Jornal Estado de Minas

FALTA DE CIVILIDADE

A máscara caiu? Desleixo transforma em poluição o que deveria ser proteção

Elas estão em toda parte: nas ruas, nos canteiros, na pista de caminhada, perto do brinquedo das crianças e nos cantos das calçadas. Mas não exatamente no lugar correto: podem estar grudadas no asfalto, na terra, no meio do mato, na grama do parque, abandonadas no passeio, às vezes caídas junto ao banco da praça. Em tempos de pandemia, as máscaras que deveriam estar nos rostos ou, após o uso, ser descartadas corretamente no lixo, andam à solta nos centros urbanos, em frente a condomínios e até na zona rural.





Nos últimos três meses, a equipe do Estado de Minas flagrou essa forma de desrespeito com a limpeza urbana e a saúde coletiva em Belo Horizonte e cidades do interior. Brancas, pretas, coloridas, com bolinhas, listradas ou cheia de desenhos, as máscaras incomodam a quem passa nas vias públicas. Tanto que, ao ver o repórter fotografando o fundamental equipamento de proteção facial contra o coronavírus, um homem que caminhava pela Avenida José Cândido da Silveira, no Bairro Cidade Nova, na Região Nordeste da capital, parou e observou: “É um absurdo. Com tanta doença por aí e ainda jogam a máscara no chão”.

As situações são muitas. Na mesma avenida, as máscaras usadas podem ser encontradas sobre a grama, junto aos aparelhos de ginástica e brinquedos das crianças, a exemplo de uma lagarta feita de pneus, e até no canteiro de uma árvore. Diante de uma escola municipal no Bairro Granja de Freitas, na Região Leste, a máscara, com o vaivém dos carros, grudou no asfalto.

E elas estão por todos os lados. No turístico distrito de São Bartolomeu, em Ouro Preto, na Região Central do estado, visitantes descuidados descartaram as suas à beira do Rio das Velhas, que é bem limpo nessa região. Proteção jogada também pelos cantos de Ravena, em Sabará, na Grande BH, assim como no município vizinho de Santa Luzia.





Na capital

Perto dos brinquedos da criançada, mais um mau exemplo flagrante (foto: GUSTAVO WERNECK/EM/D.A PRESS)
A Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU), informa que não há estatística específica para esse tipo de registro, em virtude da logística de recolhimento dos resíduos que, muitas vezes, são coletados do chão bastante misturados a outros tipos de lixo. Os profissionais da varrição relatam a presença de máscaras jogadas em espaços públicos, “no entanto, a SLU tem observado uma redução da presença desses dispositivos de proteção nos últimos meses, em comparação a outros momentos da pandemia.”

A forma correta

Desleixo dá trabalho aos moradores do Bairro Boa Esperança, em Santa Luzia (foto: GUSTAVO WERNECK/EM/D.A PRESS)
O descarte de máscaras deve seguir normas, conforme orienta a coordenadora do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar da Santa Casa BH, Neila Félix. No caso de unidades hospitalares, centros de saúde e outros, a Organização Pan-Americana de Saúde e Anvisa determina que o material seja colocado em sacos fechados.

No caso de descarte em domicílio, o indicado é colocar no lixo do banheiro, também bem fechado. Com isso, evita-se que as máscaras se misturem ao lixo orgânico e reciclado e caiam nas mãos de catadores. Se possível, o ideal é que haja a identificação no saco de lixo de que há máscara, para não haver contaminação nos aterros sanitários.

Os cuidados com o meio ambiente também devem ser observados. Então, explica Neila, o ideal é retirar as tiras elásticas, que se prendem nas orelhas, para impedir que essas partes fiquem presas no bico ou pés de animais.












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