A desistência da Cervejaria Heineken de instalar uma fábrica da marca em Pedro Leopoldo, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, deflagrou uma corrida de outros municípios para disputar o empreendimento. Ao anunciar o cancelamento dos planos para Pedro Leopoldo, em 13 de dezembro, o diretor de Assuntos Corporativos do grupo no Brasil, Mauro Homem, afirmou que a empresa vai manter o projeto de uma nova planta no estado. O volume de investimentos previsto para o novo empreendimento é de R$ 1,8 bilhão e a unidade vai atender à demanda de consumo da Região Sudeste do país. Por ora, estão no páreo Uberaba, Patrocínio e Frutal, no Triângulo Mineiro, Ouro Preto e Mariana, na Região Central, e Santa Rita do Sapucaí, no Sul de Minas.
Uberaba, na Região do Triângulo, foi a primeira a demonstrar interesse em levar o empreendimento para a cidade. No próprio dia 13, o vereador Túlio Michelli (PSL) entregou ofício ao vereador Fernando Mendes (MDB), líder do governo municipal, solicitando ações para atrair a fábrica da cervejaria. “A localização, qualidade da água e incentivos fiscais são alguns dos motivos que podem fazer a Heineken optar por ter a fábrica em Uberaba. É o momento de unir esforços e lutar para conquistar esse investimento”, defendeu o vereador. Ele acredita que Uberaba tem totais condições de atrair a unidade.
“Executivo, Legislativo e demais autoridades de Uberaba devem se unir para que a cidade conquiste a fábrica da Heineken. Minha equipe já está conversando com representantes da sociedade civil, principalmente com o grupo Pró-Uberaba, que reúne diversos empresários da cidade que apoiam a ideia”, acrescentou.
Já a Prefeitura de Uberaba, por meio de sua Secretaria de Comunicação, afirmou que, neste momento, ainda está "tomando conhecimento" das informações sobre a decisão da Heineken. A cidade já conta com uma unidade da Cervejaria Petrópolis, fabricante das cervejas Crystal, Lokal, Itaipava, Black Princess e Petra, entre outras.
No dia 16, foi a vez do prefeito de Patrocínio, também no Triângulo Mineiro, Deiro Marra, comunicar, por meio de suas redes sociais, que entrou na ‘luta’ para ter a fábrica na cidade. Ele enviou ofícios para a empresa manifestando o interesse do município em sediar a nova unidade. “Patrocínio entrou pra valer no páreo para participar do projeto de sediar a construção de uma fábrica da Cervejaria Heineken, antes prevista para Pedro Leopoldo. Manifestamos de forma oficial nosso interesse, tanto junto à presidência da Heineken Brasil quanto à Agência de Promoção de Investimentos e Comércio Exterior e presidência do Instituto de Desenvolvimento Integrado de Minas Gerais (Indi)”, anunciou.
Marra considera que Patrocínio tem potenciais que atendem plenamente aos pré-requisitos exigidos pela cervejaria, como, por exemplo, boa capacidade hídrica (inclusive nascentes minerais) e logística para facilitar o escoamento para diversas regiões e mínimos impactos ambientais locais. “Por enquanto, é um sonho. Mas o importante é que estamos tentando, correndo atrás, fazendo a nossa parte”.
HISTÓRICAS NA DISPUTA
As prefeituras das cidades históricas de Ouro Preto e Mariana, na Região Central, também manifestaram interesse em sediar a nova fábrica. De acordo com a Prefeitura de Ouro Preto, as secretarias de Governo e de Desenvolvimento Econômico já formalizaram o interesse em uma reunião com os gestores da Heineken.
Segundo a prefeitura, Ouro Preto tem área total de 1.245 quilômetros quadrados e estudos preliminares apontam áreas nos distritos de Miguel Burnier e Engenheiro Correia como possíveis locais para a instalação da fábrica. Numa área total de 140 hectares, a prefeitura estuda criar um parque industrial, que abrigaria a empresa.
Em relação à logística – um dos requisitos apontados pela cervejeira para escolha do local –, a prefeitura cita que Ouro Preto tem acessos pelas BR-040 e BR-356, situação que facilita a chegada de insumos e escoamento da produção. “Os estudos estão em andamento, já temos técnicos trabalhando nos estudos da hidrogeologia da região, para que possamos garantir tanto o abastecimento da empresa quanto a preservação dos recursos do meio ambiente. Nenhum empreendimento será instalado sem a autorização dos órgãos competentes”, afirma o superintendente da Secretaria Municipal de Governo de Ouro Preto, Samuel Sabino.
