Após a suspensão da greve dos rodoviários, na tarde passada, os ônibus de Belo Horizonte circulam normalmente na manhã desta quarta-feira (24/11). De acordo com a BHTrans, a operação nas estações de ônibus da capital ocorre sem alterações hoje.
Ainda segundo a empresa, também não houve grandes ocorrências e lentidão no trânsito da capital nesta manhã, que registrou o fluxo normal para o dia.
A greve dos motoristas do transporte público coletivo de Belo Horizonte durou um dia e meio. A suspensão foi decidida após reunião entre representantes de Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de BH (STTRBH), Empresa de Transportes e Trânsito de BH (BHTrans) e Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de BH (SetraBH) no Tribunal Regional do Trabalho (TRT). A partir da decisão, os ônibus já retornaram à circulação normal.
A paralisação dos rodoviários está suspensa, pelo menos, até sexta-feira (26/11), o que vai proporcionar certa paz e normalidade aos passageiros da capital ao menos até o fim da semana. Na sexta, empresários, motoristas e a BHTrans voltam a se reunir no TRT em busca de um entendimento, com a promessa de uma decisão definitiva. Áudios de motoristas, entretanto, levantam suspeita de locaute no movimento. Agora, outra possibilidade de transtornos surge no transporte público: metroviários analisam amanhã se entram em estado de greve.
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Caos na cidade
Os impactos sentidos pela população foram enormes. Segundo balanço da BHTrans, durante a madrugada de ontem – da meia-noite às 6h –, apenas 30,8% das viagens programadas foram realizadas. Por volta das 8h, a empresa de trânsito informou que, das 6h às 7h, 35% das viagens foram realizadas, sendo a Região do Barreiro a mais desassistida, seguida por Venda Nova, Leste e Nordeste.Com a falta de ônibus, muita gente procurou usar carros particulares e motoristas de aplicativos, o que ampliou o volume de veículos nas ruas e travou o trânsito. Um terço da extensão do Anel Rodoviário e também a terça parte das vias do Centro, dentro da Avenida do Contorno, ficaram praticamente parados, segundo mostrou o mapeamento de tráfego do Google Maps obtido e trabalhado pela reportagem às 7h40, ainda horário de pico.
A situação mais crítica era a do Centro, onde os congestionamentos com maior lentidão se concentraram por 17,2 quilômetros de 84 ruas e avenidas. A extensão compreende um terço da área dentro da Contorno e perfaz uma média de 205 metros de lentidão por rua e avenida afetada, ou seja, perto de dois quarteirões de lentidão por via.
O Anel Rodoviário registrou extensão um pouco maior de tráfego lento, abrangendo 17,5 dos seus 54 quilômetros nos dois sentidos, comprometimento de 32,4%, praticamente um terço. As retenções irradiaram do Centro para avenidas. Motoristas de aplicativos de transporte não aceitavam as corridas mais em conta, já que podiam escolher os passageiros mais lucrativos com a alta demanda nas áreas desassistidas pelos coletivos.
Já a partir da noite de ontem, veio o alívio: a frota não retornou 100% pela questão do tempo do anúncio da suspensão, mas a circulação de ônibus aumentou consideravelmente, depois de ter permanecido em 30% – segundo a BHTrans – desde o início da grevete.
Ao longo do dia o trânsito fluiu dentro da normalidade e não houve alteração na quantidade de ônibus em circulação. Exceto pela estação Candelária, do Move, que ficou fechada durante a tarde para manutenção, sem relação com a greve dos rodoviários.
Ao longo do dia o trânsito fluiu dentro da normalidade e não houve alteração na quantidade de ônibus em circulação. Exceto pela estação Candelária, do Move, que ficou fechada durante a tarde para manutenção, sem relação com a greve dos rodoviários.
Locaute
Áudios obtidos pelo Estado de Minas ontem denunciam locaute durante a greve. Pelo menos duas gravações feitas por motoristas indicam a suposta prática, uma vez que eles afirmaram que as empresas não liberaram os coletivos para atender a população. O locaute ocorre quando os patrões se recusam a ceder instrumentos de trabalho aos empregados. A Lei 7.783 proíbe a prática.
Em um dos áudios, um motorista diz que não havia saído nenhum ônibus da garagem e que a greve seria "dos homens", se referindo aos patrões. Os trabalhadores, na ocasião, não foram autorizados a sair com os coletivos. Em outro, um trabalhador afirma que ele e os colegas não tiveram autorização para sair com os ônibus e que sequer haviam gestores na empresa para liberar a saída.
Vereadores enviaram os materiais para o Ministério Público do Trabalho (MPT) e para o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), pedindo apuração. Em nota, o Setra-BH classificou como "irresponsabilidade" a acusação.