Vacinação, sem descuidar das medidas preventivas e de higiene. Com essa receita aparentemente simples, embora aplicada a duras penas, cidades-polo de Minas que enfrentaram no auge da pandemia ameaças ou colapsos declarados em seus sistemas de saúde vivem agora situação bem diferente.
À medida que crescem os índices de população imunizada contra a COVID-19, recuam os de ocupação de leitos, tanto de enfermaria quanto de terapia intensiva, assim como o número de casos positivos. O clima de otimismo, porém, vem acompanhado, em todos os municípios, do alerta: a ameaça ainda não acabou.
À medida que crescem os índices de população imunizada contra a COVID-19, recuam os de ocupação de leitos, tanto de enfermaria quanto de terapia intensiva, assim como o número de casos positivos. O clima de otimismo, porém, vem acompanhado, em todos os municípios, do alerta: a ameaça ainda não acabou.
Em março, no pico da segunda onda da pandemia no Brasil, o município chegou a ter 354 internados com a doença. Na última semana, até quarta-feira (17/11), o número havia caído para 24, sendo 14 em leitos clínicos e 10 em terapia intensiva (UTIs).
A Secretaria Municipal de Saúde informa que a taxa de ocupação dos leitos hospitalares exclusivos para COVID-19 na cidade, que passou de 100% em março, recuou consideravelmente. Hoje há pacientes em 13% dos leitos clínicos, mesmo percentual das vagas de UTIs.
“As restrições e as medidas preventivas como o uso de máscaras e a higienização com álcool em gel foram importantes. Mas foi a vacinação que consolidou a redução da contaminação, dos casos e, consequentemente, das internações nos hospitais. Acho que isso ocorreu em todo o Brasil”, afirma o prefeito Humberto Souto.“Mas devemos continuar com as precauções, porque a pandemia ainda não acabou. A COVID-19 foi controlada, mas continua existindo”, alerta.
“À medida que a vacinação foi avançando, a queda da curva de incidência de casos e internações foi inversamente proporcional”, reforça a secretária municipal de Saúde, Dulce Pimenta. “Observa-se que, mesmo com a vacinação ainda em andamento, e também com pessoas que ainda não tomaram a segunda dose, a redução dos casos e internações pela COVID-19 é evidente”, destaca.
O quadro pode ser observado na Santa Casa de Montes Claros, maior hospital do Norte de Minas, que superou 100% de lotação em março. Na última quarta-feira, de 15 leitos clínicos para a COVID-19, apenas um estava ocupado. Das 30 vagas de UTI para casos graves da doença, nove tinham pacientes.
Segundo a Secretaria de Saúde de Montes Claros, 236.527 moradores da cidade já tomaram duas doses ou dose única da vacina, alcançando um percentual de 69,14% do público-alvo – pessoas acima de 12 anos (342.094). A pasta informa que 304.199 moradores receberam a primeira aplicação do imunizante (91,24% do público-alvo).
Pressão sobre “esquecidos”
Ainda precisam completar o esquema de duas aplicações ou dose única 105.567 pessoas no município. O prefeito Humberto Souto diz que a cobertura vacinal não avançou mais porque moradores estão deixando de comparecer aos postos para completar o esquema de vacinação. Por isso, anunciou que nos próximos dias a cidade vai adotar estratégias para estimular as pessoas a se vacinarem.
“Poderemos, por exemplo, eliminar restrições para as pessoas frequentarem lugares fechados, como restaurantes e casas de eventos, mas com a exigência da segunda dose da vacina para acesso”, anuncia o prefeito. (Luiz Ribeiro)
Alívio depois do sufoco de abril
Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, é mais uma cidade que viu os índices de internações por COVID-19 despencar com o avanço da vacinação. Conforme dados da Secretaria de Saúde do município, da semana que passou, na quarta-feira (17/11) havia 71 pessoas internadas na cidade em decorrência da doença. No entanto, a maioria das hospitalizações está concentrada em leitos de enfermaria, ocupados por 43 pessoas. Os demais estão em leitos de UTI.
Segundo o painel gerencial de monitoramento disponibilizado pela Prefeitura de Juiz de Fora, o pico de internações aconteceu em 2 de abril deste ano, quando 652 pessoas estavam hospitalizadas. De acordo com as diretrizes do Ministério da Saúde, a população elegível a partir de 12 anos foi convocada para completar o processo vacinal até 24 de setembro. Entretanto, a administração prossegue com a campanha em 48 unidades de saúde.
Além da aplicação das doses de reforço para a população idosa, todas as pessoas a partir dos 12 anos podem procurar um dos postos de atendimento. Até a última terça-feira, conforme a Secretaria de Saúde do município, 378.341 pessoas já haviam tomado as duas doses, o que representa 73,26% da população imunizada. A terceira dose da vacina já foi aplicada a 55.169 idosos.
Governador Valadares
O avanço da vacinação contra a COVID-19 em Governador Valadares é fator determinante para o baixo número de pessoas internadas nos leitos de UTI COVID-19 na cidade. Das 108 vagas disponíveis na terapia intensiva, apenas 18 estão ocupadas. Os dados são do mais recente Boletim COVID-19, expedido pela Secretaria Municipal de Saúde, que registrou 34 casos confirmados da doença e nenhuma morte de paciente em tratamento.
