O recesso natalino começou com transtornos aos usuários do transporte público de Belo Horizonte e Região Metropolitana. Pelo segundo dia consecutivo, 19 estações de metrô amanheceram fechadas.
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A emprega doméstica Viviane Pereira chegou à Estação Primeiro de Maio às 8h. A jovem conta que não sabia da greve e está preocupada com o pai, idoso acamado que está sozinho em casa, aguadando a presença dela.
"Saí de um serviço que eu peguei agora de manhã e avisei à irmã, que estava com o meu pai, que ela podia ir embora, pois eu não ia demorar a chegar. Mas cheguei aqui e dei de cara com a estação fechada. Tenho medo demorar muito e o meu pai tentar se levantar da cama e se machucar. Isso já aconteceu", lamenta a moça.
A técnica de enfermagem Lúcia Costa também diz que não tomou conhecimento da greve. Sem metrô, a profissional prevê que chegará com ao menos uma hora de atraso ao trabalho.
"Eu teria que estar no hospital às 9h. Até eu conseguir um ônibus, não vai dar tempo", reclama a usuária.
Entenda a paralisação
O movimento grevista protesta contra a resolução nº 206 do Conselho do Programa de Parcerias de Investimentos, publicada em 13 de dezembro deste ano. A norma veda a transferência de empregados lotados na Superintendência Regional Belo Horizonte (STU-BH) a outras unidades da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), em caso de privatização da estrutura.
A paralisação, da qual participam cerca de 1,6 mil funcionários, foi definida no último domingo (19/12) em assembleia geral na Praça da Estação.
O diretor do Sindicato dos Metroviários de Belo Horizonte (Sindimetro), Romeu José Machado Neto, diz que, apenas ao fim da manhã de quinta-feira (23/12), o sindicato foi notificado da decisão de manutenção da operação mínima. O desacato acarreta em multa diária de R$ 30 mil. Apesar disso, o dirigente não garante que a decisão judicial será respeitada.
A entidade diz que pretende recorrer à Justiça para evitar o pagamento da multa, mas informou que, caso perca a batalha nos tribunais, tem recursos para bancar até três dias de descumprimento da determinação legal. Ou seja: o equivalente a R$ 120 mil.
A privatização
Em setembro, o presidente Jair Bolsonaro (PL) esteve em Belo Horizonte para sancionar o projeto de privatização do metrô. A venda será acompanhada por aporte de R$ 2,8 bilhões para melhorias na estrutura. O governo estadual vai disponibilizar R$ 400 milhões. O edital para concretizar a entrega dos trens à iniciativa privada deverá ser publicado em março de 2022. Atualmente, o metrô liga o Eldorado, em Contagem, a Venda Nova, em BH. A ideia é implantar um segundo itinerário, do Barreiro ao Calafate, na Região Oeste.