A agonia da família de Uberlandio Antônio da Silva chegou ao fim após mais de 1 mil dias. O mecânico era uma das vítimas do rompimento da Barragem de Córrego do Feijão, em Brumadinho, ocorrido em 25 de janeiro de 2019, em Brumadinho, e foi, enfim, identificado. A informação foi confirmada pela Polícia Civil nesta quarta-feira (10/11). Agora, sete das 270 vítimas ainda não foram encontradas e/ou identificadas.
Uberlandio nasceu no dia 20 de julho de 1963 (tinha 55 anos no dia do rompimento) e era natural de Linhares (ES). A família, inicialmente, não autorizou que o nome fosse divulgado pelas autoridades, mas liberou posteriormente.
Os detalhes foram repassados pela diretora do Instituto de Criminalística, Carla de Vasconcelos, e pelos peritos Ângela Romano e Higgor Dorlas. ''O pessoal já está trabalhando há 1.021 dias. Foi um trabalho pericial muito complexo, envolve muitas estruturas, seções especializadas', disse Carla de Vasconcelos.
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A comunicação da identificação do corpo foi feita pelo serviço social do IML.
O corpo foi encontrado no dia 2 de outubro na região conhecida como Ferteco 1. ''Fui acionada para comparecer à mina onde tinham encontrado um corpo praticamente inteiro e no local eu fiz os trabalhos'', afirmou Ângela Romano.
Ao todo, 263 pessoas que morreram em decorrência do rompimento da barragem já foram identificadas.
''Reforçamos nosso agradecimento ao governador Romeu Zema por manter o compromisso de continuidade das buscas, possibilitando os encontros das nossas joias'', disse a Comissão dos Não Encontrados, por meio de nota.
''Estendemos o agradecimento ao Corpo de Bombeiros e todos os envolvidos que direta ou indiretamente contribuem para que todas sejam encontradas'', acrescentou.
Em 6 outubro, a Polícia Civil havia identificado outro corpo. Tratava-se de Angelita Cristiane Freitas de Assis, que morreu aos 37 anos. Ela trabalhava como técnica de enfermagem do trabalho, era casada e tinha dois filhos.
Ainda existem de 20 a 30 segmentos corpóreos para serem analisados pelo IML. E a Polícia Civil espera que esse número aumente por causa da mudança de estratégia dos bombeiros (leia mais abaixo).
A Operação
Os trabalhos das autoridades mineiras em Brumadinho já passaram de mil dias desde o rompimento da Barragem B1, da Mina Córrego do Feijão, de propriedade da Vale, em 25 de janeiro de 2019.
O Corpo de Bombeiros começou, em setembro, a utilizar uma nova estratégia que pode diminuir em dois anos o tempo de buscas - antes, a previsão era de que elas poderiam levar mais quatro anos até chegar ao fim.
Conforme o Estado de Minas mostrou no mês passado, a operação está ancorada atualmente em estações de busca na área onde funcionava o Terminal de Carga Ferroviário (TCF) da mineradora. Essas estações abrigam um maquinário capaz de melhorar a observação do rejeito revirado, pois já é utilizada para "peneirar" o minério e foi adaptada especificamente para a operação. Esse novo método é baseado na segregação granulométrica.
Um maquinário recebe o rejeito que ainda não foi vistoriado e separa para vistoria de acordo com a gramatura do material. Dentro da cabine, dois bombeiros observam atentos tudo que passa pela esteira e, em caso de visualizar algum objeto que possa ser segmento de corpo, o operador interrompe a máquina, o material é recolhido e enviado para a análise do Instituto Médico-Legal (IML).