Um dos 26 homens mortos durante uma operação policial em Varginha, no fim de outubro, participou de um assalto a banco em Minas Gerais, em 2017. As informações foram obtidas através de um cruzamento de dados por meio do DNA do rapaz, que foi coletado e enviado para a Rede Integrada de Bancos de Perfis Genéticos (RIBPG), coordenada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP).
De acordo com o cruzamento de dados, o homem esteve envolvido em um arrombamento de uma agência da Caixa Econômica Federal, em Itapagipe, no Triângulo Mineiro, em 2017. Após as mortes, o DNA de todos os homens foram coletados e inseridos no banco de dados para que fossem feitas as comparações. O objetivo era descobrir se algum dos suspeitos participou de crimes no passado.
Este foi o primeiro caso confirmado de cruzamento de dados que envolve assalto a banco. Os 26 homens mortos são suspeitos de participar do chamado "novo cangaço", grupo especializado em crimes contra instituições financeiras. De acordo com a Polícia Militar (PM), eles visavam executar a mesma ação em Minas, quando foram surpreendidos.
De acordo com o Ministério da Justiça e Segurança Pública, as buscas por outros "matches" continuam. A pasta acredita que poderá descobrir a participação de mais homens em outros crimes.
"O trabalho da Rede Integrada de Bancos de Perfis Genéticos é fazer esta integração e auxiliar as investigações em âmbito nacional e estadual", afirmou Ronaldo Carneiro, administrador do Banco Nacional de Perfis Genéticos e coordenador do Comitê Gestor da Rede Integrada de Bancos de Perfis Genéticos.
A Rede Integrada de Bancos de Perfis Genéticos é uma das estratégias do Ministério da Justiça e Segurança Pública para auxiliar investigações criminais no país. Segundo a pasta, desde que foi criada, a rede já ajudou em mais de 2.800 trabalhos policiais.
A operação
A operação da Polícia Militar e da PRF aconteceu em dois sítios localizados em Varginha. Oficialmente, a Polícia Militar informa que houve dois confrontos.
Na primeira chácara, 18 suspeitos foram mortos. Já na segunda, mais oito morreram. Nenhum policial se feriu.
De acordo com a corporação, eles participariam de ataques a agências bancárias no domingo ou nessa segunda na Região Sul do estado.
Com eles, a polícia encontrou e apreendeu um arsenal de guerra com fuzis, explosivos, pistolas, carregadores, 5.059 balas e outros materiais, como roupas, rádios, coletes e canetas laser.
Durante coletiva de imprensa sobre a operação, as autoridades revelaram que o alvo da quadrilha seria o Setor de Retaguarda e Tesouraria do Banco do Brasil (Seret) ou alguma empresa de transporte de valores.
"O trabalho começou após denúncias anônimas. É uma operação que foi planejada e muito bem estruturada. O grande êxito da operação foi esse: nenhum cidadão teve alguma situação de risco. A ideia era fazer a prisão, mas quando notaram a presença dos policiais, revidaram", explicou o chefe da comunicação da PRF, inspetor Aristides Júnior.