Dezembro começa em tensão no transporte público de Belo Horizonte. Sem um acordo com a classe patronal, o Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Belo Horizonte (STTRBH) retomará a paralisação a partir da meia-noite desta quarta-feira (1/12). A decisão foi tomada em duas assembleias da categoria, realizadas ao longo desta quarta-feira (1º).
De acordo com o presidente do STTRBH, Paulo César, a proposta apresentada pelo Sindicato das Empresas de Transporte Público de Belo Horizonte (Setra-BH) não contempla todos os anseios da classe trabalhadora.
Apesar da proposta trazer o aumento de 9% no salário dos rodoviários, o texto não garante a correção da inflação pelo Índice Nacional de Preço ao Consumidor (INPC) - principal bandeira da causa grevista.
Além disso, cláusulas sociais, como a garantia de um intervalo máximo de 30 minutos entre as viagens e o pagamento do ticket alimentação durante as férias, não foram garantidas.
"Em duas assembleias cheias, o trabalhador rejeitou a proposta patronal. Pela tarde, foi unânime a reprovação", pontuou o sindicalista. "Retomaremos a greve respeitando a escala mínima." Durante a paralisação, o sindicato garante que respeitará o compromisso legal e 60% da frota de ônibus continuará em circulação na capital mineria.
Em nota, a Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da BHtrans afirmou que deve "monitorar as viagens e informar sobre o cumprimento do serviço mínimo de 60% exigido pela justiça do trabalho". Agentes da BHTRANS e da Guarda Municipal estarão nas estações com o objetivo de orientar e garantir a segurança dos usuários.
Entenda a greve
Sem reajuste salarial há dois anos, os rodoviários cruzaram os braços em 22 de novembro. Com a promessa de uma análise sobre as reivindicações pela classe patronal, a greve foi suspensa em pouco mais de 24 horas.
Um prazo foi estipulado e o Setra-BH se comprometeu a enviar uma proposta de reajuste salarial até essa terça-feira (30/11). Os motoristas se reuniram em assembleias pela manhã e na tarde de hoje, onde decidiram, por maioria, a retomada da paralisação.
Diante da situação, o Setra-BH entrou com uma petição no Tribunal Regional do Trabalho (TRT-MG) para determinar que trabalhadores do transporte público da capital mantenham 100% da frota em circulação, sob pena de aplicação de multa.
Por meio de nota, o Setra-BH afirmou que ofereceu uma proposta de reajuste salarial de 9%, e que a rejeição da oferta "causa estranheza". "Sinaliza que a intenção desses trabalhadores é fazer uso da paralisação que muito prejudica toda a sociedade em detrimento de ganhos inviáveis e que jamais serão concedidos por parte das empresas", disse o sindicato patronal.
*Estagiária sob supervisão