Minas resgata mais uma peça sacra do seu valioso patrimônio. O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), por meio da Coordenadoria das Promotorias de Justiça de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico (CPPC) e da Promotoria de Justiça de Campanha, no Sul de Minas Gerais, fará na quarta-feira (17/11) a devolução da imagem de Nossa Senhora da Apresentação, furtada há 27 anos do Museu Regional do Sul de Minas, que fica no município distante 316 quilômetros de Belo Horizonte.
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De acordo com o MPMG, em 7 de março de 1994 o Museu Regional do Sul de Minas, em Campanha, foi arrombado e invadido - a instituição abriga relevante conjunto de bens culturais móveis. Naquele dia, foram levadas 28 peças do patrimônio sacro pertencente ao acervo: imagens, oratórios e cálices estão entre os bens desaparecidos, alguns dos séculos 18 e 19.
Durante o furto, os ladrões deixaram alguns vestígios que foram identificados pela perícia local, sendo apontados como suspeitos membros de uma quadrilha paulista, especializada em furto de peças sacras, a qual praticou esse tipo de delito em várias cidades de Minas por mais de 20 anos. Na época, a Diocese de Campanha mobilizou grande parte da população, que fez atos de protesto, a fim de exigir das autoridades a apuração do caso.
Das 28 peças furtadas, três já foram recuperadas: imagem de Santa Cecília, em setembro de 1998; imagem de Santa Bárbara, em agosto de 2003; e a imagem de São Vicente Férrer, em maio de 2004.
Denúncia
Em 9 de agosto de 2017, a CPPC/MPMG recebeu denúncia de um servidor do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) sobre o paradeiro de escultura sacra, cadastrada como desaparecida no banco de dados do MPMG e também constante como desaparecida no levantamento do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha). Tratava-se da imagem de Nossa Senhora da Apresentação.
A peça foi encontrada em site de leilão de obras de arte, tendo sido ofertada em 12 e 13 de dezembro de 2016, e o setor técnico da CPPC analisou as informações obtidas. A conclusão da análise técnica foi que havia significativas semelhanças de características entre a peça objeto de denúncia e a que foi furtada de seu local, em Campanha. Assim, o site de leilão foi oficiado para prestar informações sobre a peça anunciada, o mesmo ocorrendo com o ofertante e/ou atual detentor da peça.
Em resposta, o site de leilão esclareceu que a peça não havia sido vendida e apresentou dados do detentor, que foi ouvido por carta precatória. Na sequência, a equipe da CPPC, atualmente coordenada pelo promotor de Justiça Marcelo Maffra, entrou em contato com o detentor, que imediatamente se prontificou a devolver a escultura. Ele contratou os serviços de uma empresa especializada em embalagem e transporte de obras de arte. A peça foi entregue, na sede da CPPC, há duas semanas.