O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) segue trabalhando para checar o que levou o avião que transportava a cantora Marília Mendonça e mais quatro pessoas até Caratinga, no Vale do Rio Doce, a cair na tarde de 5 de novembro, deixando todos os ocupantes mortos. Como a aeronave não possuía caixa-preta, os celulares das vítimas e o sistema de GPS dos aparelhos, além do que estava no próprio avião, serão utilizados nas investigações.
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O chefe do Cenipa disse que a ausência da caixa-preta dificulta o trabalho de investigação, uma vez que o equipamento permite à equipe entender a dinâmica da tripulação do avião nos momentos que antecederam a queda. Porém, o militar deixou claro que o fato não é um impeditivo para o órgão investigador, uma vez que celulares e o próprio GPS do avião podem ser recolhidos.
"Qual o valor que possui dentro da caixa-preta? Um valor imensurável, porque dentro daquela caixa-preta pode estar o fator contribuinte para os próximos 100 acidentes que podem estar acontecendo no mundo", afirmou o Brigadeiro, ao ressaltar a importância do equipamento em um avião.
Mensagem
Em entrevista ao "Fantástico", da TV Globo, na noite desse domingo (14/11), a mãe de Marília Mendonça, Ruth Dias, revelou ter recebido uma mensagem do tio e assessor da cantora, Abicieli Silveira Dias Filho, de 43 anos, momentos antes do acidente. Ruth perguntou a Abicieli se já tinham chegado em Caratinga, quando, às 15h15 daquele 5 de novembro, o assessor de Marília respondeu: "Estamos quase pousando".
A mensagem pode ser importante para a investigação, uma vez que se pode chegar ao horário aproximado da queda da aeronave.
Dinâmica da investigação
Durante a entrevista ao podcast da FAB, o Brigadeiro agradeceu ao Corpo de Bombeiros e as polícias Militar e Civil de Minas pelo apoio dado nos trabalhos de investigação em Piedade de Caratinga, onde caiu o avião. No dia seguinte ao acidente, às 7h, as equipes do 3º Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa III) já estavam na aeronave colhendo os primeiros materiais.
No mesmo momento, uma outra equipe do Seripa, que saiu de Brasília, foi até o hangar da PEC Táxi Aéreo, dona do avião, para recolher o combustível do último abastecimento, plano de voo que mostrava os dados da rota do avião que levou Marília Mendonça, além de documentos referentes à manutenção da aeronave.
O Brigadeiro disse que é uma "investigação holística", em que os fatores humano, operacional e material são avaliados de forma minuciosa. Os trabalhos, segundo o militar, contam com uma equipe multidisciplinar. Doutores em engenharia da própria FAB, por exemplo, são responsáveis por emitir o parecer dos motores do avião. O documento descreve se os equipamentos desenvolviam potência no momento da queda e se apresentavam algum tipo de problema.
As entrevistas com familiares dos tripulantes do avião e com possíveis testemunhas são feitas por psicólogos da FAB, que também são formados nos cursos de investigação do Cenipa, assim como os médicos da Aeronáutica, que ficam responsáveis por atestar o laudo das condições fisiológicas dos pilotos. Já a parte de aerodinâmica fica para pilotos com doutorado no tema
"Nossa investigação é tão profunda que conseguimos regressar até o momento em que um engenheiro estava em sua mesa de projeto projetando os sistemas", concluiu o militar.