A greve dos motoristas do transporte público coletivo de Belo Horizonte encheu nesta segunda-feira (22/11) as grandes estações e os pontos de ônibus nas ruas. A reportagem do Estado de Minas esteve nesta manhã na Estação Venda Nova, na região de mesmo nome, a situação era semelhante e deixou vários passageiros "ilhados", no aguardo do ônibus municipal.
Com a greve dos motoristas de ônibus, passageiros da Estação Venda Nova recorreram ao transporte com motoristas de aplicativohttps://t.co/ENw3JWG5Ij pic.twitter.com/sbnQL1U7MI
%u2014 Estado de Minas (@em_com) November 22, 2021
Vários deles, sem ônibus, saíram da estação e buscam soluções para chegar ao destino. É o caso de Franciele Caldeira, de 37 anos, que aguardava um ônibus para ir até o Bairro Savassi, Região Centro-Sul da cidade belo-horizontina.
"A gente até sabia que ia ter a greve, então não pegou muito de surpresa. Vim mesmo para pagar para ver, e o patrão já até tinha conversado que, qualquer coisa, a gente podia pegar o transporte por aplicativo. É o que estou fazendo", disse a atendente de clientes.
Já Roneison Ricardo de Souza, de 55 anos, está desde às 5h na estação no aguardo de ônibus. Ele, que é vigia do Colégio Batista, na Região Leste de BH, afirma que, somente em último caso, vai recorrer ao transporte por aplicativo.
"Estou aqui desde às 5 horas da manhã e nada de ônibus. Por conta da greve, me informaram que a linha 62, que eu pego, não vai passar, então estou esperando o 61, que me atende parcialmente. Estou esperando o ônibus porque tem muita gente da escola pegando transporte de aplicativo, aí só vai ser em último caso", disse.
Roneison também comentou a movimentação grevista. "Eu apoio, acho justo reivindicar, está na lei, mas acho que eles deveriam pensar no cidadão. É a gente quem paga o pato".
O vigia conseguiu embarcar logo após conversar com a reportagem. O ônibus ficou cheio, e o motorista, que preferiu não se identificar, comentou o ato grevista.
"Tem a porcentagem que tem que trabalhar, fiquei sabendo que são 60%, mas não sei se realmente é esse número. É uma movimentação legítima, eu apoio, digo que é legítima pois é meu salário. Não sei a situação das empresas, mas está difícil para a gente", comentou.
Outra parte importante da greve são os motoristas de aplicativos, que "socorrem" os usuários de ônibus e, ao mesmo tempo, lucram. Gilmar Maia, de 49 anos, aguardava um passageiro na Estação Venda Nova e comentou que o movimento está bom.
"Eu sempre trabalho pela manhã e saio 7h. Hoje saí um pouco mais cedo e já tive retorno. Normalmente, tenho quatro corridas pela manhãzinha. Só até aqui já foram oito, com preço de 40% a 60% maior. A gente lamenta toda a situação, mas também precisamos trabalhar e prestar nosso serviço, que é mais do que legal", disse.
A greve, que não pegou os usuários de surpresa, encheu o metrô - com menos profundidade que o transporte público municipal, por ter somente uma linha. Na Estação Vilarinho, também em Venda Nova, onde há uma larga área de embarque e desembarque de ônibus, há conexão com a estação ferroviária. A movimentação foi intensa e chegou a ser até maior que a parte exclusiva dos ônibus.
Os motoristas de ônibus cobram reajuste salarial que, segundo a categoria, não é concedido há dois anos. A greve foi acordada pelo Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Belo Horizonte (STTRBH) em 11 de novembro e anunciada na última quinta-feira (18).
A Prefeitura de Belo Horizonte organizou, na sexta-feira (19), uma reunião com Empresa de Transportes e Trânsito de BH (BHTrans), Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de BH (SetraBH) e Tribunal Regional do Trabalho (TRT). Do encontro, originou-se uma reunião de conciliação agendada para esta segunda.
A expectativa era de que, com o anúncio da reunião de conciliação no TRT, os motoristas suspendessem a greve nesta segunda até, pelo menos, o fim do encontro. Contudo, a classe informou nesse domingo (21) que manteria o movimento grevista.
A paralisação não é de toda a frota e segue as diretrizes da lei número 7.783, que dispõe sobre o direito à greve no país. Ao menos 30% dos ônibus continuam circulando neste período em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais.