Jornal Estado de Minas

SABIA NÃO, UAI!

Floresta: histórias e curiosidades de um bairro ligado às origens de BH


“Minha vida é esta: subir Bahia, descer Floresta”. A célebre frase do cronista e compositor mineiro Rômulo Paes é mais que um verso ou referência geográfica para os belo-horizontinos. É uma memória afetiva para quem mora na capital, sobretudo quem vive no Bairro Floresta, um dos mais antigos de BH.





E é sobre esse tradicional lugarejo que separamos algumas curiosidades, com apoio da cartilha de educação patrimonial "Patrimônio Cultural do Bairro Floresta - Belo Horizonte", desenvolvida por Alda Luiza Moura, estudante do curso de Arquitetura e Urbanismo do IFMG Campus Santa Luzia, em parceria com a estudante de Arquivologia Sarah Dreger, da UFMG.



Qual a origem do nome Floresta?

Existem pelo menos três hipóteses sobre a origem do nome Floresta. A primeira delas dá como referência um hotel de mesmo nome que data da construção de BH.

A segunda tem relação com um bar. O bairro seria uma referência ao Botequim Floresta, que ficava perto da estação central do metrô. 

Viaduto da Floresta, construído no fim dos anos 1920 para ligar o Centro de BH aos bairros Floresta e Santa Tereza (foto: Arquivo EM)


A última hipótese é de que o nome está relacionado às chácaras que produziam grande parte dos alimentos vendidos na cidade recém-construída.





Mirante da Sapucaí

É no Bairro Floresta que fica a famosa Rua Sapucaí. A principal estação de metrô de Belo Horizonte, a Estação Central, tem uma saída para a rua, por meio das famosas escadas coloridas.

Rua Sapucai, no Bairro Floresta, virou mirante de arte (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)


O endereço faz parte do limite físico do bairro e nos últimos anos se tornou um dos locais de maior encontro de jovens em BH. Antes disso, a rua era quase deserta, mas atualmente, a via tem aproximadamente dez restaurantes e bares.

Rua Sapucaí virou point dos jovens em BH (foto: Tulio Santos/EM/D.A Press )


Uma das contribuições para o levante do movimento por lá é o Circuito de Arte Urbana (CURA). Uma reunião de artistas foi responsável por pintar murais nos prédios do Centro da cidade e surgiu então o primeiro Mirante de Arte Urbana do mundo. É uma visita obrigatória para quem mora ou está de passagem pela cidade.



A Rua Sapucaí foi considerada o primeiro Mirante de Arte Urbana do mundo, onde o público pode acompanhar ao vivo a realização das obras (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press )


Celebridades do Bairro Floresta

E foi na Floresta que moraram grandes escritores como Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) e Pedro Nava (1903-1984).
 
Os dois eram companheiros no Grupo do Estrela, um núcleo modernista formado por jovens literatos que se reuniam no famoso Café Estrela na BH dos anos 1920.

O escritor e médico Pedro Nava na varanda da casa onde morou o poeta Carlos Drummond de Andrade, no Bairro Floresta (foto: Jorge Gontijo/EM/D.A Press - 17/12/1976)


A amizade foi tão significativa que ganharam uma estátua em bronze localizada na esquina das ruas Goiás e Bahia, no Centro de BH – a um quarteirão do monumento a Rômulo Paes, que homenageia o escritor e compositor mineiro, autor da frase gravada no monumento, que diz: “A minha vida é esta, subir Bahia e descer Floresta”.

Lazer no Floresta

A Praça Comendador Negrão de Lima é um local de encontro dos moradores do bairro Floresta. É por lá que os vizinhos se encontram em meio a prática de atividades físicas, descanso e lazer.





A área verde recebe um grande fluxo de pessoas diariamente, principalmente na parte da manhã, representando um ponto de referência no bairro. Além disso, o espaço tem importante valor histórico. 

Praça Comendador Negrão de Lima, no Bairro Floresta, em BH (foto: Euler Junior/EM/D.A Press)


De acordo com a Diretoria de Patrimônio Cultural, Arquivo Público e Conjunto Moderno da Pampulha, da Fundação Municipal de Cultura, da Prefeitura de Belo Horizonte, a praça foi tombada em 10 de agosto de 1996, no âmbito da proteção do Conjunto Urbano Bairro Floresta, por sua importância paisagística e simbólica, e seu nome se deu em homenagem ao Comendador Negrão de Lima, pai do ex-prefeito de Belo Horizonte Otacílio Negrão de Lima.

Durante a noite ocorre encontro de cães, organizado pela comunidade. Ao longo do ano a praça também vira palco para eventos culturais, como shows, peças de teatro, ensaios de bandas e danças.

Todas as sextas-feiras, das 18h às 22h, ocorre uma feirinha com comidas típicas e artesanato, que possui aproximadamente 15 barracas. E em fevereiro, o local recebe muita gente com glitter e máscara para celebrar o carnaval.





Sete fatos sobre o Bairro Floresta:

  1. O bairro está relacionado com a construção de Belo Horizonte. A cidade foi planejada e sua construção finalizada em 1897
  2. É a vizinhança mais antiga da região, sendo a primeira residência dos operários da comissão construtora da capital: a Casa do Conde
  3. O local começou a se desenvolver a partir de 1905, com a chegada do bonde, fomentando o comércio
  4. Em 1930, o comércio se desenvolveu ao redor da Avenida do Contorno e da Av. Assis Chateaubriand
  5. O Viaduto Santa Tereza foi construído em 1929 e tombado como Patrimônio Histórico Municipal na década de 90. Ele liga o Centro aos bairros da região
  6. Há 111 bens tombados no bairro Floresta. Alguns são tombados pelo IEPHA, outros por instância municipal
  7. A Bombons Lalka foi a primeira fábrica de doces de Belo Horizonte, fundada em 1920

Sabia Não, Uai!

Sabia Não, Uai! mostra de um jeito descontraído histórias e curiosidades relacionadas à cultura mineira. A produção e apresentação são feitas pela repórter Déborah Lima, que conta com o apoio do vasto material disponível no arquivo de imagens do Estado de Minas, que inclui ainda as publicações dos extintos Diário da Tarde e revista O Cruzeiro.

O conteúdo oferece um olhar único e com propriedade sobre a história de Belo Horizonte e de Minas Gerais desde a década de 1920.

audima