Queijos, broas de milho, quitandas adoçadas com rapaduras, frango ao molho pardo e muitas outras delícias - a culinária das Gerais não tem limites para os olhos, o paladar, enfim, para todos os sentidos. Para valorizar ainda mais esse patrimônio, serão apresentadas nesta sexta-feira (3/11), em Belo Horizonte, as ações do Inventário da Cozinha Mineira. À frente, estão a Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult), por meio do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha-MG), e o Instituto Periférico.
O Inventário da Cozinha Mineira será composto pelo dossiê e por ações de salvaguarda e proteção da cozinha mineira. Conforme a Secult, serão realizados estudos com a cadeia produtiva e afetiva da cultura alimentar mineira e referente ao conhecimento sobre o tema.
Além da entrega do dossiê, o inventário prevê o desdobramento dos resultados da pesquisa em publicações que vão ajudar a promover a história, a diversidade e os protagonistas dos sabores e dos saberes da comida mineira, como vídeos, livretos, e um repositório digital na internet, incluindo também atividades de capacitação como seminários e oficinas virtuais, para agentes culturais e turísticos, e palestras em escolas públicas.
O secretário de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais, Leônidas Oliveiras, destaca que a cozinha mineira e todo o imaginário nela contido representam um diferencial para o posicionamento turístico de Minas e fortalecem a identidade cultural de todos os territórios do estado.
"A cozinha é um dos principais exemplos do que a promoção da transversalidade entre turismo e cultura pode fazer: fortalece a autoestima das pessoas envolvidas em sua cadeia produtiva, dá oportunidade para a inclusão econômica e traz à luz dois dos principais traços da mineiridade, que são o bem fazer e o bem receber." Oliveira estará presente ao evento de lançamento, que ocorrerá sexta-feira (3/11), às 16h, no Palácio da Liberdade, na Região Centro-Sul das capitale.
DOSSIÊ
A proposta de reconhecimento como patrimônio cultural integra o Plano Estadual de Desenvolvimento da Cozinha Mineira, instrumento para a articulação de políticas públicas e parcerias envolvendo gastronomia, cultura, turismo e desenvolvimento econômico, lançado em fevereiro deste ano pelo governo de Minas. O caminho a ser trilhado segue exemplos de países como França, México, e o conjunto de sete países europeus banhados pelo Mar Mediterrâneo, que projetaram suas gastronomias no cenário internacional seguindo esta trajetória.
O dossiê será elaborado em três fases simultâneas e complementares. Dois documentos técnicos vão fornecer subsídios para a construção da proposta de reconhecimento. O primeiro documento apresentará a metodologia de trabalho e a fundamentação teórica sobre o conceito de cozinha mineira, primordial para a inclusão dos bens a serem estudados.
O segundo documento apresentará a proposta e os mecanismos de participação e validação da sociedade no processo de reconhecimento e salvaguarda da cozinha mineira. O projeto prevê a formação de um comitê composto por pesquisadores, especialistas, grupos e instituições setoriais da cultura alimentar, e por comunidades e/ou indivíduos detentores de práticas e saberes ligados à cozinha.
Os estudos conceituais e as recomendações técnicas vão orientar as pesquisas interdisciplinares, empíricas e documentais sobre o conjunto de bens culturais que constituem a cultura alimentar tradicional de Minas. Nessa etapa, o inventário vai levantar e analisar os registros de bens realizados pelos municípios do estado, promover encontros com os públicos de interesse e produzir o mapeamento territorial e afetivo do universo que compreende as dimensões da culinária regional.
A equipe de pesquisadores, liderada pelo Iepha, será formada por historiadores, antropólogos, sociólogos, comunicadores, produtores, gastrônomos e nutricionistas, dentre outros, além de contar com a participação das comunidades nos territórios estudados.
A iniciativa tem o patrocínio da Gerdau, da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e da Companhia de Gás de Minas Gerais (Gasmig), por meio da Lei de Incentivo à Cultura, do Governo Federal, e parceria da Secult, firmada via acordo de cooperação técnica entre Iepha e Instituto Periférico.
SABORES E SABERES
Também na cerimônia no Palácio da Liberdade, representantes do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) estarão presentes para comemorar a revalidação como Patrimônio Cultural do Brasil dos "Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal" inscrito no Livro dos Saberes do Iphan.
O projeto "Queijo Artesanal, saberes e sabores mineiros", em fase final de tramitação na Lei Federal de Incentivo à Cultura, recebeu o patrocínio da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), de Araxá, uma das seis regiões que serão visitadas para o levantamento de aspectos históricos, culturais, turísticos e técnicos sobre os modos de fazer do queijo.