Entre o cotidiano na escola e as brincadeiras com as irmãs, Luisa Noronha, belo-horizontina de 13 anos, se dedica a aulas de robótica. À frente do seu tempo, a menina surpreendeu a capital mineira ao criar um circuito robótico capaz de evitar acidentes domésticos envolvendo idosos e pessoas com deficiência.
O projeto capta a variação de temperatura ou fumaça caso, por exemplo, alguém tenha esquecido o fogão com as chamas acesas ou eletrodomésticos ligados por muito tempo. Assim, o sistema apita e alerta o morador da casa.
Com o objetivo de ser inclusivo, Luisa criou, ainda, um painel integrado para que pessoas surdas possam visualizar o alerta. Já para aqueles que não enxergam, o sistema de som cumpre este papel.
“O que eu mais gosto na robótica são os novos desafios e novos aprendizados”, conta a menina, que frequenta aulas de robótica desde os nove anos. “Minha motivação foi ver todos os idosos que sofrem pela perda dos sentidos e querer ajudá-los”, completa.
Os avós como motivação
Ao Estado de Minas, Luisa comentou que uma das maiores motivações foram os avós. “Eles já esqueceram panela no fogão e foi um perigo”, relembra.
O contato da menina com o universo da tecnologia se deve à mãe, diretora e proprietária da escola de robótica CodeBuddy, unidade do bairro Cidade Nova, em Belo Horizonte. “A Luisa, assim como minhas outras filhas, estuda na unidade desde que ela foi inaugurada”, comenta Luana Giovani Noronha.
Ao falar da filha e da relação com os avós, Luana se emociona. “Achei interessante ela pensar nas alternativas de colocar o sensor sonoro e também luminoso. Um dos avôs tem dificuldade de ouvir e assim a luz sinalizaria que havia algo de errado."
Como diretora da escola, o orgulho também é grande. “Fico muito orgulhosa em ver que crianças como a Luisa fazem projetos tão significativos para o nosso dia a dia. Elas são desafiadas a mudarem o mundo e elas sempre se superam”, diz.
Impacto nas futuras gerações
Segundo dados levantados pelo Ministério da Saúde, a expectativa é que até 2030 o número de idosos ultrapasse o total de crianças de zero a 14 anos. Os números devem refletir, portanto, na quantidade de idosos vivendo sozinhos.
Estima-se, atualmente, que aproximadamente 4 milhões de pessoas na terceira idade residem sozinhos em casas ou apartamentos. Com o passar do tempo, os idosos ficam mais suscetíveis a acidentes domésticos. Nos próximos anos, certamente, o projeto criado por Luísa tem o potencial de impactar centenas de vidas e evitar inúmeros acidentes.
* Estagiária sob supervisão da subeditora Ellen Cristie.