Uma forte chuva atingiu Montes Claros, no Norte de Minas, na noite de quinta-feira (13/12) e, além de inundações e danos em várias partes da área urbana, o temporal provocou a morte de um homem na comunidade de Cabeceiras, na zona rural do município, elevando para seis o número de pessoas que perderam a vida devido às tempestades na atual temporada chuvosa em Minas Gerais.
A forte chuva também provocou a inundação em uma igreja católica em Monte Claros, onde ocorria um casamento. Apesar da enchente e dos transtornos para os noivos e convidados, o matrimônio acabou sendo oficializado, com atraso. A inundação da capela durante o casório foi registrada em vídeos que circulam nas redes sociais.
O homem que morreu era motorista de um Fiat Stilo. Ele se afogou ao tentar atravessar uma ponte sobre o Rio Cabeceiras, na comunidade de mesmo nome, em uma estrada de terra na zona rural de Montes Claros. Com as fortes chuvas, o manancial teve o seu nível muito elevado, com a água passando por cima da ponte.
Na tentativa de travessia, o carro foi arrastado pela força da água e caiu dentro do rio. O Corpo de Bombeiros foi chamado mas, quando a equipe chegou ao local, o homem já estava sem vida. O corpo foi resgatado dentro do carro, que ficou parcialmente submerso, a 10 metros da ponte.
Conforme apurou a reportagem do Estado de Minas, o condutor do Fiat Stilo foi identificado como Marcelo Vaz de Melo Silva, de 44 anos. Natural de Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, ele viajou para visitar parentes na região de Mocambo Firme, na zona rural de Montes Claros.
“Fazia mais de 30 anos que eu não via tanta chuva aqui em tão pouco tempo”, afirmou o produtor rural Bruno de Castro Rabelo, proprietário de uma fazenda em Cabeceiras, onde ocorreu a morte do motorista. Ele disse que um pluviômetro da propriedade registrou a queda de 130 milímetros de chuva no lugar, entre a manhã e a noite de quinta-feira. Segundo ele, os temporais provocaram vários aos proprietários rurais da região, onde a força da água chegou arrancar cercas, além de danificar bombas, casas de máquinas e canos de usados na irrigação.
Estragos na cidade
Na área urbana de Montes Claros, segundo o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil Municipal, 10 casas foram inundadas e três pessoas foram resgatadas dentro de veículos, que ficaram submersos e foram arrastados.
Um locais mais atingidos foi o Parque Municipal Sagarana, entre os Bairros Ibituruna e Jardim São Luiz. Com a forte chuva, o canal do Rio Vieiras, onde foi construída a Avenida José Correa Machado (ao lado do parque) transbordou. A Avenida José Correa Machado foi tomada pela enchente, assim como uma rua ao lado do Sagarana, no Bairro Ibiruturna. O estacionamento de um shopping center, na mesma região, também foi inundado.
Outro local invadido pela enchente foi a praça da Rosa Mística, no Bairro Jardim São Luis. A inundação tomou conta do piso da Igreja de Nossa Senhora da Rosa Mística, onde seria realizado um casamento.
Apesar dos transtornos, depois de mais de uma hora de atraso, o matrimônio foi realizado, com o padre, os noivos e convidados ocupando uma parte mais alta, no altar do templo. Dois convidados tiveram os carros arrastados pela força da água.
“O que provocou as inundações foi o grande volume de chuvas registrado em pouco espaço de chuvas. Mas, pouco tempo depois que parou de chover, o volume das enchentes diminuiu”, explicou o major Andrey Márcio Gomes, subcomandante do 7º Batalhão de Bombeiro Militar de Montes Claros.
Chuva correspondeu a 25% do esperado para o mês
De acordo com os registros do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), nas últimas 24 horas, caíram 65,5 milímetros de chuva em Montes Claros. Ruibran dos Reis lembra que o volume registrado em um dia corresponde a mais de 25% da média histórica de chuvas de todo mês de dezembro no município, que é de 210 milímetros. Essa média histórica já foi superada pela densidade pluviométrica ocorrida em Montes Claros nos primeiros 23 dias do mês (214,8 milímetros).
Renan Laughton Milo, professor de Hidrologia do curso de Engenharia Civil da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), afirma a impermeabilidade do solo no município contribuiu para agravar os danos das inundações. “A gente precisa entender que fenômenos naturais acontecem. Estamos numa região de extremos. Na época da seca, as estiagens são muito prolongadas. No período chuvoso, acontecem chuvas muito intensas”, comentou Milo.
Chuva correspondeu a 25% do esperado para o mês
O meteorologista Ruibran dos Reis, do Climatempo, informa que uma frente fria vinda do sul do Brasil, combinada com as altas temperatura e umidade, facilitou a formação dos temporais que não atingiram não somente o Norte do estado, mas também o Leste e o Nordeste de Minas de quinta-feira para esta sexta-feira. As fortes chuvas também causaram inundações em outras cidades, como Governador Valadares e Teófilo Otoni.
De acordo com os registros do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), nas últimas 24 horas, caíram 65,5 milímetros de chuva em Montes Claros. Ruibran dos Reis lembra que o volume registrado em um dia corresponde a mais de 25% da média histórica de chuvas de todo mês de dezembro no município, que é de 210 milímetros. Essa média histórica já foi superada pela densidade pluviométrica ocorrida em Montes Claros nos primeiros 23 dias do mês (214,8 milímetros).
Renan Laughton Milo, professor de Hidrologia do curso de Engenharia Civil da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), afirma a impermeabilidade do solo no município contribuiu para agravar os danos das inundações. “A gente precisa entender que fenômenos naturais acontecem. Estamos numa região de extremos. Na época da seca, as estiagens são muito prolongadas. No período chuvoso, acontecem chuvas muito intensas”, comentou Milo.
Por sua vez, o secretário municipal de Defesa Social de Montes Claros, Anderson Chaves, afirma que o “sistema de drenagem do município funcionou”, o que, segundo ele, impediu que a cidade tivesse maiores problemas diante do temporal.