Após restringir a circulação de ônibus intermunicipais na região central de Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas, o prefeito Gleidson Azevedo (PSC) voltou atrás e revogou, nesta terça-feira (30/11), o decreto. A medida, que desagradou comerciantes e trabalhadores, estava em vigor desde a última semana, porém algumas empresas mantinham o trajeto sem alteração.
A norma previa que as linhas cumprissem o trajeto saindo do Terminal Rodoviário, no bairro Bom Pastor, passando pela avenida JK e depois seguindo para a MG-050 até o destino final.
As exceções de itinerário acima de 50 km são as que atendem Araújos, Carmo da Mata, Cláudio e Itaguara. “A rodoviária foi planejada para o externo da cidade, para que os ônibus cheguem e diminua o tempo de viagem pelo Centro”, explica o secretário de Trânsito e Transportes Lucas Estevam. O desembarque de passageiros poderia ser mantido no Centro.
A alegação era de mobilidade urbana, além de possibilitar ganho de 20 minutos nos trajetos pelos ônibus. “Quando os ônibus sobem a rua Goiás, que vão fazer o embarque, as vezes o pessoal está com mercadoria, isso trava a rua”, relata o secretário.
A pressão para a revogação do decreto partiu, em parte, de comerciantes, embora Estevam alegue que o Conselho Municipal de Trânsito (Comutran) avaliou o impacto econômico.
“Os mesmos comércios que tem na região central da cidade tem no entorno da rodoviária. O Comutran estudou toda essa viabilidade para fomentar o comércio do Bom Pastor que é o mesmo do Centro”, argumenta.
Entretanto, as justificativas não foram suficientes para convencer trabalhadores e comerciantes e o prefeito voltou atrás. “Ainda quando este decreto chegou aqui nesta gestão eu tentei minimizar o problema que é cortar pelo menos 50% para não prejudicar o comércio do Centro, para a população que depende destas linhas não ser prejudicada, mas mesmo assim a politicagem caiu de cima e uma parte da população não quer”, alega.
Afirmando que governa com os 240 mil habitantes disse que deixará o “pau quebrar”. “Vou rasgar o decreto e vai voltar tudo ao normal, do jeito que era, os ônibus passando no Centro, fazendo buraco nas vias de ônibus, o pau quebrando e deixa rasgar”, enfatiza.
Impactos
Com as vendas já a passos lentos, a gerente de uma padaria na Rua Goiás, Margaria Maria Cruz Fidelis Elói, temia ainda mais impacto. “Seria muito negativo porque são pessoas que moram na roça, em pequenas cidades vizinhas que vem até aqui para fazer compras. Geralmente, pessoas simples sem dinheiro para pagar Uber para ir até a rodoviária com as compras. Elas deixariam de vir pela dificuldade”, comenta.
A professora Otávia Oliveira mora em Itapecerica. Duas vezes por semana ela utiliza a linha intermunicipal para dar aulas em Divinópolis. “Nem é uma questão apenas de financeiro, pois teria que pagar um ônibus até a rodoviária, além da taxa cobrada lá, mas por inviabilizar. O último ônibus é às 17h30 e é neste horário que paro do trabalho, não teria como eu chegar a tempo”, conta. Junto com ela, vem trabalhadores de outras empresas, alguns que fazem o trajeto diariamente.
*Amanda Quintiliano especial para o EM