Jornal Estado de Minas

SUPERLOTAÇÃO

Operando no limite, UPA de Formiga não atenderá sintomas gripais


Com a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Formiga, no Centro-Oeste de Minas, operando acima do limite, o município decidiu manter a estrutura provisória montada no ginásio Vicentão para pacientes com sintomas gripais. Porta de entrada para casos de urgência e emergência, a UPA tem operado em uma espécie de “hospital” com leitos improvisados pelos corredores.





Por dia, são cerca de 20 a 23 pacientes clínicos internados, quase 100% acima da capacidade. A superlotação é reflexo do déficit de leitos que assola a macrorregião Oeste. Entretanto, há outro fator agravante: parte das vagas ainda está direcionada, exclusivamente, para pacientes com COVID-19.

Só na Santa Casa de Formiga são 14 leitos clínicos. “O estado não autorizou desabilitar. A gente mantém leitos para uma patologia que não tem tido demanda. Se a Santa Casa estivesse com esses leitos liberados teríamos mais vasão para esses pacientes não COVID”, explicou o secretário de Saúde, Leandro Pimentel.

Com o cenário preocupante, o município emitiu, nessa segunda-feira (20/12), um comunicado à população. A UPA manterá atendimento apenas para casos de urgência e emergência. Todos os pacientes com sintomas gripais deverão ir até o Vicentão, seguindo o mesmo esquema adotado durante a pandemia.





“Às vezes o paciente com sintomas gripais chega na UPA, passa pela triagem e a equipe direciona para o Vicentão. O paciente fica revoltado, quer chamar a polícia, isso gera um desgaste enorme dos profissionais”, explica o secretário.

A UPA tem 12 leitos de enfermaria, outros oito de observação (macas, camas e cadeiras de medicação). Além dos pacientes internados há a demanda diária de atendimentos de urgência, emergência. “A gente não está conseguindo transferir pacientes com pneumonia, com infecção de trato urinário, que eram pacientes para serem tratados em outra porta hospitalar. A UPA passou a ser um verdadeiro hospital”, enfatiza Pimentel.

Improviso

Dos internados, seis aguardam vaga para cirurgias ortopédicas. Para conseguir driblar o problema e manter a assistência, improvisos estão sendo adotados. “Na semana passada precisei tirar macas dos consultórios para colocar pacientes.”, revela o diretor da UPA Vladimir Moreira. Poltronas de descanso de funcionários estão sendo aproveitadas.





Teoricamente, o paciente teria que ser transferido para um hospital em até 24 horas. Entretanto, a UPA tem atuado como uma unidade hospitalar. “A gente está recebendo paciente, tratando e dando alta. Ontem (segunda) dei quatro altas para pacientes tratados como se fosse um hospital”, conta o diretor. Cenário que, segundo ele, se repete em toda a região.

“Não é só Formiga. Campo Belo, Lagoa da Prata, Arcos, Bambuí, Luz, que são cidades que nos ajudam muito, não têm vaga”, pontua.
Para ele, a desabilitação dos leitos ajudaria a dar vasão. “Ninguém garante que não teremos uma nova onda da COVID, mas se isso vier acontecer reabilita novamente os leitos. Mas não podemos deixar neste momento 14 leitos parados, sendo que estamos com uma demanda gigante”, alerta.

Estudo


A Superintendência Regional de Saúde de Divinópolis informou que os leitos de enfermaria são proporcionais ao de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) habilitados pelo Ministério da Saúde (MS). O órgão recomenda dois leitos clínicos para cada vaga de UTI como retaguarda. Ou seja, a quantia já está abaixo da recomendação. 





Os leitos de enfermaria só podem ser desabilitado, caso os de UTI também sejam.

“Assim, quem pode desabilitar os leitos de UTI é o Ministério da Saúde. O município de gestão de seus prestadores pode fazer solicitação ao MS também por verificar um cenário mais tranquilo da pandemia. Ao fazer este processo, o hospital pode se necessário revocacionar os 14 leitos clínicos ao atendimento de outras clínicas, isso após a publicação de desabilitação dos leitos de UTI COVID-19”, explicou a superintendência por meio de nota.

Como medida para ampliar os leitos, a Regional de Divinópolis diz ter elaborado um estudo e encaminhado ao Ministério Saúde a proposta de manter estes 10 leitos de UTI e 14 clínicos para atender outras especialidades na Macrorregião Oeste.
 
A aprovação desta proposta, contudo, depende do órgão. Os leitos COVID-19 da Santa Casa foram habilitados exclusivamente durante a pandemia. Antes, não existiam para outras especialidades.

A assessoria de comunicação do Ministério da Saúde afirmou que cabe ao gestor local solicitar a desabilitação e a habilitação para novas especialidades. Sobre a proposta encaminhada pela Secretaria de Estado de Saúde (SES) disse que buscaria informações, porém, não retornou até a publicação desta matéria.





*Amanda Quintiliano especial para o EM
 

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