Belo Horizonte amanheceu sem o ritmo frenético típico da capital. A calmaria ditou o compasso da cidade e surpreendeu, já que o dia 25 de dezembro é marcado, principalmente, pelo burburinho nas praças, parques, espaços ao ar livre, especialmente, com a presença de crianças e pais prontos para curtirem os presentes recebidos do Papai Noel. Tradicionalmente, é o dia de reinventar as brincadeiras com os novos presentes.
Mas seja por causa da ressaca, do fantasma da pandemia, da preguiça num dia em que o Sol brinca de aparecer e desaparecer, ou o apego ao sono e à cama quentinha, muitos belo-horizontinos escolheram ficar em casa, ao menos ao longo da manhã. O movimento pelas ruas da capital era tímido, uma cidade mais parada, previsão que pode mudar no período da tarde, com o vai e vem agitando os espaços ao ar livre da capital. Um despertar sem hora marcada.
Para Laílson José dos Santos, de 63 anos, pipoqueiro há 30 anos e com cinco anos batendo ponto na Praça da Assembleia, no Bairro Santo Agostinho, a falta de movimento surpreendia: "Cheguei as 7h e há muito não via a praçada tão parada, tão devagar, nenhum cliente". Ele contava com mudança de cenário ao longo do dia, a programação era ficar até o fim da tarde.
O carrinho com pipoca salgada, doce, coquinho e amendoim é o ganha-pão de Jaílson: "Com a pipoca saí do aluguel, é o meu sustento e da família, dei condição para meus seis filhos estudarem, uns preferiram só trabalhar, e olha que começou como um quebra-galho, numa época de desemprego. Agora, ainda mais com a pandemia, o cancelamento de eventos como revéillon e carnaval, está bem díficil. E ainda tem a crise, a pipoca é supérflua e a concorrência aumentou. Mas sigo na luta, a espera dos clientes, alguns sempre aparecem".
O carrinho com pipoca salgada, doce, coquinho e amendoim é o ganha-pão de Jaílson: "Com a pipoca saí do aluguel, é o meu sustento e da família, dei condição para meus seis filhos estudarem, uns preferiram só trabalhar, e olha que começou como um quebra-galho, numa época de desemprego. Agora, ainda mais com a pandemia, o cancelamento de eventos como revéillon e carnaval, está bem díficil. E ainda tem a crise, a pipoca é supérflua e a concorrência aumentou. Mas sigo na luta, a espera dos clientes, alguns sempre aparecem".
A vendedora de cocos Maria Carvalho, ao lado do marido, Nem, e do filho Pedro, também estavam à espera de clientes na Praça da Assembleia, ondem trabalham há oito anos. "O dia começou chuvoso, o que espantou as pessoas. Mas tenho certeza de que ao longo do dia vai melhorar, o movimento vai crescer. Adoro trabalhar aqui, é gostoso o ambiente, só família e, ao ar livre, me sinto segura diante da pandemia. Fiquei um ano parada, foi terrível, mas com o avanço da vacinação tudo está melhorando. Esperança sempre", destaca Maria, que de segunda a sexta fica na porta da Assembleia e no fins de semana e feriados se desloca para a praça.
Burburinho
Mas em meio a calmaria, não é que aos poucos foi surgindo um burbunho aqui e outro alí? Entre tantas alegrias que acompanham o Natal, não tem nada mais genuíno e um dos momentos mais esperados do que a surpresa e encantamento das crianças ao receber os presentes e abrir os embrulhos.
Olhinhos curiosos, sorriso largo, um misto de espanto e alegria alimentam uma tradição que faz bem a todos. De posse dos brinquedos, o dia 25 de dezembro é marcado pela interação entre os pequenos e o desejo realizado pelo Papai Noel, pais, avós, tios, irmãos, amigos, madrinhas, enfim, por aqueles que alimentam a criança dentro de si e saem para praças, parques, pistas de caminhada e passeios para desfrutar, cutir, compartilhar e exibir seus brinquedos num universo que é mágico e contagia.
