O dia começou com reclamações, transtornos, atrasos e gastos extras para os usuários da Estação São Gabriel, na Avenida Cristiano Machado, entre o Anel Rodoviário e a Via 240.
Com a greve dos motoristas de ônibus, deflagrada à meia-noite desta quinta-feira (2/12), ao menos 12 linhas que passam pelo local deixaram de circular.
- Veja: Ao menos 900 ônibus deixam de circular em BH nesta quinta-feira
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cuidadora Renata Francisca pretendia utilizar uma delas para se deslocar para uma consulta médica, mas teve que optar pelo transporte de aplicativo. Com o aumento da demanda do serviço, a corrida sairá pelo dobro do preço.
"Eu estou grávida, tenho um pré-natal marcado no Planalto. A corrida aqui do São Gabriel até lá costuma dar R$12. Vou pagar R$ 25", relata a jovem.
O repositor Marcelo Augusto vai chegar atrasado no trabalho. Ele conta que pegou a linha 80 até a Estação São Gabriel após mais de 40 minutos de espera.
"Fora que o ônibus veio lotado, as pessoas começaram a invadir o coletivo pelas portas traseiras. Um horror. Daqui da estação, vou ter que pegar o metrô e ainda andar um trecho à pé quando chegar ao meu destino. Já avisei no serviço que vou chegar atrasado, apesar de ter saído mais cedo de casa", diz o rapaz.
Após um intenso plantão no hospital, encerrado às 6h, a técnica de enfermagem Priscila Santiago não vai descansar tão cedo. Há mais de uma hora, ela espera uma lotação para voltar para casa. "Estou quase desistindo de ir de ônibus, vou chamar um carro de aplicativo. Não tem condições", queixa-se a usuária.
Dentro das estações, avisos sonoros transmitidos por mega-fone orientam as pessoas a buscar meios alternativos de transporte. Nas catracas, agentes da Transfácil informam aos passageiros as linhas que pararam de circular.
Na noite desta quarta-feira (1/12), o Tribunal Regional do Trabalho da 3a. Região (TRT-MG) determinou a operação mínima de 60% dos coletivos. O descumprimento da medida pode acarretar multa diária de R$ 50 mil ao Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Belo Horizonte e Região (STTRBH), que articula a paralisação.
Entenda a greve
Os rodoviários alegam estar sem aumento há dois anos e reivindicam reajuste de 9%, mais correção dos vencimentos pelo Índice Nacional de Preço ao Consumidor (INPC). Outras pautas do movimento são: retorno do ticket nas férias, pagamento do abono 2019/2020 e fim da limitação do passe livre.
A categoria chegou a cruzar os braços em 22 de novembro, mas suspendeu a greve 24 horas depois, após a sinalização de um acordo pelo Sindicato das Empresas de Transporte Público de Belo Horizonte (Setra-BH).
A proposta apresentada pela classe patronal, no entanto, não agradou aos motoristas, já que contempla o aumento de 9%, mas exclui a reposição salarial pela inflação, principal bandeira do movimento grevista.