De acordo com os motoristas de ônibus e trabalhadores do setor, a próxima semana deve começar com greve no transporte público de Belo Horizonte. A categoria confirma a paralisação a partir da próxima segunda-feira (22/11).
Sem reajuste salarial há dois anos, os motoristas aprovaram o estado de greve em assembleia no Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Belo Horizonte (STTRBH) na última quinta-feira (11/11).
“Não queríamos prejudicar ou fazer greve em um momento desse, mas infelizmente é a única forma”, disse o presidente do sindicato, Paulo César da Silva, em entrevista ao Estado de Minas. “Os trabalhadores não têm o que comer em casa. Essa é uma questão social, não mais uma questão de negociação salarial”, completou.
Cinco tentativas de acordo foram realizadas entre a categoria e representantes do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setra-BH), sem sucesso. A última, no dia seguinte à assembleia, na sexta-feira (12/11). De acordo com Paulo, as empresas não apresentaram sequer propostas alternativas e mantiveram a posição de reajuste zero.
Em nota divulgada na ocasião, o Setra reconheceu as dificuldades e reivindicações da classe laboral e pontuou que a falta do reajuste se justifica pelo “completo e absoluto esgotamento financeiro diante da completa omissão da BHTrans e do Poder Concedente”.
O sindicato explica, ainda, que a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) não aplicou os reajustes obrigatórios tarifários de 2017, 2019 e 2020. Nenhum representante da BHtrans esteve presente nos encontros de negociação, apesar de convidados.
"Os trabalhadores não têm o que comer em casa. Essa é uma questão social, não mais uma questão de negociação salarial"
Paulo César da Silva, presidente do STTRBH
Não há informações, até o momento, se a greve se estenderá para a Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Parte da frota continuará circulando durante a paralisação
A paralisação não é de toda a frota e deve seguir as diretrizes da LEI Nº 7.783, que dispõe sobre o direito à greve no país. Ao menos 30% dos ônibus devem continuar circulando neste período em Belo Horizonte.
“O trabalhador está mobilizado, não estamos aqui para fazer nada desordenadamente nem desrespeitando as legislações”, afirmou o presidente.
Desde 2019, os motoristas de ônibus vêm passando por cortes e perdas de benefícios. O abono salarial, que é convencionado, foi retirado junto ao tíquete de alimentação no período de férias. Além do parcelamento, em seis vezes, do 13º salário em 2020.
Além do reajuste salarial de 9%, entre as reivindicações dos motoristas estão o Ticket de alimentação de R$ 800, o pagamento do Ticket no atestado, remoção do banco de horas, abono salarial de 2019 e 2020. A retirada da limitação do passe livre, manutenção do passe livre para o afastado e melhoria no plano de saúde também fazem parte da negociação.
A reportagem entrou em contato com o Setra e com a Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da BHTrans, e aguarda resposta.