“A vítima foi atingida com vários golpes de faca, sem qualquer condição de defesa, e o suspeito prosseguiu com os golpes mesmo após a vítima ter caído ao chão. Então, de fato, é uma conduta de grande reprovabilidade, especialmente em razão dessa relação antecedente como colegas de trabalho”, destaca a delegada Letícia Gamboge, chefe do Departamento Estadual de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
Segundo as investigações, o suspeito havia começado a trabalhar no açougue menos de uma semana antes do cometimento do crime. A faca utilizada pelo matador era a mesma que cortava as carnes e pertencia ao estabelecimento.
“A vítima já trabalhava para a rede de açougues há seis anos, então, ela já era muito conhecida pelo proprietário e pelos funcionários que estavam ali há mais tempo. Já o suspeito só tinha cinco dias de trabalho no local e ainda estava em contrato de experiência”, diz a delegada que coordena o inquérito, Michelle Campos.
Demissão após briga
Segundo a delegada Michelle, no dia 7 de outubro, o suspeito teria discutido e ameaçado outro funcionário, fato presenciado pela vítima, que o repreendeu. O suspeito sentiu-se indignado e, de certa forma, ameaçado pelas palavras proferidas pela vítima.
Nesse mesmo dia da discussão, o açougueiro de 52 anos, a vítima, foi demitido da empresa, por causa da briga. Retornou ao local seis dias depois para receber o acerto trabalhista. Segundo Michele, ele foi ao ponto comercial três vezes: duas pela manhã e uma à tarde.
Na parte da manhã, o açougueiro levou café para os funcionários, já que trabalhou muitos anos na empresa e era querido no ambiente. No período da tarde, quando retornou para conversar com o ex-patrão, foi atacado pelo suspeito.
“Quando a vítima estava na porta do estabelecimento, olhando para a rua, o suspeito deixa o balcão, de posse de uma faca, e começa a desferir golpes na vítima, que estava inclusive de costas para ele no momento do primeiro golpe”, detalha ela.
Crime premeditado
Depois do crime, o suspeito deixou a faca em cima do balcão e fugiu do local a pé, pisando sobre o corpo da vítima. Ainda segundo a delegada Michelle, momentos antes do crime, o suspeito teria amolando a faca utilizada no homicídio, o que demonstra premeditação.
No depoimento que prestou no DHPP, o suspeito assumiu a autoria do crime e contou que durante o período em que estava foragido, estava morando no Rio de Janeiro, onde permaneceu por um tempo.
Ao retornar para Belo Horizonte, ele conta que chegou a ficar em situação de rua. Estava num trabalho informal, usando nome falso, e que nesse novo serviço, discutiu com um outro colega, sentiu-se ameaçado e por pouco não cometeu outro homicídio.