Cerca de 30 aeronaves participaram de um voo de protesto nesta terça-feira (14/12), contra o fechamento do Aeroporto Carlos Prates, na Região Noroeste de Belo Horizonte. Os aviões partiram do terminal no início da tarde com destino ao Aeroporto da Pampulha, para onde parte das operações do aeroporto serão transferidas quando encerradas as atividades, que tem previsão para 31 de dezembro. Lá, as pistas de estacionamento ficaram lotadas. Assim, cinco aviões não conseguiram pousar.
Segundo o presidente da Associação Voa Prates, Estevan Velasquez, responsável pelo ato, o pouso não ocorreu em razão de as pistas da Pampulha não comportarem o mesmo fluxo do Aeroporto Carlos Prates, diferente do que muitos pensam. O ato desta terça-feira teve como objetivo justamente chamar atenção para este e outros pontos, para ressaltar que o terminal da Pampulha não tem condições de comportar todas as operações que deixarão de existir com o fim do Carlos Prates.
“Todos acham que ali só tem um aeroporto interno com algumas aeronaves. Na verdade, o Aeroporto Carlos Prates é, hoje, o segundo aeroporto mais movimentado de Minas Gerais. É um aeroporto que contém mais de 120 aeronaves, mais de 300 empregos gerados, cinco escolas de aviação civil, mais mil alunos formados por ano. Ele é, hoje, uma grande base de operações das aeronaves combatentes ao incêndio, é lá no aeroporto que eles operam. Toda a frota de segurança pública, polícia militar, civil, bombeiros fazem os treinamentos e manutenção das aeronaves no Carlos Prates”, explica Estevan Velasquez.
Além disso, de acordo com o presidente da Associação Voa Prates, nenhum estudo de impacto e viabilidade foi feito antes da decisão.
“Infelizmente, o ministério só mandou fechar o aeroporto e hoje nós mostramos que um quarto da frota do Carlos Prates não está pousando na Pampulha, levando cerca de 30 aeronaves para lá e cinco não conseguem nem pousar, já mandam retornar. Além da Pampulha não ter licitação hoje, ou seja, para onde vão as empresas, as aeronaves e os trabalhadores do Carlos Prates? Esse foi nosso principal intuito, mostrar o que era o aeroporto e como o da Pampulha não comporta nem um pouco do que acontece no Carlos Prates”.
Ele destaca ainda que a luta é para manter o aeroporto em funcionamento e fala da importância do espaço para a capital. “O Aeroporto Carlos Prates está sendo desativado por nenhum motivo técnico ou por insegurança. Ele está sendo desativado única e exclusivamente por vontade política do governo federal, com o encerramento das operações da Infraero e a ideia é o leilão da área para readequação aviária.”
“Já tem um projeto pronto para aquela área, com construções residenciais de alto padrão. Literalmente foi isso que ouvimos do governo federal: 'Essas aeronaves podem pousar em qualquer aeroporto, se viram e dão um jeito'. As pessoas não entendem a importância e a relevância desse aeroporto para Minas. É um aeroporto com a vocação de formar pilotos, de realizar sonhos. Vale lembrar que a maioria dos alunos são pessoas humildes que formam pelo FIES, a gente tem essa grande vocação social, transformar sonhos em realidade através do FIES, então é de grande relevância”, conclui.
POSICIONAMENTO
O Estado de Minas entrou em contato com o Ministério da Infraestrutura, responsável pela condução do processo. Em nota, eles informaram que, "em 2020, o Governo Federal consultou entes públicos e privados - incluindo a prefeitura de Belo Horizonte e o governo de Minas Gerais - que pudessem ter interesse em assumir a administração do local. Na oportunidade, ninguém manifestou interesse."
"O aeroporto hoje atende a voos não-regulares das empresas de táxi aéreo e aviação executiva, dispondo ainda de serviços de manutenção e hangaragem, além de escolas de aviação de asas fixas e rotativas. Sua infraestrutura, contudo, é deficitária e localizada em região já atendida por outros dois aeroportos, de Confins e Pampulha, razão pela qual nenhuma entidade pública ou privada se interessou por administrá-lo quando consultada pela equipe da Secretaria de Aviação Civil (SAC/MInfra)", diz a nota.
Além disso, o Ministério da Infraestrutura afirma que decidiu pela revogação da atribuição da exploração do aeroporto à Infraero, bem como a sua exclusão do cadastro de aeródromos mantido pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), ficando determinado que suas atividades serão encerradas no próximo dia 31 e, após essa data, seu terreno volta à União.
"Hoje, as tratativas para destinação futura do terreno ocupado pelo aeroporto – o qual pertence à União – estão em fase bastante adiantada nas secretarias de Patrimônio da União e Especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercados do Ministério da Economia. Razão pela qual, na atual etapa do processo, qualquer mudança de planos deve envolver o ME", finaliza.