O recuo dos casos graves de COVID-19 em Minas Gerais já se faz sentir em várias microrregiões de saúde. Das 74 existentes no estado, 16 (22%) já zeraram o volume de internados em leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) especializada em pacientes com o novo coronavírus (Sars-CoV-2).
Chegaram a 0% de ocupação os hospitais e centros de saúde de Itabira, Conselheiro Lafaiete, Turmalina, Minas Novas e Capelinha, Viçosa, Itaobim, João Pinheiro, Patos de Minas, São Gotardo, Unaí, Januária, Salinas, Taiobeiras, Oliveira e Santo Antônio do Amparo, Além Paraíba, Lavras e Três Pontas.
Impressiona, ainda mais, que de 62 hospitais que em algum momento da pandemia chegaram a ter 100% ou mais de ocupação de UTIs, hoje não apresentam nenhum paciente com o quadro infeccioso do novo coronavírus.
Leia Mais
Quais são as cidades-polo que respiram aliviadas após o colapso da COVID-19COVID-19: Minas registra 19 mortes e 298 casos em 24 horasCarnaval em BH: esse ano não vai ser igual àquele que passou?coronavirusmgBH aplica 2ª dose em adolescentes de 17 anos nesta quarta (24); veja locaisCom 69,4% da população imunizada, BH tem indicadores sob controleDiretora da OMS diz que mundo está entrando em 4ª onda e teme carnavalBH aplica 3ª dose em trabalhadores da saúde nesta terça; veja locaisBH reduz intervalo de aplicação de 2ª dose da Pfizer; veja cronograma COVID-19: Minas registra 1 morte e 105 casos em 24 horasGreve dos motoristas: corridas de aplicativo atingem até o dobro do valorGreve de motoristas de ônibus resulta em manhã de caos em Belo HorizonteImpressiona, ainda mais, que de 62 hospitais que em algum momento da pandemia chegaram a ter 100% ou mais de ocupação de UTIs, hoje não apresentam nenhum paciente com o quadro infeccioso do novo coronavírus.
Os dados são da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG). Entre os hospitais sem mais pacientes de COVID-19 internados em UTIs, seis estão em Belo Horizonte. São eles o Instituto Orizonti e os hospitais Evangélico, João XXIII, das Clínicas da UFMG, Odilon Behrens e Universitário Ciências Médicas.
Juiz de Fora foi o segundo município a zerar mais hospitais com pacientes graves da infecção, chegando a esse patamar em quatro instituições de saúde. Ao todo, dos hospitais que operaram ao limiar do colapso ou mesmo nesse nível de exigência, seis eram Hospitais de Campanha, montados para dar vazão ao grande volume de atendimentos de COVID-19 em Divinópolis, Formiga, Patos de Minas, Sete Lagoas, Timóteo e Varginha.
Juiz de Fora foi o segundo município a zerar mais hospitais com pacientes graves da infecção, chegando a esse patamar em quatro instituições de saúde. Ao todo, dos hospitais que operaram ao limiar do colapso ou mesmo nesse nível de exigência, seis eram Hospitais de Campanha, montados para dar vazão ao grande volume de atendimentos de COVID-19 em Divinópolis, Formiga, Patos de Minas, Sete Lagoas, Timóteo e Varginha.
Das 14 macrorregionais, apenas a Noroeste se encontra inteiramente sem pacientes graves internados em UTIs, englobando as microrregionais de saúde de João Pinheiro, Patos de Minas, São Gotardo e Unaí. Belo Horizonte, por ser um polo atrativo de pacientes mais graves de outras regiões e concentrar grande circulação, a ocupação da sua microrregião, formada, ainda por Nova Lima e Caeté, encontra-se no patamar de 43,05%.
Nível verde
Levando-se em conta apenas a capital mineira, o volume de ocupação do boletim epidemiológico de terça-feira estava em nível verde, com 40,4% de ocupação dos leitos de UTI COVID-19 e 42,8% dos leitos de enfermaria COVID-19.
A Santa Casa de Belo Horizonte foi o hospital que teve o maior número de leitos de UTI em Minas Gerais, eram 130 em fevereiro de 2020 e chegou a ter mais de 240 leitos de UTI no total. Entretanto, o hospital que mais abriu leitos foi o Hospital Público Regional Prefeito Osvaldo Rezende Franco, em Betim, que abriu 130 leitos de UTI COVID.