Tem aquele que vai bater uma bolinha com pai, o que vai andar de skate com a mãe, pode ser um passeio com um cachorrinho, o mais novo membro da família, a emoção de andar de bicileta ou se exibir com a boneca mais bonita do mundo ou ainda quem vibra com os aparelhos eletrônicos, jogos, smartphones mergulhados no mundo digital.
Nada como curtir e observar a alegria das crianças e seus presentes de Natal. Emoção também para os adultos. Já para os menores, o Natal implica momentos de magia e fantasia, que devem ser alimentados pelos pais e a família. E é importante que vivam todo esse significado porque, certamente, é uma das recordações mais bonitas que se leva da infância, que fica registrado.
A família Vasconcellos estava completa para aproveitar o dia. Aldrey de Vasconcellos, de 51 anos, engenheiro, com a mulher, Gabriela, de 46, servidora pública federal, e os filhos Benício, de 6, e Horácio, de 4, se divertiam. Horácio à bordo do velotrol e Benício com a bike nova. Benício também levou a bicicleta velhinha, que recebeu uma repaginada e foi repassada para o irmão caçula. Ele se exibia com a bike que acabou de chegar.
A família Vasconcellos estava completa para aproveitar o dia. Aldrey de Vasconcellos, de 51 anos, engenheiro, com a mulher, Gabriela, de 46, servidora pública federal, e os filhos Benício, de 6, e Horácio, de 4, se divertiam. Horácio à bordo do velotrol e Benício com a bike nova. Benício também levou a bicicleta velhinha, que recebeu uma repaginada e foi repassada para o irmão caçula. Ele se exibia com a bike que acabou de chegar.
"Presente otimizado. Estimulamos o reaproveitamento não só de brinquedo, mas roupas, mochila, uniforme. Ensinamos a conservar para que o outro possa usar, até para economizar e o dinheiro ser usado para outro fim", revelou Aldrey sobre o presente duplo de Horácio.
Benício ficou empolgado com a entrevista para mostrar para a avó, que é do Piauí, terra natal da mamãe Gabriela, Teresina. È tradição da família aproveitar o dia 25 de dezembro juntos e com os brinquedos. "Fiz com meus pais e agora com meus filhos. No dia 24, passamos na casa da minha mãe, tem o amigo-oculto, inclusive, com a participação das crianças, que fazem toda a cena, de falar as característas das pessoas e tudo mais. E, quando voltam para casa, o Papai Noel já passou e deixou os presentes que pediram", conta Aldrey.
Aliás, a tradição do Papai Noel é sagrada na família Vasconcellos: "Eles deixam suco e biscoito para o Papai Noel e cenoura para a rena. Enquanto pudermos conservar a fantasia, vamos fazer. É uma forma de criar memória e não só do Natal, mas sempre os levo ao Mercado Central para lanchar, comprar queijo e ver os animais. São lembranças que não se perderão com o tempo", destaca Aldrey.
Vladimir Lopes, de 43 anos, engenheiro, com os filhos Antônio, de 7, e Helena, de 5, também escolheram a Praça da Assembleia para experimentar os brinquedos. O legal desta duplinha é que Helena ganhou um patins para se aventurar ao lado de Antônio com seu skate. O skate já é velho de guerra, os brinquedos novos ele deixou na casa da avó: poke bowl e carrinho de controle remoto. A ideia era curtir ao lado da mana. Os irmãos radicais.
"Os dois gostam muito de esportes, fazem natação e tênis. Skate e patins gastam ainda mais a energia que têm de sobra. Moramos perto da praça e estamos sempre aqui", revela Vladimir que também faz questão de manter a magia do Papai Noel. "O Antônio já está ficando desconfiado, mas vamos adiar o quanto pudermos".
Já Pedro Henrique de Souza e Silva, ao lado da filha Laura Hara Silva, curtiam o primeiro passeio com a bicicleta nova. E ela mostrava agilidade na condução da "magrela".
É isso, pelo visto Jaílson e Maria estão com sorte e a pipoca e água de coco serão os lanches da criançada logo que pararem um pouco para descansar e a fome bater. Promessa de um dia feliz para todos.