Com aumento que chega a 600% nos preços de materiais e medicamentos, o Complexo de Saúde São João de Deus, em Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas, teme comprometimento do orçamento. Os reajustes registrados ao longo da pandemia da COVID-19 foram classificados como “abusivos” pelo hospital.
Levantamento realizado pelo setor de suprimentos da unidade hospitalar mostrou que entre janeiro de 2020 e outubro de 2021, medicamentos como Dexametasona 4mg/mL, anti-inflamatório a base de esteroides, registrou aumento de 609,09%. A última compra, realizada em 29 de setembro, já foi com o reajuste.
Outro medicamento citado pelo setor é Midazolam, nas dosagens de 50mg/10mL e 15mg/3mL - um dos principais sedativos usados na assistência aos pacientes durante tratamento da COVID-19. Entre o último ano e outubro de 2021, os preços sofreram aumento de 583,38% e 406,79%, respectivamente.
Uma ampola de 40mg de Omeprazol passou a custar 406,79% a mais. O Ondasetrona de 4mg/2mL, medicamento usado para pré quimioterapia e procedimentos cirúrgicos, aumentou 302,30% e o Docetaxel 80mg, 237,21%, conforme divulgado pelo hospital.
Os aumentos estrondosos também foram registrados com Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). Itens indispensáveis para a segurança dos profissionais da saúde e pacientes, como aventais esterilizados, tiveram preços reajustados em 223,4%.
Orçamento em risco
A alta demanda pelos medicamentos, somados ao aumento dos preços, tem forçado o hospital a fazer malabarismos para conseguir manter as contas em dia. A unidade, durante o pico da pandemia, chegou a operar com mais de 100% de ocupação em leitos clínicos e de terapia intensiva.
“É muito difícil entender o que é abuso e o que é real. Tem sido um desafio equilibrar as contas da instituição e, ainda sim, oferecer a melhor segurança em saúde para nossos clientes”, afirma o gerente de Suprimentos do CSSJD, Adriano Luciano Ramos de Souza.
O hospital é o único a atender alta complexidade na macrorregião Oeste. Referência para 54 municípios e população estimada em 1,2 milhão de habitantes, hoje os 20 leitos de terapia intensiva COVID-19 pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em Divinópolis, estão instalados nele, com ocupação de 35%.
Já os leitos para atendimento geral no Centro de Terapia Intensiva (CTI) estão operando no limite, com 100% de ocupação.
A instabilidade dos preços e o risco de comprometimento do orçamento têm feito com que a instituição busque alternativas para não colocar em risco a assistência aos moradores da região.
“Desde o início da pandemia, não tem sido fácil equilibrar nosso estoque. Mas seguimos firmes, buscando medicamentos similares e melhores preços do mercado, sempre assegurando a melhor assistência aos nossos pacientes”, frisa a diretora presidente, Elis Regina Guimarães.
*Amanda Quintiliano especial para o EM