Apesar disso, a transmissão ainda está em nível de atenção, com 100 pacientes infectando 101 pessoas, em média, segundo a ferramenta de avaliação desse fator, chamada de índice Rt. O isolamento social ainda está em índices das épocas mais graves da pandemia, no patamar de 47,6% das pessoas circulando menos.
A Prefeitura de Belo Horizonte informou, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, que devido à tendência de queda nas taxas de ocupação, somado ao retorno gradual das cirurgias eletivas, tem sido feita a diminuição gradativa de leitos específicos para a COVID-19, mantendo sempre a segurança da população.
Em maio de 2021, Belo Horizonte atingiu o maior número de leitos exclusivos COVID-19 na Rede SUS-BH de 579 leitos de UTI e 1.260 de enfermaria. Atualmente são 255 (-56%) UTI COVID e 545 (-57%) enfermaria COVID. "Ao longo da pandemia, sempre de acordo com os indicadores epidemiológicos e assistenciais da doença no município, foram realizadas aberturas de leitos de COVID-19 e remanejamento para leitos retaguarda", afirma a secretaria de Saúde.
Ainda de acordo com a PBH, diariamente os números epidemiológicos e assistenciais da doença no município são monitorados. "Qualquer agravamento que comprometa a capacidade de atendimento serão tratados da forma devida, com o objetivo de preservar vidas. É importante ressaltar que, caso necessário, os leitos podem ser, imediatamente, reconvertidos para atendimento Covid."
Sistema de saúde mais preparado
A redução do número de leitos COVID-19 em todo o estado de Minas Gerais e no Brasil é avaliada como necessária e dificilmente pegaria o sistema de saúde de surpresa em caso de surtos como o que aflige países da Europa e Ásia. “O principal é a queda da necessidade de atendimentos. Tem um lado positivo, que é devolver leitos a atendimentos que estavam suspensos e, em caso de necessidade, o preparo desses leitos UTI para COVID não é mais tão complexo. Não dá para manter leitos vazios indefinidamente, pois isso gera um custo alto. Aprendemos com a pandemia e estamos mais preparados”, observa o infectologista Dirceu Greco, professor da Faculdade de Medicina da UFMG e presidente da Sociedade Brasileira de Bioética.
Ele alerta que tudo vai depender de alguns fatores, como o compromisso com as campanhas de vacinação, adesão aos comportamentos de afastamento social e força dos surtos mundo afora. “Depende do tamanho do surto, se ocorre quando as pessoas começam a se movimentar. Quanto mais tempo de preparo para os CTIs e UTIs, melhor. A mortalidade foi maior no início, mas já dominamos hoje as necessidades de oxigênio, as manobras clínicas. Outro fator importante é o alívio sobre as equipes, sobretudo de enfermeiros que trabalham até mais do que nós médicos, pois ficam o tempo todo com os pacientes”, diz o médico.
Dirceu Greco pontua que a vacinação é importante e precisa ter uma ampla cobertura com as doses necessárias, pois ainda há locais com muitas mortes e casos. Segundo a SES-MG, o município que apresentou maior taxa de ocupação dos leitos destinados a COVID-19 foi Mantena, no Leste de Minas, com 66,67% das vagas tomadas. As mortes no Brasil, acima do patamar de 250, ainda são consideradas altas.
“Melhorou, mas ainda morre um Boeing cheio de passageiros todos os dias no Brasil pela COVID-19. E precisamos lembrar que o que ocorreu na Europa, em seguida se repetiu aqui no Brasil. De acordo com a OMS, enquanto todos não estiverem seguros, ninguém estará seguro. Enquanto sobram pessoas não vacinadas, o vírus encontra um caminho. Se há países na Europa com ampla cobertura, como Portugal e Espanha, na África há nações que não chegam a 10% de vacinados”, afirma Greco.
Novos casos
O boletim epidemiológico divulgado na manhã de ontem pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) apontou que Minas Gerais registrou, em um período de 24 horas, 19 mortes e 298 casos de COVID-19. No total, o estado tem 2.202.346 ocorrências de contaminações pelo vírus. Já o número de mortes, até o momento, é de 56.042. Os casos em acompanhamento são 16.541. O número total de recuperados do vírus é de 2.129.763
Cinco perguntas para...
