Um dia depois da queda do avião que matou a cantora Marília Mendonça e mais quatro pessoas, em Piedade de Caratinga, no Vale do Rio Doce, técnicos do 3º Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa) estiveram no local do acidente para iniciar os trabalhos de investigação. Foi só o primeiro de vários passos a serem dados até a formulação do relatório final que apontará as causas do acidente, que não tem prazo para ser divulgado.
Os aspectos médicos do piloto e copiloto também são analisados, assim como os psicológicos. Neste último caso, por exemplo, os investigadores procuram saber as principais características dos tripulantes na vida pessoal e suas respectivas trajetórias na aviação.
As condições meteorológicas do momento do acidente também são verificadas e citadas em relatórios finais emitidos pelo Cenipa. Os investigadores também costumam ir atrás das gravações entre as conversas do piloto com o controle de espaço aéreo. Como o Aeroporto de Ubaporanga não possui torre de controle, tudo é coordenado com pessoas que ficam em uma frequência de rádio. Um dos pilotos que estava em voo na hora da tragédia chegou a ouvir o diálogo entre o comandante que transportava Marília Mendonça com a pessoa que estava na rádio.
O uso da caixa-preta no avião, de modelo C90A, fabricado pela Beech Aircraft, é opcional. Os investigadores concluíram que a aeronave não possuía o equipamento, mas, sim, um spot geolocalizador, que fornece pontos de coordenadas geográficas por onde o avião passou antes de cair. A análise será fundamental e certamente irá constar no relatório final, uma vez que o avião atingiu cabos da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig).
Além de fotografar cenas, os investigadores recolheram partes do avião, ouviram testemunhas e reuniram documentos da aeronave. Os destroços serão partes fundamentais para os trabalhos, uma vez que tudo é montado como se fosse um "quebra-cabeça" para se chegar à conclusão sobre como se deu o impacto do equipamento com o solo, por exemplo. Tudo é descrito no relatório final.
Vale lembrar que o trabalho de investigação de um acidente aéreo é feito por detalhes, portanto, não há um tempo previsto para a divulgação do relatório final. O procedimento, também, não aponta culpados. O objetivo é apenas identificar os problemas que ocasionaram o acidente e evitar que outros similares ocorram.
Gabriel Diniz
O acidente que matou o cantor Gabriel Diniz e mais duas pessoas, em 27 de maio de 2019, em Sergipe, também foi investigado pelo Cenipa. Os trabalhos levaram mais de um ano, uma vez que o relatório final
foi divulgado em 30 de outubro de 2020
. Como a aeronave caiu em uma área de mangue, até mesmo a vegetação foi analisada pelos profissionais durante a apuração, para tentar entender como foi a queda.
O documento apontou uma série de fatores para o acidente, como condições meteorológicas adversas, planejamento de voo, indisciplina de voo, entre outros. O Cenipa chegou a conclusão de que o avião se desprendeu ainda no ar, com a queda de vários componentes, como asas, estabilizadores, etc.
O relatório completo do acidente pode ser acessado por meio do
link
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