"A jabuticaba está muito boa, doce e grande". Foi com muito orgulho que o produtor Joel Teixeira Santos, de 51 anos, falava da mercadoria que expunha no Festival da Jabuticaba, em Sabará, na manhã deste domingo (14/11). No entanto, 24 horas antes do relato, o comerciante, assim como outros colegas de função, estavam apreensivos para saber se o evento aconteceria, até que houve a liberação do Corpo de Bombeiros na noite deste sábado (13/11).
Durante todo o sábado, alguns comerciantes foram até a porta do Centro Administrativo Prefeito Hélio Geraldo de Aquino, onde acontece o festival, para tentar vender jabuticabas, visando minimizar os prejuízos. Uma dessas pessoas foi Joel, que levou 30 caixas da fruta para a rua e conseguiu negociar apenas oito, voltando com 22 unidades para casa.
Este domingo seria mais um dia de vendas na rua para Joel. Ele saiu de casa às 4h para encontrar um bom local para vender jabuticabas, mas, ao chegar na porta do centro administrativo, uma surpresa: o evento estava autorizado a acontecer. O sentimento de tristeza, então, deu lugar ao otimismo. Quando conversou com a reportagem, por volta das 11h, o comerciante havia vendido 10 caixas, do total de 40. Aos poucos o público chegava no evento.
"A respeito de ontem, foi triste. Viemos com 30 caixas de jabuticaba e vendemos praticamente nada. Ficamos sem local. Foi um problema. Hoje o pessoal está chegando, então vamos vendendo. Pelo menos um pouco está saindo. A jabuticaba está muito boa, doce e grande", disse Joel.
Apreensão e solidariedade
Virgínia Santos Ferreira estava com o seu stand pronto para receber o público na sexta-feira, quando recebeu a notícia de que o evento havia sido embargado pelos bombeiros. A partir desse momento, o clima foi de apreensão não só para ela, mas para outras produtoras. Virgínia faz parte da Associação de Produtores de Derivados da Jabuticaba de Sabará (Asprodejas). Segundo ela, o primeiro pensamento que veio na cabeça dela e das colegas foi em relação ao capital investido.
"É muito investimento para poder fazer acontecer e muitas pessoas investem para pagar depois. Então a apreensão de muitas era sobre como fazer para pagar depois. Tem muito fornecedor que oferece para pagar depois. A maior renda anual nossa é o Festival da Jabuticaba. Programamos o ano inteiro para esse festival. Assim que recebemos a notícia (da liberação), foi um alívio", celebrou.
A comerciante destacou a solidariedade recebida por parte do público nas redes sociais. Mas, com a liberação, ela espera recuperar os dias em que o festival foi embargado. Neste domingo ela já aguardava a clientela ansiosamente expondo os seguintes produtos: geleias, cebola caramelizada, vinho, licor, cachaça, molhos e conhaque.
"A expectativa de vendas para essa semana é recuperar os dois dias perdidos. Na sexta tinha muita gente do lado de fora".
15 anos de festival
Artur Henrique Santos, de 28 anos, já dedicou 15 deles ao Festival da Jabuticaba. No momento em que conversava com a reportagem, ele observava a chegada dos clientes nesta manhã, após passar todo o sábado aguardando a liberação dos bombeiros. Em uma hora de vendas, já havia negociado três caixas e a meta é vender 12.
"Ano passado nem frutas podíamos vender, era mais produtos mesmo, pois estava virtual. Hoje com o controle da pandemia estamos conseguindo vender. Vai dar tudo certo", disse Artur, mantendo o otimismo.
Alegria
O secretário municipal de Cultura e Turismo de Sabará, André Alves, destacou o sentimento de alegria após a cidade conseguir a autorização para realizar o festival. Com expectativa de casa cheia, já que o evento pretende receber 2 mil pessoas, André destacou que os comerciantes se mobilizaram em prol da festa, que possui movimentação financeira semelhante ao do carnaval.
"Há, realmente, essa expectativa do comércio estar participando efetivamente do evento. É a grande festa do município, semelhante em movimentação financeira ao carnaval, então a gente tem visto realmente que o comércio tem se mobilizado e, se Deus quiser, será uma grande festa", concluiu.