Pedro Macedo Souza, médico e superintendente de Gestão e Planejamento Assistencial da Santa Casa BH
“Há uma tendência de a pandemia entrar em controle”
Qual é o atual cenário da Santa Casa acerca das internações e ocupação de leitos?
Estamos com uma perspectiva futura boa. Em toda a cidade, somos os únicos que estamos recebendo pacientes com COVID-19, mas isso tem diminuído. Hoje, temos 50 leitos de CTI e 62 de enfermaria. Estamos com um plano de, na próxima semana, reduzirmos os de CTI para 40 e enfermaria para 49. Então, é uma expectativa boa de conseguirmos disponibilizar leitos para outros tipos de atendimento.
Que aspectos justificam essa melhora nos números?
Foi a vacinação, sem dúvida. Não existe nenhum outro motivo, além da vacina. Isso reflete em menos demandas para COVID-19 e eles podem ser remanejados constantemente.
No período mais difícil da pandemia, que foi até abril deste ano, qual foi a estratégia para atender melhor e mais pacientes diante desse sufoco que os hospitais viveram?
A gente investiu em pessoas e equipamentos. Tínhamos pessoal com quantidade e capacidade suficientes e conseguimos nos planejar em relação aos insumos e equipamentos adequados necessários para o Sistema Único de Saúde (SUS).
Como o senhor enxerga o estágio da pandemia na cidade?
Vejo que há uma tendência de a pandemia entrar em controle. Esses números de leitos e CTIs mostram isso. Não é uma doença que vai desaparecer instantaneamente. Agora passa a ser outro tipo de doença, algo semelhante a uma gripe de fato. As pessoas contraem, mas não chegam a ser hospitalizadas, muito menos em ambientes de CTI. Estamos voltando às atividades habituais, sempre com controle de casos.
O senhor prevê que no ano que vem já teremos uma situação mais tranquila nos hospitais?
A expectativa é a melhor em relação aos protocolos de segurança, atividade econômica e controle da doença. Esperamos que as últimas restrições sejam liberadas. Diariamente, temos o censo hospitalar nas alas de COVID-19. Ficamos com leitos disponíveis, mas é preciso negociar a liberação deles com a prefeitura para outros atendimentos. Nós levantamos os números e, quando ficamos com leitos ociosos, reportamos para a prefeitura. De forma contrária, quando as UPAs contam com filas para COVID-19, tentamos aumentar as vagas novamente. Mas a evolução da pandemia hoje é nítida e a expectativa é muito positiva. (Roger Dias)
EUA doam 2 milhões de vacinas
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou na manhã de ontem a chegada de mais de 2 milhões de doses de vacinas contra a COVID-19, doadas pelos Estados Unidos ao Brasil. O avião com os imunizantes pousou por volta das 5h no Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (SP), segundo a Receita Federal. "Agradeço pela parceria", escreveu em uma rede social o ministro. "Juntos, vamos vencer esta pandemia.!"
Leia mais sobre a COVID-19
Confira outras informações relevantes sobre a pandemia provocada pelo vírus Sars-CoV-2 no Brasil e no mundo. Textos, infográficos e vídeos falam sobre sintomas, prevenção, pesquisa e vacinação.
- Vacinas contra COVID-19 usadas no Brasil e suas diferenças
- Minas Gerais tem 10 vacinas em pesquisa nas universidades
- Entenda as regras de proteção contra as novas cepas
- Como funciona o 'passaporte de vacinação'?
- Os protocolos para a volta às aulas em BH
- Pandemia, epidemia e endemia. Entenda a diferença
- Quais os sintomas do coronavírus?
Confira respostas a 15 dúvidas mais comuns
Guia rápido explica com o que se sabe até agora sobre temas como risco de infecção após a vacinação, eficácia dos imunizantes, efeitos colaterais e o pós-vacina. Depois de vacinado, preciso continuar a usar máscara? Posso pegar COVID-19 mesmo após receber as duas doses da vacina? Posso beber após vacinar? Confira esta e outras perguntas e respostas sobre a COVID-19.