Acusado de envolvimento na morte do fisiculturista Allan Guimarães Pontello, o segurança Delmir Araújo Dutra, foi absolvido pelo Conselho de Sentença do 3º Tribunal do Júri de Belo Horizonte, nesta segunda-feira (6/12).
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Além de Delmir, Fabiano de Araújo Leite também seria julgado pelo crime. Porém, ele apresentou sintomas de COVID-19 e seu julgamento foi adiado.
O júri era composto por quatro homens e três mulheres. Foram ouvidas três testemunhas. No interrogatório, o réu afirmou que não determinou a abordagem da vítima e que não estava no local onde o crime foi praticado.
O promotor de Justiça, Cristian Lúcio da Silva, argumentou que o papel do Ministério Público é promover a justiça e que não há no processo provas da participação de Delmir no crime. Para o promotor, segundo testemunhas, o réu não estava no local quando a vítima foi agredida e não concorreu com a prática do crime.
Ele alegou ainda que, apesar de ser chefe da segurança da boate, Delmir não tinha como controlar a conduta dos outros seguranças que agrediram Allan.
Ele alegou ainda que, apesar de ser chefe da segurança da boate, Delmir não tinha como controlar a conduta dos outros seguranças que agrediram Allan.
Espancado dentro da boate
O fisiculturista Allan Guimarães Pontello, de 25 anos, morreu em setembro de 2017, após ser espancado dentro da antiga boate Hangar 667, no Bairro Olhos D’Água, Região Oeste de Belo Horizonte.
Segundo a denúncia apresentada pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), os denunciados, agindo intencionalmente, mataram o fisiculturista por asfixia.
O jovem havia seguido até o banheiro da boate e lá foi abordado pelos seguranças Carlos Felipe Soares e William da Cruz Leal, que o levaram contra sua vontade para uma área restrita onde ele passou por uma revista à procura de drogas. Como Allan resistiu, a dupla passou a espancar a vítima violentamente, com empurrões, socos e chutes, imobilizando-a e a estrangulando até a morte. O laudo de necrópsia apontou como causa da morte “asfixia mecânica por constrição extrínseca do pescoço”.
No relato do juiz que aceitou a denúncia contra os acusados, consta que a dupla de seguranças agiu com o apoio de Paulo Henrique Pardim de Oliveira e Fabiano de Araújo Leite (que seria policial militar), que asseguraram a continuidade da agressão e impediram que terceiros se aproximassem para socorrer a vítima. Os dois estariam a serviço de retirar dinheiro dos caixas da boate.
Além dos quatro, também foi denunciado Delmir Araújo Dutra, que seria coordenador da segurança. Relatos da polícia que foram anexados ao processo dão conta de que ele chegou ao local das agressões junto com os socorristas. Mas, na época, foi dito que a conduta dele precisava ser melhor explicitada ao longo da instrução do processo.
Em agosto do ano passado, William e Carlos Felipe foram condenados a 16 anos de prisão, em primeira instância. Meses depois, em novembro, foi a júri Paulo Henrique, que pegou 11 anos de reclusão pelo crime.
Outdoors para lembrar do caso e pedir justiça
No final de novembro, o pai de Allan, Dênio Luiz Pontelo, solicitou a colocação de três outdoors em Contagem, na Região Metropolitana de BH, onde a família vive. Assim como fez em anos anteriores desde a morte do filho, o objetivo do pai do jovem era lembrar o caso e pedir por justiça.
*Estagiária sob supervisão do subeditor João Renato Faria