O superintendente diz ainda que os incentivos só serão garantidos em definitivo para a empresa mediante encargos, como garantia da função social decorrente da criação de empregos e renda e da importância para a economia, além das devidas licenças ambientais.
Já o prefeito interino de Mariana, Juliano Gonçalves, afirmou, nas redes sociais, que está no páreo para receber a instalação da cervejaria na cidade. Foi feito o credenciamento e a prefeitura acredita que, se aprovado, trará benefícios econômicos para o município, como geração de empregos e o reconhecimento do potencial de Mariana para a instalação de grandes indústrias. A prefeitura não informou, porém, se houve algum tipo de estudo preliminar que aponte a área para futura instalação da fábrica nem de impactos ambientais e arqueológicos.
VÍDEO
A Prefeitura de Santa Rita do Sapucaí, no Sul de Minas, foi mais uma que entrou na disputa pela fábrica da cervejaria. Além dos contatos feitos com representantes da multinacional, a prefeitura produziu um vídeo e publicou em suas redes sociais para chamar a atenção do grupo. No vídeo, a prefeitura quis mostrar todos os atrativos da cidade para receber a unidade da empresa, citando localização privilegiada, água mineral de qualidade, infraestrutura logística, tecnologia e mão de obra especializada.
Segundo a administração, logo que a cervejaria anunciou sua decisão de alterar o local de instalação de sua nova fábrica em Minas, o município, por meio da Secretaria Municipal de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico, fez contato com dirigentes para se colocar como opção para a multinacional.
“Os contatos diretos oferecendo Santa Rita do Sapucaí aos representantes da cervejaria foram iniciados logo após a divulgação de que a companhia havia desistido de erguer as instalações na cidade de Pedro Leopoldo, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, mas que desejaria manter a unidade em solo mineiro. A proposta foi recebida e a Prefeitura Municipal de Santa Rita do Sapucaí se colocou à disposição da companhia cervejeira para discussão e análise da carta de intenções apresentada.”
Também Frutal, no Triângulo Mineiro, se candidatou . Na quarta-feira, por intermédio do vereador Edivalder Cheiroso (PP), presidente da Câmara de Frutal, o município entrou em contato com a cervejaria e se colocou à disposição, inclusive com sinalização de doação da área para instalação do empreendimento.
“Conversei com o secretário de Desenvolvimento de Minas Gerais, e já sabemos que o prefeito Bruno Augusto também manteve contato com a indústria, colocando o município à disposição para receber a mesma. A prefeitura está disposta a ceder essa área e estamos aguardando o avanço dessa negociação de Frutal com a Heineken”, declarou Cheiroso. Atualmente, o município abriga a Cervejaria Imperial, responsável pela fabricação da linha Império.
*Portal Terra do Mandu
**Estagiária sob supervisão da subeditora Rachel Botelho
Escolha deve ser anunciada no início de 2022
O Grupo Heineken afirmou à reportagem que mantém o compromisso com Minas Gerais e que, em breve, anunciará a localização da nova fábrica no estado. A empresa disse, entretanto, que ainda não há uma definição e que todo o estado está na disputa. O anúncio do novo local deve ser feito no início de 2022.
Consultado pelo Estado de Minas, o governo do estado disse, em nota, que “por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sede), foi informado da decisão do Grupo Heineken de que sua nova cervejaria não será mais construída em Pedro Leopoldo” e reiterou “o compromisso do estado com o desenvolvimento econômico sustentável”. Ainda segundo o texto, a Sede e a Agência de Promoção de Investimento e Comércio Exterior de Minas Gerais, Invest Minas, permanecem apoiando o Grupo Heineken na busca de outra localidade para a construção da unidade da cervejaria. No entanto, ressaltou a nota, “a decisão final é da empresa”.
“A atual gestão do governo Zema mantém o diálogo com todos os setores da sociedade e reforça a missão de gerar emprego e renda para os mineiros, batendo a marca histórica de R$ 189 bilhões em atração de investimentos (período de 2019 a 2021), superando em 26% o total estimado para todo o período de quatro anos de gestão, que era de R$ 150 bilhões”, ressaltou a nota. (MC)