Uma parceria firmada entre a Diretoria de Ensino e Profissionalização do Departamento Penitenciário de Minas Gerais (Depen-MG) e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas (IF Sul de Minas) busca dar um novo destino à vida de 984 detentos que cumprem pena nas unidades prisionais e nas Associações de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac) no estado.
O objetivo do projeto é garantir acesso a cursos de fácil empregabilidade, para que essas pessoas saiam da prisão com uma nova profissão. Mais de 50 unidades prisionais do estado serão contempladas.
Ao todo, a parceria prevê nove formações para 55 turmas, de 10 a 20 alunos, em todas as regiões do estado. O instituto será responsável por ministrar as aulas e emitir a certificação aos detentos. Cada formação tem duração média de dez semanas, e a previsão é que as primeiras turmas concluam a capacitação no fim de abril de 2022.
Cinco turmas começaram as aulas agora em dezembro. Os cursos oferecidos são de Almoxarife, no Presídio de Uberlândia I; Vendedor, na Penitenciária de Belo Horizonte I; Assistente Administrativo, no Centro de Ressocialização de Ribeirão das Neves e na Apac de Pouso Alegre II; e Pedreiro de Alvenaria, na Apac de Januária.
As 50 turmas restantes iniciam as aulas em fevereiro. Além das formações citadas, há também as opções de curso de Eletricista Instalador Predial de Baixa Tensão, Microempreendedor Individual, Padeiro, Pintor de Obras Imobiliárias e Garçom. As capacitações foram escolhidas pelas próprias unidades prisionais participantes, de acordo com a demanda dos detentos.
“A disponibilidade de cursos profissionalizantes pelo IF Sul de Minas possibilita aos custodiados o aprendizado de uma nova profissão, que lhes dará um certificado para que, ao saírem do cárcere, possam mudar de vida e serem protagonistas de sua própria história”, destaca a diretora de Ensino e Profissionalização do Depen-MG, Regina Duarte.
Para participar do curso, o custodiado deve estar matriculado e frequentar as aulas de educação básica, ensino fundamental ou médio. O recurso investido vem do Ministério da Educação e deve ser executado até 2022.
Penitenciária de Belo Horizonte I
As aulas do curso de Vendedor, na Penitenciária de Belo Horizonte, começaram na semana passada, com sala cheia. Vinte presas estão participando da formação, entre elas, está a detenta Andréa de Araújo, que diz realizar um sonho.
“É um grande presente ter a chance de fazer esse curso para melhorar meus conhecimentos e sair com a honra e a dignidade de ser alguém na vida. Eu não tive essa oportunidade lá fora e, agora, já estou quase terminando o ensino fundamental e poderei me capacitar profissionalmente. Quero andar para frente, fazer as coisas certas e acredito que sempre há oportunidade para a gente mudar de caminho na vida”, relata.
Segundo a pedagoga da unidade prisional, Miriam Célia, a nova capacitação soma-se ao trabalho de ressocialização que é feito diariamente na penitenciária.
“As expectativas são as melhores, todas as presas estavam muito ansiosas para o início das aulas, conversei bastante com elas sobre quanto o curso é promissor para o momento pós-cárcere, pois poderão sair com uma nova oportunidade”, explica.