Os resultados, de acordo com a Saúde municipal, são originários do trabalho de enfrentamento à COVID-19. Para a pasta, todas as estratégias adotadas pelo município, incluindo a campanha de vacinação, contribuíram para a melhora significativa no cenário epidemiológico da cidade.
Segundo dados do Departamento de Vigilância em Saúde, a vacinação contra a COVID-19 até 12 de novembro apontava 72% pessoas vacinadas com a primeira dose e 55% que já concluíram o esquema com as duas doses. Esse fator, de acordo com a secretaria, é o responsável direto pela redução nos índices de internação, bem como o de complicações e casos graves relacionados à COVID-19.
Mas o cenário favorável não pode determinar um comportamento inadequado em relação à pandemia, alerta a pasta. A secretária municipal de Saúde, Caroline Sangali, afirma que sua equipe segue orientando a população a procurar as unidades de saúde para se vacinar. “E todos devem fazer o uso correto das máscaras faciais, lavar as mãos com água e sabão ou fazer uso de álcool em gel, para que cada vez mais as atividades sejam retomadas com segurança para todos”, disse.
Divinópolis
Na proporção do avanço da vacinação contra a COVID-19, Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas, foi outra cidade que observou a redução drástica da taxa de ocupação hospitalar. A internação em leitos de UTI caiu 83,3% na comparação com o pico da pandemia, em abril deste ano.
Em abril, a média móvel diária era de 108 pacientes internados em estado grave, contra oito no mês passado, segundo dados do painel da Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) divulgado na última terça-feira (16/11).
No setor de enfermaria, o cenário não é diferente. As internações recuaram 75,6% quando comparados os indicadores de abril e outubro. No auge da pandemia, a média era de 123 pacientes internados, contra 30 no mês passado. Novembro segue a tendência: a média de internações na UTI é de nove pessoas e de 14 em leitos clínicos.
A cidade, que fica a cerca de 120 quilômetros de Belo Horizonte, espera imunizar 210 mil pessoas do público-alvo. No último balanço, na semana passada, 75,1% desse contingente já havia sido imunizado com a segunda dose ou aplicação única. *Amanda Quintiliano/Especial para o EM
A fórmula que esvaziou as UTIs
Com mais de 520 mil pessoas com o ciclo de duas doses ou de dose única de vacinas contra a COVID-19, a cidade de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, tem taxas de ocupação de leitos mais baixas durante a pandemia. Por mais de uma vez, representantes da Secretaria Municipal de Saúde afirmaram que, com o avanço da imunização, não só a questão de leitos, mas também os óbitos por coronavírus passaram a ser controlados.
De acordo com o boletim mais recente, a ocupação de leitos de UTI voltados para pacientes com a doença é de 17%. A queda nesse tipo de caso tirou a pressão sobre o sistema municipal como um todo, que hoje tem 46% das vagas de terapia intensiva ocupadas. Desde o fim de 2020, a ocupação de leitos do tipo era crescente, tendência que começou a mudar entre o fim de agosto e o início de setembro.
A vacinação, que começou em janeiro, hoje conta com mais de 70% da população de Uberlândia com ciclo completo. São 501,1 mil com duas doses e 20,3 mil que receberam imunizantes de dose única. Além disso, 71,5 mil pessoas receberam doses de reforço. No público geral, a cidade já vacina jovens de 12 anos.
“Estamos empenhados em diminuir os casos de COVID-19 e os índices de internações devido à doença na cidade. Sabemos que a forma mais eficaz de atingir esse objetivo é ampliar o número de pessoas vacinadas”, disse a coordenadora do Programa de Imunização, Claubia de Oliveira ainda em agosto, quando os números passaram a baixar.
Uberaba
Com a situação da pandemia sob controle e comemorando dias sem registrar mortes pela COVID-19, Uberaba apresenta indicadores da doença semelhantes aos do início da pandemia. Cenário bem distinto daquele que a cidade enfrentou entre março e maio deste ano, quando as internações em enfermarias e UTIs exclusivas para COVID-19 nos hospitais públicos e privados estavam no limite ou perto dele.
Agora, segundo boletim epidemiológico do município divulgado na noite da última quarta-feira (16/11), há oito pessoas internadas na ala de enfermaria para COVID-19 (taxa de ocupação de cerca de 8%) e 19 no setor de UTI (taxa de ocupação de aproximadamente 20%). Além disso, nas 48 horas entre segunda e terça-feira, foram contabilizados na cidade apenas 24 casos positivos: 11 no primeiro boletim e 13 no segundo. Diante dos números, a Secretaria Municipal de Saúde considera que os índices de monitoramento da pandemia são controláveis.
Segundo informações do Vacinômetro de Uberaba, atualizado na última terça-feira, 16/11, já foram aplicadas no município 481.921 doses da vacina contra a COVID-19, divididas entre 259.382 primeiras doses, 193.185 segundas, 21.149 aplicações de reforço e 8.205 doses únicas. Desde o início da pandemia, foram registrados na cidade 44.794 casos de COVID-19, com 1.366 mortes. (Vinícius Lemos e Renato Manfrim/Especial para o EM)
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Guia rápido explica com o que se sabe até agora sobre temas como risco de infecção após a vacinação, eficácia dos imunizantes, efeitos colaterais e o pós-vacina. Depois de vacinado, preciso continuar a usar máscara? Posso pegar COVID-19 mesmo após receber as duas doses da vacina? Posso beber após vacinar? Confira esta e outras perguntas e respostas sobre a COVID-19.