Depois da destruição provocada pela enchente, moradores de Machacalis, no Vale do Mucuri, enfrentam as dificuldades de volta para casa. Com as fortes chuvas da semana passada, a cidade foi arrasada pelas cheias dos rios Água Branca e Norte. Na quinta-feira, 2.903 pessoas ficaram desalojadas e outras 400 ficaram desabrigadas. As 3.303 pessoas expulsas de suas casas pela força da água equivalem a quase a metade da população do município, de 7.112 habitantes.
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Centro de Juiz de Fora fica alagado após forte chuva nesta segunda (13/12)BH deverá ter forte chuva nesta terça-feira (14/12); confira previsãoRio do Prado vive isolamento e caos generalizado depois das chuvasSolidariedade: veja como ajudar os atingidos pelas chuvas em MinasOs desalojados foram para casas de amigos e parentes e enquanto as pessoas que perderam suas casas e não encontraram outro local para se hospedar foram encaminhadas para cinco abrigos instalados em igrejas, escolas e em uma creche do município, onde passaram a receber assistência da prefeitura e doações de voluntários.
Com o passar dos dias, aos poucos, as águas dos rios Água Branca e Norte baixaram, o que permitiu a muitas famílias começarem a voltar para suas casas, mas os rastros da destruição ainda são evidentes na cidade. Conforme Andressa Ornelas, ontem o número de desalojados no município caiu para 536, enquanto o número de acolhidos em abrigos improvisados foi reduzido para 45 pessoas.
A secretária municipal ressalta, no entanto, que o sofrimento provocado pelos temporais em Machacalis permanece. “Mais de 500 pessoas perderam tudo: móveis, geladeiras, fogões e roupas”, detalha. Ela também informa que de 200 a 250 vítimas das chuvas continuam recorrendo aos abrigos para receber alimentação, seja pela falta de mantimentos ou porque não têm condições de cozinhar em casa, devido à perda dos fogões durante a enchente.
Andressa Ornelas lembra que, além de pedir o apoio do governo estadual, que enviou colchões, cestas básicas e produtos de higiene e de limpeza para as famílias, a prefeitura lançou uma campanha via redes sociais, pedindo doações para os desabrigados.
Rastro de danos
As partes mais afetadas pela inundação em Machacalis foram os bairros Água Branca, Área, a praça do Bairro Pirulito e a Rua Belo Horizonte, entre outras. Segundo a secretária municipal de Assistência Social, além de 20 casas destruídas, pelo menos outras 110 tiveram algum tipo de dano, como quedas de paredes, muros e estruturas abaladas. Aqueles que estão conseguindo voltar para suas moradias enfrentam outra dificuldade: a falta de água, pois o sistema de abastecimento do município também ficou comprometido pela enchente.
Andressa Ornelas relata que, além das perdas dos móveis, eletrodomésticos e roupas, dezenas de moradores com problemas de saúde, como diabéticos e hipertensos, perderam medicamentos de uso contínuo. Por isso, a prefeitura teve que montar uma espécie de farmácia improvisada para fornecer os medicamentos para pessoas levadas para os abrigos. Centenas de moradores enfrentam outro drama: perderam todos os documentos, que ficaram debaixo d'água.
Dois postos do Programa de Saúde da Família de Machacalis também foram inundados. A unidade mais atingida foi o PSF da praça do Bairro Pirulito. De acordo com a secretária Andressa Ornelas, todos os medicamentos e insumos armazenados no local foram perdidos, incluindo vacinas contra a COVID-19, o que prejudicou o andamento da campanha de imunização contra o coronavírus na cidade. Mas, a prefeitura ainda não tem um levantamento sobre a quantidade de doses perdidas.
Zona rural
As fortes chuvas acarretaram também transtornos e prejuízos na zona rural de Machacalis, onde até outubro os agricultores enfrentaram dificuldades com a seca. Segundo a presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Machacalis, Klecila Rejane Reis, diversas pontes foram levadas pela água e estradas vicinais ficaram intransitáveis. Com isso, várias comunidades rurais do município estão isoladas. “Muitos produtores de leite estão acumulando prejuízos. Eles ficaram isolados, não conseguem transportar o leite nem mesmo para doação”, afirma.