Jornal Estado de Minas

ABASTECIMENTO

Sem Paraopeba, atingidos já receberam 2,3 bilhões de litros após Brumadinho

Enquanto aguardam as autorizações dos órgãos ambientais, de saúde e agricultura para voltar a usar o Rio Paraopeba, ribeirinhos entre Brumadinho e Pompéu já receberam 1 bilhão de litros de água em 40 captações permanentes ou reativadas pela Vale.



Somado a isso, desde o rompimento da Barragem B1 da Mina Córrego de Feijão, em 25 de janeiro de 2019, também foram distribuídos 1,3 bilhão de litros de água potável, entregues por meio caminhões pipa a moradores de 16 municípios impactados.

De acordo com nota técnica do Instituto Mineiro de Gestão de Águas (Igam) têm direito ao recebimento de água as famílias que faziam captação de água diretamente no Rio Paraopeba, independentemente da distância do rio, além daquelas que tinham captações subterrâneas instaladas a até 100 metros da margem do rio, de Brumadinho até a Usina de Retiro Baixo, em Pompéu.

Alternativas para abastecer os municípios que captavam no manancial atingido pelo rompimento estão em funcionamento, segundo a Vale.

Captação alternativa ao Rio Paraopeba no Rio Pará garante abastecimento em Pará de Minas (foto: Vale/Divulgação)
No primeiro semestre de 2021 foi entregue a adutora do Rio Pará. Com 50 quilômetros de extensão, a estrutura faz a captação de água nesse rio para garantir o atendimento direto ao município de Pará de Minas. A vazão da estrutura é de 284 l/s, mesmo volume que o município captava no rio Paraopeba antes do rompimento da barragem.



Em Paraopeba e Caetanópis, três novas estruturas irão garantir o acesso a água de qualidade para toda a população. As duas primeiras, já em funcionamento, são a perfuração de poços tubulares profundos e a construção de captação superficial no ribeirão do Cedro. Os dois municípios também contarão, em breve, com um novo reservatório de água bruta, de capacidade de 700 mil m³.

Os produtores que dependem da água conferem a qualidade sempre que o recurso é entregue, como o produtor rural Alexandre Souza Cruz, morador de Esmeraldas. “Nas fazendas, trabalhamos com gado de leite e, também, temos cavalos. Quando ela (a água) é entregue, (os entregadores) mostram como está o pH, a quantidade de cloro, e dá para usar para tudo”, afirma.

Alexandre Souza Cruz, morador de Esmeraldas e produtor rural confere a qualidade da água sempre que a recebe (foto: Vale/Divulgação)
Marco Furini, coordenador agropecuário da Vale, afirma que o uso de tecnologia garante mais confiabilidade e rastreabilidade ao processo de entrega. “Temos a responsabilidade de levar água de qualidade às pessoas. Por isso, criamos um processo para fazermos da forma mais transparente possível, entregando a melhor qualidade dentro do que prevê a legislação.”



Alexandre e donos de outras 260 propriedades recebem também produtos para a alimentação animal de suas criações. A entrega já ultrapassou a marca de 100 milhões de quilos. Nesses locais, também já foram concluídas instalações hidráulicas e de bebedouros, além da instalação de caixas d’água, segundo a Vale.

As avaliações de monitoramento demonstram, segundo a Vale,  que o Rio Paraopeba vem apresentando sinais de melhora em diversos parâmetros físico-químicos. "A análise dos parâmetros ferro e manganês, na forma total, elementos que podem ser correlacionados de maneira direta ao rompimento, demonstra que a qualidade da água está em fase de transição, com uma progressiva redução das concentrações entre os períodos chuvosos e de estiagem, e testes estatísticos de tendência comprovam a recuperação da qualidade das águas nas regiões mais impactadas", afirma a empresa.

São 70 pontos de monitoramento, mais de 38 mil amostras coletadas, cerca de 5,6 milhões de resultados de análises de água, solo, rejeito e sedimentos, além de cerca de 250 profissionais envolvidos no processo. Para modernizar ainda mais o processo, também é realizado o monitoramento automático, através de 11 estações telemétricas, o que permite a medição remota de hora em hora, com transmissão de dados visa satélite, aumentando a eficiência das informações.



Mais de 70 pontos de coleta integram o sistema de monitoramento da qualidade da água do Rio Paraopeba após o rompimento (foto: Vale/Divulgação)
Desde janeiro de 2019, a qualidade da água do rio Paraopeba é monitorada pelo Igam e pela Vale. Alguns dos afluentes também são acompanhados de forma preventiva, assim como o reservatório da Usina Hidrelétrica de Três Marias e o rio São Francisco, uma vez que não foram afetados pelos rejeitos.

O trabalho é acompanhando por auditória técnica e ambiental independente, indicada pelo Ministério Público de Minas Gerais. Os dados obtidos pelos trabalhos de monitoramento são periodicamente entregues aos órgãos fiscalizadores.

O Igam, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais e a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento mantêm a recomendação de não utilização da água bruta do rio Paraopeba, como medida preventiva, no trecho que abrange os municípios de Brumadinho até o limite da Usina hidrelétrica Retiro Baixo, em Pompéu.

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