Os trilheiros da “Equipe Punho Marrado” continuam fazendo a diferença em Palmópolis, cidade do Vale do Jequitinhonha castigada pelas chuvas. Desde a última quarta (8/12), a equipe auxilia a Defesa Civil nos trabalhos de busca e reconstrução. Nessa terça (14/12), eles foram fundamentais para que não ocorresse uma tragédia com um menino de 2 anos.
O garotinho levou uma picada de um escorpião e a mãe entrou em desespero, temendo pela vida do filho, em um local distante e isolado da cidade. A solução foi pedir socorro à Equipe Punho Marrado: os motoqueiros Héverton Machado e Cleride Reis venceram as trilhas com muito barro e erosões, até chegar ao povoado - que continua isolado de Palmópolis.
A criança foi resgatada e levada de moto até um ponto da estrada onde um carro da Defesa Civil já a aguardava. O menino foi levado à Unidade Básica de Saúde e medicado, para o alívio da mãe que havia passado por momentos de aflição.
'Anjos enviados por Deus'
“Eles são anjos enviados por Deus”, disse a professora de matemática Maria Aparecida Lopes Jardim, a Cidinha de Zai, se referindo aos trilheiros. Ela também viveu dias de angústia, isolada no distrito de Dois de Abril, da última quarta (8/12) até domingo (12/12).
Cidinha mora em Palmópolis e leciona no distrito de Dois de Abril, onde estava quando a chuva começou. “Foram dias de terror. A ponte em frente à casa onde eu estava hospedada caiu. A água começou a subir e entrou nessa casa. Um poste de energia elétrica caiu, na minha frente e, atrás da casa, caiu um raio”, disse.
O desespero de todos, segundo Cidinha, foi viver todo aquele terror e ficar sem água tratada, sem energia elétrica e sem internet. Para ela, foi ainda pior, pois ficou sem notícias da família, que estava em Palmópolis. Até que, do nada, apareceram os trilheiros, os anjos enviados por Deus, segundo Cidinha.
“Eles trouxeram meus remédios e velas, porque o distrito estava sem luz”, disse a professora, afirmando que todos os agradecimentos que forem feitos aos rapazes da Equipe Punho Marrado serão insuficientes para demonstrar a gratidão de todas as pessoas socorridas por eles.
Cidinha foi resgatada no domingo (12/12) por um helicóptero da Cemig. Ao chegar em casa, em Palmópolis, ela sentiu um alívio momentâneo. “Mas, quando olhei pelos fundos da minha casa e vi a cidade destruída, casas vazias, móveis jogados na rua, senti que eu havia saído de um terror e voltado para outro”.
“Os anjos que andam de moto”, como disse a professora Cidinha, além de integrantes de força-tarefa trabalham para amenizar os estragos e reconstruir as cidades.