Enquanto aguardam as autorizações dos órgãos ambientais, de saúde e agricultura para voltar a usar o Rio Paraopeba, ribeirinhos entre Brumadinho e Pompéu já receberam 1 bilhão de litros de água em 40 captações permanentes ou reativadas pela Vale.
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Alternativas para abastecer os municípios que captavam no manancial atingido pelo rompimento estão em funcionamento, segundo a Vale.
No primeiro semestre de 2021 foi entregue a adutora do Rio Pará. Com 50 quilômetros de extensão, a estrutura faz a captação de água nesse rio para garantir o atendimento direto ao município de Pará de Minas. A vazão da estrutura é de 284 l/s, mesmo volume que o município captava no rio Paraopeba antes do rompimento da barragem.
Em Paraopeba e Caetanópis, três novas estruturas irão garantir o acesso a água de qualidade para toda a população. As duas primeiras, já em funcionamento, são a perfuração de poços tubulares profundos e a construção de captação superficial no ribeirão do Cedro. Os dois municípios também contarão, em breve, com um novo reservatório de água bruta, de capacidade de 700 mil m³.
Os produtores que dependem da água conferem a qualidade sempre que o recurso é entregue, como o produtor rural Alexandre Souza Cruz, morador de Esmeraldas. “Nas fazendas, trabalhamos com gado de leite e, também, temos cavalos. Quando ela (a água) é entregue, (os entregadores) mostram como está o pH, a quantidade de cloro, e dá para usar para tudo”, afirma.
Marco Furini, coordenador agropecuário da Vale, afirma que o uso de tecnologia garante mais confiabilidade e rastreabilidade ao processo de entrega. “Temos a responsabilidade de levar água de qualidade às pessoas. Por isso, criamos um processo para fazermos da forma mais transparente possível, entregando a melhor qualidade dentro do que prevê a legislação.”
Alexandre e donos de outras 260 propriedades recebem também produtos para a alimentação animal de suas criações. A entrega já ultrapassou a marca de 100 milhões de quilos. Nesses locais, também já foram concluídas instalações hidráulicas e de bebedouros, além da instalação de caixas d’água, segundo a Vale.
As avaliações de monitoramento demonstram, segundo a Vale, que o Rio Paraopeba vem apresentando sinais de melhora em diversos parâmetros físico-químicos. "A análise dos parâmetros ferro e manganês, na forma total, elementos que podem ser correlacionados de maneira direta ao rompimento, demonstra que a qualidade da água está em fase de transição, com uma progressiva redução das concentrações entre os períodos chuvosos e de estiagem, e testes estatísticos de tendência comprovam a recuperação da qualidade das águas nas regiões mais impactadas", afirma a empresa.
São 70 pontos de monitoramento, mais de 38 mil amostras coletadas, cerca de 5,6 milhões de resultados de análises de água, solo, rejeito e sedimentos, além de cerca de 250 profissionais envolvidos no processo. Para modernizar ainda mais o processo, também é realizado o monitoramento automático, através de 11 estações telemétricas, o que permite a medição remota de hora em hora, com transmissão de dados visa satélite, aumentando a eficiência das informações.
Desde janeiro de 2019, a qualidade da água do rio Paraopeba é monitorada pelo Igam e pela Vale. Alguns dos afluentes também são acompanhados de forma preventiva, assim como o reservatório da Usina Hidrelétrica de Três Marias e o rio São Francisco, uma vez que não foram afetados pelos rejeitos.
O trabalho é acompanhando por auditória técnica e ambiental independente, indicada pelo Ministério Público de Minas Gerais. Os dados obtidos pelos trabalhos de monitoramento são periodicamente entregues aos órgãos fiscalizadores.
O Igam, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais e a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento mantêm a recomendação de não utilização da água bruta do rio Paraopeba, como medida preventiva, no trecho que abrange os municípios de Brumadinho até o limite da Usina hidrelétrica Retiro Baixo, em Pompéu.