarde, dos Diários Associados, as autoridades de Betim chegaram a pedir o monumento de volta, tal o esquecimento a que foi relegado o obelisco naqueles tempos. As matérias contavam a saga que foi a produção da peça em Betim."A pedra foi tirada inteiriça com uso de fogo elétrico e depois entregue aos talhadores, um dos quais é o senhor Divino Ferreira". E mais: "Muita gente sabe que ele foi transportado de Betim para Belo Horizonte pela empresa Emílio Señor, através do leito da Estrada de Ferro Central do Brasil. Para chegar até a Praça Sete, foi preciso construir um lastro ferroviário até o local, pois na época não havia caminhões e guindastes de grande porte em Belo Horizonte", relatava a reportagem à época.
Outra pesquisa mostra que foi montado um esquema especial, à noite, para não interferir no tráfego de veículos. As enormes pedras de cantaria foram transportadas de trem até o Bairro Lagoinha e, depois, de bonde até seu destino final.
Em 1977, o Pirulito foi tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha), como monumento comemorativo do centenário da Independência do Brasil. Em 1994, ficou mais protegido, já que o Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município de Belo Horizonte tombou o conjunto urbano da Avenida Afonso Pena, incluindo a Praça Sete.
Agulha de sete metros
De acordo com o Iepha/MG, o Pirulito da Praça Sete tem uma base clássica, em forma de pirâmide, e mostra uma placa de bronze do escultor João Amadeu Mucchiut com inscrição comemorativa. É formado por uma agulha de sete metros de altura, apoiada sobre pedestal quadrangular ornamentado por um poste em cada uma de suas quatro arestas.O pedestal é composto por 28 peças de cantaria e dividido em três fiadas: a primeira, com 12 pedras, forma a base quadrada com 7,60m de lado e 70cm de altura; a segunda, com oito pedras, tem 4,99m de base e 53cm de altura; e a terceira, desenhada em curva, tem 2,40m de altura e 1,85m de largura.
Em 1997, o obelisco foi restaurado, retomando seu tamanho original de 13,57m (nos anos 1960, quando foi retirado da Praça Sete, teve oito centímetros da ponta quebrados), sendo usado na recuperação granito cinza de Sabará.
Linha do tempo do Pirulito da Praça Sete
1894 –Na planta original de BH, a Praça Sete tem o nome de Praça 14 de Outubro, data da criação da Comissão de Estudos das Localidades Indicadas para a Nova Capital
1922 – Praça recebe o nome de Sete de Setembro em homenagem ao centenário da Independência. Em 7 de setembro, é lançada a pedra fundamental do obelisco esculpido na antiga Pedreira Gravatá, em Betim
1924 – Inaugurado em 7 de setembro o Pirulito da Praça Sete. A ideia de instalar o monumento foi do então presidente de Minas, Raul Soares
1962 – Durante a administração do prefeito Amintas de Barros, obelisco é retirado da Praça Sete, ficando abandonado num lote ao lado do Museu Histórico da Cidade, atual Museu Histórico Abílio Barreto
1963 – Obelisco é transferido para a Praça Diogo de Vasconcelos, na Savassi, e reinaugurado em 12 dezembro, data do aniversário de BH
1977 – Monumento é tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha)
1980 – Pirulito retorna à Praça Sete, no Centro, depois de mobilização popular
1994 – Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município de Belo Horizonte tomba o conjunto urbano da Avenida Afonso Pena, incluindo a Praça Sete
2022 – O Pirulito da Praça Sete completará, em 7 de setembro, 100 anos do lançamento de sua pedra fundamental