Jornal Estado de Minas

TRANSPORTE PÚBLICO

Kalil agenda 'derradeira' reunião com sindicato das empresas de ônibus

A segunda reunião entre Alexandre Kalil (PSD), prefeito de Belo Horizonte, e lideranças do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (SetraBH), na manhã desta quarta-feira (15/12), na Prefeitura de BH, terminou sem um acordo definido. De acordo com o chefe do Executivo, nesta quinta-feira (16), uma terceira e "derradeira" reunião deve definir os rumos da gestão do transporte público da capital de Minas Gerais.





"Nós estamos caminhando. Amanhã (quinta-feira), provavelmente, nós teremos a última reunião, nós realmente queremos aliviar a gratuidade, e eu vou repetir aqui, não adianta a gente fazer pergunta porque o que eu vou falar é o que aconteceu, amanhã às 16 horas nós devemos ter a derradeira reunião. Porque hoje o sindicato patronal do Setra não consegue congelar as tarifas, e a prefeitura não vê como dar a gratuidade, assumir essa gratuidade, sem o congelamento de tarifas. Então, é isso que está pegando", afirmou Kalil, durante entrevista coletiva.

O objetivo dos encontros é viabilizar alguma fonte de custeio para o sistema de transportes na capital mineira, que beira o colapso, de acordo com o SetraBH. No encontro da última segunda-feira (13), foi discutida a gratuidade do transporte público.

Dados da prefeitura dão conta de que cerca de 10% dos usuários têm o benefício, como idosos, estudantes, carteiros, oficiais de Justiça, entre outras categorias profissionais, e usuários com deficiência física, auditiva, visual, mental, autismo e doentes renais em tratamento.



Apesar dos pedidos das empresas e recentes greves dos motoristas e outros trabalhadores do transporte público de Belo Horizonte, em função de um aumento, Kalil considera que não é possível o aumento de tarifas.

"É questão de planilha, é questão de matemática, é questão de engenharia financeira para que a gente feche essa conta cuidando para que o usuário, o pessoal, o catracado, que passa e paga a passagem, não seja prejudicado, jogando mais um ônus para a prefeitura. Então, o grande problema é o seguinte: a prefeitura tem um volume, como eu disse anteriormente, que a gratuidade não pode cair no preço da passagem, isso está correto, isso é o raciocínio correto. Por outro lado, a prefeitura não vê como assumir uma despesa que não traga um benefício direto e imediato para o usuário. Então, é simplesmente isso", afirmou.

"Amanhã, nós vamos chegar a números, nós vamos chegar a tudo isso, que será levado à câmara, em caráter de urgência para que seja aprovado, que seja debatido, que seja conversado. É claro que nós vamos iniciar uma conversa, uma conversa republicana e produtiva, para que a população de Belo Horizonte saia do melhor modo possível, porque como eu digo sempre, nós, a maioria das pessoas que estão nessa reunião, 100% delas não pagam transporte público, mas quem paga sabe o sacrifício que é, e a prefeitura vê dois caminhos: um, ajuda, desde que essa ajuda chegue imediatamente no bolso do consumidor da passagem pública, porque se não chegar a prefeitura não vê caminho para esse absoluto transtorno e problema que a população que usa o transporte público do Brasil inteiro está passando hoje", completou Kalil.





A última vez que a tarifa dos ônibus em BH teve reajuste foi em dezembro de 2018, quando passou de R$ 4,05 para R$ 4,50. Presidente do SetraBH, Raul Lycurgo participou do encontro desta quarta e afirmou que há uma "inflação de serviço" extremamente alta.

"O impasse é o seguinte: o colapso do sistema é grande. Então, qualquer ponto que a gente tenha que analisar hoje, a gente precisa ver a sustentabilidade dele. Nós não estamos nem aí tentando resolver o problema todo de uma vez, é simplesmente dar oxigênio, deixar este paciente vivo para que o próprio sistema possa conseguir, no ano que vem inclusive, ter uma modernização do contrato. O impasse é, obviamente, tivemos este ano uma alta do diesel de 55%, o que impacta diretamente no nosso custo. IPCA este ano passou dos 10%, IGPM a 30%, e vocês hão de convir que nossos custos estão mais aderentes ao IGPM que ao IPCA", afirmou.

audima